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CCA Gracinha e Clarisse ficam | Trabalhadores e famílias protestam contra fechamento de serviços socioassistenciais do Butantã

Nesta quinta feira, 12 de julho, ocorreu um ato em frente à Escola Nossa Senhora das Graças e à Associação Pela Família (ASPF). Associação que tomou a decisão unilateral de fechar 2 serviços socioassistenciais localizados na região do Butantã, o CCA Gracinha e Clarice, com a alegação de falta de verba para a manutenção das atividades.

quinta-feira 12 de agosto de 2021 | Edição do dia

O ato ocorreu para pressionar as direções da ASPF, com as famílias exigindo respostas sobre a decisão unilateral, arbitrária e sem diálogo, do fechamento dos Centros de Convivência, da não reforma de acessibilidade que está prometida há 2 anos, e de outras questões que são detalhadas no manifesto "CCA Gracinha e Clarice ficam!", que reproduziremos abaixo.

Manifesto: CCA Gracinha e Clarisse ficam! Em defesa dos serviços de assistência social!

A Associação Pela Família (ASPF), organização social sem fins lucrativos, mantenedora da Escola Nossa Senhora das Graças, no Itaim Bibi, e que desenvolve ações sociais na cidade de São Paulo há 65 anos, em decisão unilateral, vai fechar os Centros para Crianças e Adolescentes (CCAs) Clarisse Ferraz Wey e Gracinha. Ambos os equipamentos estão localizados na região do Butantã, zona oeste da capital, marcada pela desigualdade urbana e social de seus moradores. O Butantã possui uma população de mais de 450 mil habitantes, distribuída entre mais de 100 favelas e comunidades, que contrastam com condomínios de luxo e bairros com grandes mansões.

Na década de 1980, os centros Clarisse e Gracinha iniciaram seus trabalhos nos territórios do Jd. Jaqueline e do Jd. Monte Kemel, onde estão presentes duas das maiores favelas da zona oeste da capital. Atendem desde então milhares de crianças e adolescentes, impactando diretamente a realidade social das comunidades e do entorno.

Atualmente atendem diretamente a 300 famílias e, na pandemia, o centro Gracinha atendeu a 400 famílias do território e o centro Clarisse a 2000 famílias, totalizando 2400 atendimentos indiretos, o que corresponde a cerca de 12.576 pessoas impactadas. Contando apenas desde março de 2020, foram 12 mil cestas básicas, 5 mil kits de higiene e limpeza e mais de 4.000 kits de materiais pedagógicos distribuídos pelos centros em meio à profunda crise econômica e sanitária que vivemos.

Sabemos que o fechamento de serviços de assistência social tem sido uma prática comum nesta gestão municipal. Somente no território do Butantã, 1500 vagas de CCA’s foram retiradas nos últimos 5 anos, sem nenhuma reposição. Mais recentemente, o Circo Escola na São Remo foi fechado por falta de manutenção que é obrigação da prefeitura realizar. Além disso, outros serviços, por toda a cidade, estão sendo afetados pelo brutal corte de gastos das últimas gestões. Estamos na luta em defesa dos CCAs Gracinha, Clarisse e de uma Política de Assistência efetiva e robusta para a cidade.

Os imóveis em que funcionam os dois centros precisam de obras de acessibilidade que estão orçadas em 1,5 milhão de reais. A organização alegou não ter recursos para realizar estas obras, razão pela qual decidiram encerrar as atividades dos centros. No entanto, a ASPF firmou um compromisso público com o MP empenhando sua palavra, afirmando que não só tinha o interesse em fazer as obras necessárias, como dispunha do recurso, após a venda de outra Escola localizada na Vila Mascote, por 23 milhões de reais. Onde foi parar este recurso?

O Centro Gracinha venceu um edital de parceria com o Consulado do Japão para financiar parte da obra de acessibilidade por meio de uma cadeira que se adapta ao terreno. Mas a ASPF não entregou os documentos necessários para liberar o recurso do Consulado. Por que a instituição perdeu esse apoio financeiro?
A responsabilidade, entretanto, não é só da Associação, mas também da Prefeitura por meio de sua Secretaria de Assistência Social (SMADS). Muitos equipamentos da prefeitura não são acessíveis à população, como o próprio Centro de Referência de Assistência Social, CRAS. A prefeitura exige a adaptação dos imóveis em que estão serviços conveniados, mas não financia essas reformas e nem exige o mesmo procedimento dos equipamentos que são administrados diretamente pelo município de São Paulo. A Assistência Social é Política Pública, é dever do Estado.

Restam ainda muitas perguntas a serem respondidas pela ASPF e pela SMADS: Por que a ASPF não chamou às famílias atendidas nos centros para tratar da suposta crise financeira da instituição? Por que a ASPF se opôs à tentativa dos funcionários de buscar parcerias para a realização das obras? Se a questão é dinheiro, por que a própria instituição não criou alternativas de captação de recursos? A Escola Nossa Senhora das Graças é acessível. Por que as unidades da Ação Social deveriam ser diferentes? Por que a ASPF prefere fechar 300 vagas de toda a Ação Social e conceder 96 bolsas de estudos na Escola do Itaim Bibi? Não tinha outra alternativa além do fechamento? O que acontecerá com os imóveis em que funcionam os CCA’s? Serão vendidos para a especulação imobiliária? O que vai acontecer com os funcionários? Quem vai assumir este trabalho? A ASPF discutiu alternativas com a prefeitura, antes de propor o fechamento? Se a Ação Social não vai mais existir, para que a ASPF vai continuar existindo?

Nesse sentido, nós que subscrevemos este manifesto reivindicamos as seguintes providências da prefeitura e da Associação Pela Família:

  •  Manutenção dos serviços abertos e funcionando até Dezembro de 2021.
  •  Construção de canal de diálogo permanente entre Associados e Famílias e Trabalhadores;
  •  Construção de ponte de transição para que outra instituição assuma os serviços sem nenhuma vaga a MENOS
  •  Incorporação dos trabalhadores na instituição que assumirá os centros como forma de manter o vínculo com Crianças, Adolescentes, Famílias e Território.

    ASSINE O ABAIXO ASSINADO EM DEFESA DOS CCAs DO BUTANTÃ.

    Entidades que já assinam o manifesto:

    1. Rede Emancipa
    2. Vereadora Luana Alves - PSOL
    3. Vereador Donato - PT
    4. FOCA-BT
    5. Rede Oeste contra covid 19
    6. Associação Casa da Cidade - Rádio Madalena
    7. Rede de Proteção e Resistência contra o genocídio
    8. Bancada Feminista - Vereadoras PSOL São Paulo
    9. Coletivo Juntas SP
    10. Coletivo Direito pra quem?
    11. Associação Nacional Reggae
    12. GRES Quilombo
    13. Coletivo O Caminho é pela Quebrada
    14. Diretório Zonal do PT Butantã
    15. Frente de Solidariedade e Luta da ZO
    16. Comitê em defesa do CSEB
    17. SINTUSP - Sindicato dos Trabalhadores da USP
    18. Oficina de Aprendizes- Butantã
    19. Coletivo Digital
    20. Coletivo Juntos!
    21. Instituto Progueto
    22. Associação Espaço Cultural Cachoeiras
    23. Coletivo Plantar Bananeiras
    24. Maria Aparecida Perez - Ex-secretária de educação da cidade de SP
    25. Coletivo Butantã na Luta
    26. Fórum de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de São Mateus
    27. Vereadora Juliana Cardoso - PT
    28. Deputada Federal Samia Bomfim - PSOL
    29. Deputado Federal Ivan Valente - PSOL
    30. Coletivo pelos Direitos das pessoas idosas
    31. Coletivo Plantar Bananeira
    32. Instituto Casa da Cidade
    33. Coletivo pelos Direitos da Pessoa Idosa
    34. FÓRUM DE SAÚDE DOS TRABALHADORES E POPULAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO
    35. Escola de Cidadania Zona Oeste Butanta
    36. Fórum de Sustentabilidade do Butanta
    37. Assoc Projetos Integrados de Desenvolvimento Sustentável PIDS
    38. Fórum Regional de Mulheres da Zona Oeste
    39. Sarau Composição Urbana
    40. Fórum do Hip Hop Butantã
    41. Movimento pela Reabertura do Circo Escola
    42. Deputada Federal Luiza Erundina - PSOL
    43. Núcleo Florestan Fernandes- PSOL Butantã
    44. Sigesp - Sindicato dos Geologos no Estado de São Paulo
    45. Pastoral Fé e Política da Diocese de Campo Limpo
    46. Pastoral da Pessoa com Deficiência da Arquidiocese de São Paulo
    47. Coletivo Paulo Freire/ SP
    48. Comitê de Defesa do Hospital Sorocabana
    49.Carlos Neder - ex-deputado estadual
    50. Cia da Lira
    51. Mulheres na luta
    52.Coletivo de Mulheres e Gênero Impacto Feminista de Mogi das Cruzes
    53. Associação de voluntários integrados no Brasil - Avib
    54. Educadora e mãe de ex-aluno
    55. Rede Butantã de Entidades e Forças Sociais
    56. Associação dos moradores jardim d abril ll
    57. CTP - Coletivo dos Trabalhadores Terceirizados das Políticas Públicas

    Link do Manifesto: Manifesto: CCA Gracinha e Clarisse ficam! Em defesa dos serviços de assistência social!

    Link da live transmitida no ato: https://www.instagram.com/tv/CSevlxJHqkK/?utm_source=ig_web_copy_link




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