Trabalhadores de uma fábrica na Tunísia decidiram se isolar no local de trabalho para dar conta de produzir mais de 50 mil máscaras e outros itens de proteção hospitalar por dia para colaborar no combate ao corona vírus. Uma medida de solidariedade aos doentes e a todos que precisam se proteger, entretanto, é revoltante que sejam os trabalhadores os que tomam este tipo de iniciativa, enquanto empresários e industriais poderosos não movem mínimos esforços.
quarta-feira 1º de abril de 2020 | Edição do dia
CONSOMED/AFP
São 150 trabalhadores, entre os quais a maioria é de mulheres. Eles decidiram que vão ficar isolados na fábrica por um mês porque não conseguiriam manter o ritmo de produção de mais de 50 mil máscaras diárias caso tivessem que ir e voltar para suas casas se expondo ao risco de contrair a doença.
A fábrica costumava ser exportadora de material hospitalar, mas agora vai focar sua produção para abastecer o sistema de saúde nacional. Na Tunísia, país que se localiza no norte da África, são 278 casos confirmados de coronavírus e 8 mortes até agora.
A trabalhadora Khawla Rebhi, que dirige a linha de produção, deu declarações de que sente muita falta de sua família, mas que eles a apoiaram na decisão e que o animo dos colegas de trabalho é uma recompensa pelo sacrifício. "Meu marido e minha filha de 16 anos me apoiaram e me incentivaram a fazer isso", declarou à BBC.
"Se não trabalharmos, nossos médicos não estarão protegidos contra o vírus", disse Hamza Alouini, um dos gerentes da fábrica.
Esse exemplo que se expressa na Tunísia, mas também em outros países em que se ouve muitos relatos de trabalhadores que dizem que trabalhariam com orgulho para ajudar no combate ao corona vírus é muito importante. Diferente de trabalhadores que são obrigados por seus patrões a seguir produzindo itens que em absolutamente nada servem para o enfrentamento da crise, muitos vezes expostos a condições sanitárias que os colocam em risco, estes exemplos demonstram como a classe que tudo produz, quando toma a frente das decisões no seu local de trabalho pode apontar saídas reais. Entretanto, apesar disso, é profundamente chocante que sejam os trabalhadores a escolher sacrificar ver suas famílias e sacrificar outras coisas da vida pra trabalhar o tempo todo, enquanto há milhões de empresas e indústrias que poderiam estar colocando todas as suas ferramentas e máquinas para produzir quantidades abundantes de álcool gel, máscaras, aventais, luvas e inclusive, leitos, respiradores e também testes rápidos.
É preciso ter racionalidade para enfrentar a pandemia, com os Estados garantindo em primeiro lugar testes para todos, para a partir daí sabermos quem precisa ser isolado e quem pode seguir trabalhando, mas não para produzir bens inúteis que só servem pra manutenção dos lucros dos patrões e sim reordenar a produção para que se atenda toda a demanda hospitalar necessária para o enfrentamento da pandemia.
Os trabalhadores são os únicos que realmente podem reorganizar e controlar a produção e a economia em favor da vida de toda a população, porque não têm interesses em enriquecer a custa da morte de milhares, como é o caso dos capitalistas que hoje fazem demagogia dizendo se preocupar com os empregos, mas vêm enriquecendo ao longo dos anos e não estão nem um pouco dispostos a abrir mão de suas fortunas para salvar a vida dos pobres.
Mais que nunca está escancarada a miséria capitalista, mas os trabalhadores vem mostrando disposição e solidariedade de classe com exemplos como esse. É possível um mundo novo onde o lucro não determine quanto vale a vida humana, e esse mundo está nas mãos dos trabalhadores, confiemos em nossas forças!
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Com informações de BBC Brasil
