Nessa semana cerca de 300 trabalhadores da fábrica de móveis Bartira em São Caetano do Sul, foram sumariamente demitidos por telegrama. A fábrica que tem por volta de 1600 trabalhadores está com a produção paralisada desde o dia 1 desse mês.
sexta-feira 12 de outubro de 2018 | Edição do dia
Nessa semana cerca de 300 trabalhadores da fábrica de móveis Bartira em São Caetano do Sul, foram sumariamente demitidos por telegrama. A fábrica que tem por volta de 1600 trabalhadores está com a produção paralisada desde o dia 1 desse mês. A empresa concedeu descanso remunerado aos trabalhadores até o dia 5 de novembro, algo que já era considerado estranho pelos trabalhadores, como afirma um dos demitidos “A empresa deu um descanso remunerado, iríamos receber o salário e o adicional noturno normalmente mas, nesta semana, mandou telegrama para pessoas de vários setores. A produção estava em alta, não notamos queda na demanda” .
O desrespeito com os trabalhadores é alarmante “Tem gente com mais de 20 anos de casa. É uma falta de respeito demitir por telegrama”, pontuou o ex-funcionário. “Fui trabalhar lá (na Móveis Bartira) porque ouvi dizer que era uma boa empresa, que não demitia, mas isso acabou acontecendo.” A conversa entre os trabalhadores antes mesmo da parada na produção era que havia algum tipo de chantagem, pois não havia diminuição na demanda e sim um boato de que a fábrica havia sido vendida e então haveriam algumas "readequações" e até mesmo ameaças de que a fábrica iria para outra cidade.
Um dos maiores acionistas da fábrica, e herdeiro do fundador das Casas Bahia, Samuel Klein havia afirmado alguns meses antes que outras localidades produziam móveis com preços mais competitivos, porem a fábrica em São Caetano tinha vantagens logísticas importantes.
A direção da empresa procurou o sindicato após as demissões para propor um acordo que prevê manutenção do convênio e da cesta básica dos demitidos por três meses, além de justificar as demissões declarando que “em virtude de um processo de ajuste de estoques ao mix de lojas, eficiência operacional logística e de vendas, realizou uma readequação do quadro de colaboradores, eliminando um turno de atividades. Os profissionais desligados estão sendo comunicados pela empresa e serão atendidos por meio de uma central exclusiva, para esclarecimento de dúvidas”.
Os trabalhadores reunidos em assembleia na sede do Sintracon (Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário) nessa quinta-feira 11/10, discutiram a situação, e a indignação pela forma como a patronal esta tratando os trabalhadores. “Eles (a empresa) demitem e querem usar a paralisação como período de aviso prévio. Não é justo”, salientou Edson Bernardes, coordenador do Sintracon. Os trabalhadores encaminharam um documento para a empresa com suas reivindicações, e aguardarão uma resposta até sexta-feira, caso contrario irão acampar na sede da empresa em São Caetano onde está instalada a primeira loja das Casas Bahia.