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CORONAVÍRUS | Telemarketing: o lucro dos capitalistas e o descaso com à saúde dos trabalhadores

sábado 21 de março de 2020 | Edição do dia

O Esquerda Diário segue recebendo centenas de denúncias de todo o país sobre as condições precárias dos trabalhadores de vários setores. Porém, as denúncias dos trabalhadores do setor de telemarketing chamam muito a atenção. Nesta última quinta-feira, 19, fizemos uma live sobre essas denúncias. Os trabalhadores reclamam que não possuem as mínimas condições de higiene nos call centers, falta até papel higiênico nos banheiros muitas vezes, álcool gel então nem se fale. Muitas empresas estão mantendo os trabalhadores sob o mesmo confinamento, se limitando a desligar o ar condicionado em alguns lugares para manter as janelas abertas. No, entanto, compartilham equipamentos que não são higienizados, teclados, mouses etc. Esses mesmos trabalhadores precisam pegar o transporte público para chegar ao trabalho, como denuncia esse trabalhador que preferiu não se identificar:

“Prefiro não me identificar.
Onde trabalho está um caos. Diante da pandemia do COVID-19, a empresa não mantém o local higienizado: Teclados, headset, mouse. A grande rotatividade propicia que o vírus tenha maior chances de se espalhar, pois temos centenas de pessoas a menos de um metrô de distância. Pessoas que utilizam o transporte público todos dias para se locomoverem para o trabalho, do qual o ambiente está sem os devidos cuidados. Diversas vezes o recipiente que deveria conter álcool em gel estava vazio. Existem pessoas de mais de 50 anos trabalhando, grávidas, mães, diversas pessoas que têm medo, que moram com pessoas idosas, e que estão apavoradas com os 30 casos de suspeita e rumores de confirmações.
A teleperformance, especificamente o produto do UOL, o PagSeguro, estão tendo total descaso para com seus funcionários e faltando com a responsabilidade de conter um vírus que assusta o mundo inteiro.”

Enquanto isso o lucro dessas empresas de telemarketing que em grande medida aumentam os lucros dos bancos é astronômico. Como por exemplo a Atento, empresa desse ramo que lucrou 827 milhões de dólares em 2019. Essa situação levou os e as trabalhadoras de telemarketing a se manifestarem ontem em São Paulo paralisando suas atividades. Porém, há relatos de patrões dizendo para que se demitam se não vão trabalhar. São muitos os relatos de assédio e ameaças de demissões.

A política de Bolsonaro e Paulo Guedes estão voltadas para salvar os lucros dos capitalistas dessa crise, aos pobres trabalhadores a ordem é ficar em casa apenas, enquanto o governo não toma medidas pífias para criação de mais leitos e UTIs hospitalares, bem como para a contratação de mais profissionais da saúde. Não há contratações massivas de profissionais da saúde, o governador do Rio Grande do Sul por exemplo anunciou a contratação de apenas 17 profissionais para um estado de 11 milhões de habitantes. Além disso o governo Bolsonaro mantém a lei do teto dos gastos em educação e saúde, que congelou os recursos para os próximos 20 anos. Eles não estão preocupados com as mortes, querem apenas alongar a curva do contágio na esperança de que o sistema de saúde tal e qual ele é não entre em colapso.

É urgente que os trabalhadores de todos os setores se reúnam em seus locais de trabalho e discutam as medidas necessárias que ofereçam uma saída para essa crise sanitária. Os trabalhadores de telemarketing podem ser um grande exemplo para outros setores. Porém, não basta exigir ficar em casa em isolamento, é preciso encontrar os próprios meios para que se produza e se distribua tudo o que for necessário para conter a pandemia. Se a burguesia não dá uma resposta porque o lucro está sempre e a qualquer preço à frente da vida, os trabalhadores tem em suas mãos a saída. No caso do telemarketing por exemplo, os call ceters poderiam ser convertidos em centrais de informações para a população sobre como proceder para se prevenir do contágio. Metalúrgicas administradas pelos trabalhadores poderiam se converter em fábricas de respiradores, outros setores, se controlados pelos próprios trabalhadores, que não visam o lucro, poderiam produzir álcool gel, máscaras, luvas, testes suficientes para todos os que necessitem e muito mais.

O Esquerda Diário segue acompanhando e denunciando o descaso dos patrões com a vida dos trabalhadores e se coloca a disposição para ser um canal de difusão de denúncias e de organização dos trabalhadores para superar a crise criada pelo capitalismo.




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