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CRISE HÍDRICA | Sobre o otimismo da grande mídia sobre a crise da Cantareira

No ano de 2014 o Estado de São Paulo passou por uma grande crise hídrica, que na interpretação da mídia se dava apenas por conta da seca que abateu a represa da Cantareira. Com o índice chegando até 3%, era nítido perceber a falta de água nas escolas e nas casas. Com o retorno das tradicionais chuvas que ocorreram no começo do ano de 2015 e agora em 2016, a grande mídia vem procurando passar uma visão de que o problema já estaria se resolvendo, portanto não é necessário ter maiores preocupação em relação a isso.

sexta-feira 5 de fevereiro de 2016 | 00:00

De fato, a crise hídrica hoje que o estado de São Paulo vive não é a mesma que estava posta em 2014. Porém, ao contrário do que dizia o governador Alckmin, a crise hídrica não é culpa exclusiva de São Pedro, mas sim porque a empresa Sabesp é refém de acionistas que buscam lucros, e o próprio governo não tem nenhuma política séria de investimento para evitar que problemas como a falta da água aconteçam. Não se viu concretamente nenhuma obra do governo no sentido de reverter o problema.

No dia 05/11/2015, conforme anunciou o site G1, a principal obra que o governo está fazendo para responder ao problema estava atrasada com a alegação de que foram culpa das chuvas que ocorreram naquela época. No mesmo site, G1 do dia 04/05/2015, afirmou na época que a obra estava prevista para começar em fevereiro, porém ela começou com três meses de atraso. No dia 08/10/2015 esta principal obra sofreu um embargo pela Secretaria de Meio Ambiente de Ribeirão Pires, por conta das ruas do Bairro de Ouro Fino ficarem alagadas após o início do bombeamento na represa Bilings.

Por sua vez é importante constar que a represa Bilings, uma das responsáveis pelo abastecimento da capital, é conhecida pelo seu alto nível de poluente, pois recebe diariamente 800 toneladas de esgoto e 500 toneladas de lixo. A principal obra que o governo de Geraldo Alckmin do PSDB está propondo deixa milhares de pessoas a mercê de um rio que, de acordo com especialistas, não dá para a população utilizar.

Esta crise hídrica não é culpa da população que “gasta demais lavando calçada e tomando banhos demorados”, mas sim consequência da ganância capitalista que para obter taxa de lucro precisa devorar todo recurso que o meio ambiente oferece. Por trás deste argumento, demonstra-se que quem está pagando pela crise hídrica são os trabalhadores e a população pobre que diariamente vêm a água sendo cortada pelo Estado.

Por sua vez é importante lembrar que o volume morto (extensa porção de água que fica debaixo da Cantareira) só foi recuperado no dia 30/12/2015 e que se somar o volume morto com o volume útil, fica claro perceber que o problema de falta da água que vive o Estado de São Paulo ainda persiste. De acordo com a própria Sabesp, a represa quando chega no volume morto significa que ela está abaixo de 0% de sua capacidade portanto o que leva crer que o problema está muito longe de ser solucionado.

É importante lembrar que esta não é a primeira vez que o estado de São Paulo passa por uma crise hídrica. No ano de 2003 passou por uma crise hídrica em que a própria Cantareira chegou a 1,7%. Após 11 anos o que se viu é o governo do Estado de São Paulo sem nenhum interesse de resolver o problema da água. Para resolver a questão da crise hídrica é necessário estatizar a Sabesp sob o controle dos trabalhadores e da população, pois o governo e os acionistas que tomam conta hoje da empresa não estão preocupados se a população tem água em casa ou não, afinal estes setores querem lucrar com um direito que deveria ser elementar para a população. Só assim poderíamos garantir que crises como as ocorridas em 2003 e 2014 não aconteçam mais.

A grande mídia sabe que se a crise hídrica de 2014 se aprofundasse, num cenário de crise econômica nacional e depois das manifestações de Junho de 2013, seria possível ter um cenário de grandes lutas dos setores populares da sociedade e da classe trabalhadora. Ao mesmo tempo em que era necessário evitar este cenário, a mídia se vê na obrigação de defender os lucros dos grandes capitalistas e por isso aposta todas as fichas para que se tenha bastante chuva para poder amenizar o problema. Enquanto isso, segue sem dar o devido destaque para a falta de manutenção dos canos que levam a água às casa, gerando desperdício, aos atrasos das obras, e aos danos de uma Sabesp na mão de interesses privados.


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