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MERENDEIRAS | Sindicatos e parlamentares da esquerda precisam lutar em defesa das merendeiras do Rio

quinta-feira 15 de abril de 2021 | Edição do dia

As merendeiras das creches e escolas municipais do Rio de Janeiro completaram 4 meses sem receber salário, vítimas do descaso de Crivella e Eduardo Paes e das empresas terceirizadas contratadas para prestar serviço à prefeitura. A situação delas não é exclusiva há diversos outros contratos com centenas ou milhares de trabalhadores de abrigos, da saúde mental, da saúde, interpretes de libras, vigias, todos sem salário. Eduardo Paes diz que não vai pagar os salários, disse ainda “trabalharam porque quiseram”, enquanto as empresas também não pagam, dizem não ter verba, mas não abrem seus livros de contabilidade para mostrar suas receitas.

Este jogo sujo realizado contra trabalhadores terceirizados e no caso das merendeiras, centenas de mulheres, e em sua maioria negras, é fruto dos ataques aos direitos trabalhistas realizados nos últimos anos. A terceirização veio para que governos como Paes, e empresários como das empresas Soluções, PRM, Especialy e outras, terceirizadas, pudessem se eximir de pagar os direitos trabalhistas, em um jogo de “empurra”. São empresas criadas justamente para que a contratante, no caso a prefeitura, não se responsabilize pelo cumprimento das normas trabalhistas com estes funcionários – a prefeitura diz que a responsabilidade é das empresas – e estas empresas, por sua vez, na sua maioria também não cumpre com suas responsabilidades com seus trabalhadores, afirmando que falta pagamento, ou que a contratante não cumpriu o acordo e não repassou o pagamento. No final, é um esquema para ficar justamente neste jogo de empurra aonde quem perde são as trabalhadoras terceirizadas.

Eduardo Paes e as empresas terceirizadas são responsáveis por centenas de mulheres negras que são funcionárias das creches municipais passarem uma situação de aperto extremo, com muitas sendo ameaças de despejo por falta de pagamento de aluguel, com a geladeira vazia já que não recebem ticket alimentação desde dezembro de 2020. Esta conta foi deixada por Crivella, mas Eduardo Paes não reconhece sua própria responsabilidade com essas trabalhadoras. Paes lava as mãos, como fez durante outros 8 anos de mandato anterior à Crivella.

Os sindicatos, ferramentas de organização criadas pelos trabalhadores, devem servir nestes momentos como ferramentas para impor os direitos das trabalhadoras. O SindRefeições, sindicato que representa as merendeiras e cozinheiras escolares, vergonhosamente sequer publicou uma nota que fosse em defesa das merendeiras. É preciso exigir que o sindicato cumpra sua obrigação, colocando toda sua estrutura construída pelos próprios trabalhadores, a serviço de impor que Eduardo Paes e as empresas paguem imediatamente os salários atrasados. Só com a mobilização das trabalhadoras é que é possível arrancar isso de Paes e das empresas. A empresa Soluções, depois pressão da mobilização que as merendeiras fizeram sozinhas, anunciou que vai parcelar o pagamento – uma promessa que tem que ser acompanhada de perto e que não pode servir para desarmar a luta das merendeiras – se assim o é, quer dizer que a mobilização de todas merendeiras, com apoio de outras categorias, pode conquistar muito mais: o pagamento de todas as parcelas imediatamente.

O Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do RJ (SEPE-RJ), que é dirigido por toda a esquerda (maioria do PSOL, mas também PT e PSTU), estão chamados a colocar toda sua estrutura a serviço da luta destas trabalhadoras, que já mostraram garra no mês passado em ato na prefeitura, ato que o SEPE não deu nenhum peso. Sindicatos de trabalhadores como o Sindicato de Comerciários do RJ, dirigido pelo PCdoB, ou o sindicato de professores da rede privada, o Sinpro RJ, dirigido pelo PT, os sindicatos de enfermeiros, técnicos de enfermagem, médicos e outras categorias da saúde também deveriam apoiar a luta destas trabalhadoras com medidas de solidariedade de classe, denunciando a política de Eduardo Paes que significa cortar direitos de funcionários públicos e deixar terceirizados passando fome para juntar recursos para pagar a dívida pública, enriquecendo banqueiros. O Siemaco-RJ, que representa garis e as trabalhadoras da limpeza das mesmas empresas terceirizadas à quais as merendeiras pertencem, deveriam também estar prestando apoio, ao invés de seguir a política patronal pró-Eduardo Paes que tem sido levada adiante pela direção deste sindicato, que não tem feito nada para garantir a vacinação dos garis e das auxiliares de serviços gerais, profissionais que são responsáveis pela limpeza de praticamente todas repartições públicas e hospitais públicos e privados em todo o município.

Parlamentares da esquerda que afirmam estar ao lado dos trabalhadores, como os parlamentares do PSOL, PT e PCdoB, deveriam colocar seus mandatos à serviço da luta destas mulheres e de todos trabalhadores que Paes deixa sem salário, eles são parte do setor mais explorado da classe pela terceirização, e que, além disso, vivem na pele o racismo e o machismo. Vereadores e deputados deveriam colocar seu mandato à serviço da responsabilização de Paes e das empresas terceirizadas, pelo imediato pagamento dos salários das merendeiras. Quem tem fome tem pressa!




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