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JORNADA DE LUTA NA FRANÇA | Seria o começo de um despertar dos trabalhadores precários na França?

Neste 9 de março, a França vive uma jornada de luta contra a reforma trabalhista. Trabalhadores e jovens saem as ruas e com suas assembleias iniciam novos tempos para a luta de classe.

Juan ChingoParis | @JuanChingoFT

quinta-feira 10 de março de 2016 | 01:30

Assembleia massiva estudantil em Paris contra a reforma trabalhista de Hollande. Foto: Revolution Permanente

Na véspera da jornada de protestos do dia 9 de março, o governo muito se preocupa com o desenvolvimento das greves e manifestações estudantis, pelo caráter imprevisível e explosivo dessas ações.
O fantasma do “Contrato do Primeiro Emprego”(CPE) impacta não só o primeiro ministro (Manuel Valls), mas impacta especialmente o presidente francês (Françoise Hollande). Se for acessa a consigna – já repetida diante de várias governos – que diz “Hollande está ferrado, a juventude está nas ruas”, sua última oportunidade de competir com alguma chance nas eleições presidenciais de 2017 será exterminada.

O clima geral do país é propício a uma “confluência” de reivindicações. É por isso que, talvez, a surpresa venha da manifestação dos sindicatos do transporte público, especialmente dos ferroviários, em um clima de tensão que não se via há anos e muito superior ao último movimento de greve em junho de 2014, que poderia ser o outro grande risco para o governo. Como diz um ex-presidente do sindicato estudantil UNEF-IF: “Em 1986 contra o projeto de lei Devaquet e em 1995 contra a reforma das aposentadorias, a manifestação se deu porque desde o começo os ferroviários faziam parte das ações”. Assim, se fazia referencia a dois movimentos sociais que fizeram retroceder os governos de direita em meio ao apogeu da ofensiva neoliberal na França e no mundo.

Embora menos visível, a entrada em cena dos trabalhadores precários é potencialmente mais profunda e perigosa para o regime imperialista francês. O que acontece é que a reforma trabalhista interfere abertamente no cotidiano das pessoas. Dessa maneira, nas fábricas de montagem do grupo Peugeot Critroën são os funcionário contratados que estão incitando os trabalhadores efetivos (com CDI, contrato de duração indeterminada) a uma paralização, para que eles também possam participar das manifestações em diferentes cidades, na quarta-feira (09/03) ou pedindo informação a seus representantes sindicais no caso de ocorrer uma greve.

Muitas mulheres operárias que sofrem brutalmente com o peso do trabalho precário (em CDD, contrato de duração determinada, onde no final do contrato a pessoa é legalmente despedida) estão na vanguarda. Ou nas Assembleias de estudantes, onde o pessoal da limpeza se aproxima dos estudantes e afirmam que irão marchar no dia 9 de março com a juventude, inclusive os que não trabalham nesse dia. A faísca que inflama a cólera desses trabalhadores é a tal lei trabalhista que busca nos deixar de fora, em suas próprias palavras.

Nas redes sociais os depoimentos da companha #onvautmieuxqueca (“valemos mais que isso”) já prediziam a fúria que se acumula contra a precarização do trabalho.

Na página Revolution Permanente pudemos observar essa realidade com os depoimentos sobre as condições de trabalho das caixas de supermercado, trabalhadores e trabalhadoras do McDonalds, operários das vitivinícolas (região produtora de uvas e vinhos), operários do vidro, etc., e seu enorme impacto em nossos leitores.

Esse despertar dos jovens trabalhadores precários é ainda incipiente, mas não insignificante. Se esse setor da classe operária, que sofre as piores condições de trabalho, é posta em ação, a manifestação pode adquirir uma dinâmica inédita e explosiva que supere a onda de movimentos sociais que sacudiram a França desde 1986/1995 até a derrota da contrarreforma das aposentadorias em 2010.

A aposta dos revolucionários está na energia e no espirito combativo da jovem geração do proletariado, que inspira confiança em suas próprias forças e o no que está por vir; uma geração que permita garantir os primeiros triunfos da luta e que estes devolvam as esperanças revolucionárias as importantes figuras da velha geração que vêm acumulando derrotas e retrocessos ano após ano e assim, renovar a combatividade do conjunto dos proletariados.

É por tudo isso que através do Revolution Permanente seguiremos de perto todos os indícios que tenhamos dessa nova geração operária que, ao colocar-se em ação, pode mudar a subjetividade do proletariado e de todos os oprimidos da França.

Tradução do espanhol: Cassius Vinícius

Link original: http://www.laizquierdadiario.com/Comienza-el-despertar-de-los-trabajadores-precarios-en-Francia




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