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Educação | “Sempre fomos esquecidos pelo estado”: confira depoimentos dos agentes escolares de SP em luta

“Estamos aqui lutando pelos nossos direitos porque nós sempre fomos esquecidos pelo Estado”, afirma um dos agentes escolares do estado de São Paulo, que realizaram uma forte paralisação neste dia 18 reivindicando receber o mesmo abono que outros educadores, bem como outros direitos.

terça-feira 19 de outubro de 2021 | Edição do dia

Os Agentes de Organização Escolar do estado de São Paulo fizeram neste dia 18 paralisações exigindo não somente o direito ao abono que o estado está prometendo conceder aos outros educadores, mas também o reconhecimento de sua função como parte essencial da educação e também o reajuste salarial, aumento do V.A., entre outras importantes demandas, como relata a agente Andreia Assunção, de São Roque, em depoimento ao Esquerda Diário: “Não é só pelo abono, é por todas as outras coisas que ao longo de muitos anos vem acontecendo, o nosso não reconhecimento, o nosso salário que é vergonhoso...”

Os abonos ainda estão aguardando aprovação da Alesp, e não suprem todo o déficit da categoria, pois são um "bônus" que somente o quadro de magistério vai receber, diante do fato de que a categoria de educadores no geral vive com salários há anos defasados, sem reajuste e com direitos cada vez mais atacados.

Daniel, da Escola Miguel Arraes, também desabafa: “Estamos aqui lutando pelos nossos direitos porque nós sempre fomos esquecidos pelo Estado”. Outra trabalhadora se indigna com o fato de que os agentes tiveram que trabalhar durante toda a pandemia, sem direito a teletrabalho ou licença remunerada, e mesmo assim são tratados pelo governo com esse descaso: “Durante a pandemia nós éramos funcionários da educação essenciais, estivemos presentes nas escolas todos os dias. Agora, no abono, aí deixamos de ser funcionários da educação essenciais?”.

Sem esses trabalhadores, a vida escolar torna-se impossível, já que são parte fundamental do funcionamento da escola. “Nós ficamos no portão sob sol e chuva, nós fazemos de tudo numa escola, somos psicólogos dos alunos, apartamos as brigas, nós consolamos os alunos quando têm problemas em casa e vêm chorando... Então nada mais justo que nós tenhamos o mesmo direito de um educador, porque afinal de contas também somos educadores”, relata outra agente escolar que trabalha há 8 anos neste posto.

“A gente está lutando não é só pelo abono, o abono foi a gota d’água que transbordou o copo”, relata outra trabalhadora. “A gente quer valorização, nosso salário está defasado há anos, vale refeição de 12 reais, a gente quer ser valorizado, ser reconhecido como povo da educação. A gente também é da educação. A escola não anda sem o agente, sem a merendeira, sem a tia da limpeza…”

O AFUSE, sindicato que representa os agentes (dirigido pela CUT), tentou desmobilizar a categoria, mas os próprios trabalhadores se organizaram por grupos de whats app e mostraram sua força em um forte ato em frente a Secretária de Educação Estadual na capital de São Paulo e também em muitas outras cidades do estado, como relata essa mesma trabalhadora relata: “Nós criamos grupos no whats app, no face, no telegram, chamando todos os agentes para estarem aqui hoje, para fazerem a paralisação nas suas escolas”.

Com o intuito de dividir os educadores, Doria tentou manobrá-los declarando que, caso o PLC 26 seja aprovado - projeto que implementaria a nova reforma administrativa contra os servidores e os serviços públicos - os agentes escolares poderiam receber o abono, pois passariam a integrar o quadro de magistério. Mas os trabalhadores não cairam nessa armadilha, pois mesmo com a aprovação desse projeto, para serem reconhecidos teriam que fazer algum curso de especialisação, como relata Anderson, agente de uma escola no Jardim Peri: “Agora colocaram a PL 26, onde colocam que todo agente escolar terá que fazer a faculdade ou curso técnico pra poder se enquadar e ter uma progressão maior dentro disso, sendo que quando a gente fez o concurso público era só ensino médio.”

Ilda, da norte 1, também comenta essa chantagem absurda do PLC 26: “Só queremos ser valorizados, nós não precisamos fazer uma faculdade para conseguir aumento (...). Agora querem atrelar o nosso aumento a uma PL 26, nós somos obrigados a fazer uma faculdade para ter um aumento. Em nenhum dos cargos maiores do país, governador, prefeito, presidente, ninguém precisa fazer faculdade para ter aumento abusivo que eles têm.”

Veja mais: Respondendo Rossieli, agentes escolares do estado não caem em manobra e rejeitam PLC 26

A professora Marcella Campos da rede estadual de São Paulo e do Esquerda Diario esteve presente no ato em solidariedade aos trabalhadores e exigiu dos sindicatos de professores que apóiem e unifiquem a luta: “Por que até agora a APEOESP não soltou uma linha em apoio a vocês? A gente tem que lutar junto, a gente é uma só categoria: educadores. AFUSE, APEOESP, SINDSEP, todos eles estão agora organizando as nossas categorias em separado, por que isso? (...) A gente é educador. E sabe por que a gente tem que lutar junto? Porque Bolsonaro, Doria, Guedes, congresso, Ricardo Nunes estão todos juntos contra a gente!".

Nós do Esquerda Diário nos solidarizamos com a luta dos agentes e organização escolar e colocamos nossa mídia à disposição desses trabalhadores. É só a força da nossa classe organizada e unificada que pode vencer os ataques dos patrões e governos, e fazer om que sejam os capitalistas que paguem pela crise.




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