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FORA BOLSONARO, MOURÃO E MILITARES | Sem confiança na CPI da Covid! Neste 24J, lutar por Greve Geral contra Bolsonaro e Mourão

Recentemente estamos vendo borbulhar os índices de desaprovação ao governo Bolsonaro, seu envolvimento e de militares na corrupção sanguessuga das vacinas. Não podemos deixar que os atores políticos que se unificam com Bolsonaro para nos atacar, como Renan Calheiros, Randolfe Rodrigues, Omar Aziz, da CPI da Covid, canalizem nosso descontentamento para saídas que não vão fazer com que seja os capitalistas a pagarem pela crise que nós pagamos com desemprego e fome, reformas e privatizações. É necessária uma Greve Geral contra Bolsonaro, Mourão e os ataques, enfrentando também os demais atores do regime político que junto a eles são responsáveis pela situação do país.

segunda-feira 19 de julho de 2021 | Edição do dia

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Já são 542 mil mortes por coronavírus em todo o país, 14,7% de desemprego, 14 milhões de famílias se encontram na miséria. É nesse cenário que avançam na Câmara e no Senado mais ataques, como a Reforma Tributária, Reforma Administrativa, privatização da Eletrobras e privatização dos Correios. Enquanto os ataques passam e a crise dos capitalistas é descarregada nas costas dos trabalhadores e do povo pobre para que os bolsos dos empresários não sejam tocados e seus lucros, garantidos, vemos a CPI da Covid denunciar os casos de corrupção de Bolsonaro e militares em uma demanda básica e emergencial para todos os brasileiros, a vacina.

Diante dos 70% que acreditam que Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade, segundo a Datafolha, se aprofunda os níveis de desgaste do governo também com o avanço de Omar Aziz (PSD) e o conjunto dos senadores da CPI da Covid para cima dos militares, em especial Pazuello, sobre a propina das vacinas, com o objetivo de conectá-los com o presidente nos casos de corrupção e acirrar a disputa para o comando do regime político que se gesta desde o golpe institucional de 2016 com o impeachment de Dilma. Os militares não deixaram de elevar seu tom golpista para se defender, chegando a soltar carta pelo Ministério da Defesa e o chefão da Aeronáutica dizer que não se pode ameaçar homens armados. O fato mais recente é que a CPI apontou que Pazuello estava envolvido na compra da Coronavac com outro fornecedor a preço superfaturado, o que, inclusive, a Sinovac já respondeu que o único produtor da vacina no Brasil é o Instituto Butantan.

Que Bolsonaro e militares, visto que já está vencida a denúncia de que o Exército estava produzindo cloroquina em massa, estão envolvidos não só em casos de corrupção em relação à vacina, mas também nas chamadas “rachadinhas” e que tem os privilégios de suas filhas solteiras garantidos, não é novidade. Não são novidades, assim como a contrapropaganda do uso de máscaras, a negação de negociação de vacinas em certa altura, as denúncias da CPI. Isso porque a CPI da Covid serve mais para aumentar o desgaste do governo para melhor localizar a disputa entre os próprios atores do regime, entre Bolsonaro, militares, Congresso reacionário, STF, para assentar e canalizar o descontentamento popular para as eleições de 2022.

Renan Calheiros, Omar Aziz, Randolfe Rodrigues são representantes da CPI que são parte da responsabilidade de hoje termos Bolsonaro no poder. Fazem parte de partidos - MDB, PSD e Rede, respectivamente - que votaram e apoiaram o golpe institucional de 2016 e todas as medidas de ataques contra nós, como a Reforma da Previdência e a Reforma Trabalhista. Seu papel na CPI é de construir uma crença nos setores populares de que é possível fazer o governo sangrar e encontrar outra alternativa nas eleições do próximo ano. Eles, junto aos deputados da Câmara, enquanto fazem o teatro dessa disputa nas alturas, correm para aprovar novas reformas e privatizações, que vão destruir o funcionalismo público e alastrar a possibilidade de novos Amapás, deixando o conjunto do país no escuro, e no mínimo, fazendo nossas contas de luz estourarem, caríssimas, num contexto em que a população tem apenas um auxílio emergencial insuficiente ou salários de miséria.

Então, não somos e não podemos ser telespectadores da CPI da Covid com esses setores que nos atacam. Estamos demonstrando nas ruas há meses que não queremos aceitar um governo que é mais letal que o vírus, como dizem nossos companheiros na Colômbia. E, por isso, diante da nova manifestação convocada para o dia 24 de Julho, temos que tomar a luta em nossas mãos e nos organizar em cada local de trabalho e estudo, com assembleias de base em que tenhamos direito a voz e voto, para impor uma Greve Geral contra Bolsonaro, Mourão e os ataques. Porque temos que fazer com que sejam os bolsos dos capitalistas a pagar por essa crise que eles mesmos criaram, paralisando nosso trabalho que sustenta seus privilégios.

Para isso, também é preciso exigir que as direções burocráticas, como a CUT e a CTB, centrais sindicais dirigidas pelo PT e pelo PCdoB, assim como a União Nacional dos Estudantes (UNE), convoquem assembleias em todo o país para conformarmos um plano de luta e construir a Greve Geral. Isso porque temos que denunciar também o papel que essas direções cumprem de alimentar uma saída institucional como o impeachment, que Arthur Lira (PP), presidente da Câmara dos Deputados, já disse que não vai fazer, e que propõe colocar um militar racista no poder, general Hamilton Mourão (PRTB), porque querem apaziguar nosso descontentamento com Bolsonaro para canalizá-lo na eleição de Lula em 2022. Lula, que já disse que vai privatizar a Caixa e que perdoa militares e golpistas de 2016.

Fazemos esse chamado também ao conjunto das organizações de esquerda, como PSOL, PSTU, UP e PCB, a dar exemplo em cada local de trabalho e estudo em que fazem parte da gestão de sindicatos e entidades estudantis, convocando assembleias e também construindo de verdade um chamado à Greve Geral. A política do impeachment é uma armadilha, que os fazem ter unidade com setores reacionários de direita, como Kim Kataguiri, Alexandre Frota e Joice Hasselmann, porque eles são nossos inimigos, e porque quanto mais confiarmos em saídas institucionais, mais espaço haverá para medidas como o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL), querendo aprovar a Reforma da Previdência municipal contra os trabalhadores.

Nós precisamos confiar e fortalecer nossas próprias forças, numa unidade entre trabalhadores, estudantes, indígenas, mulheres, negros e LGBTQI+ contra Bolsonaro, Mourão e os ataques. Só a nossa força organizada pode impor uma verdadeira derrota para eles e fazer com a luta de classes esteja nas nossas mãos para que os capitalistas paguem pela crise.

Precisamos lutar por uma Assembleia Constituinte, que seja livre e soberana, ou seja, dissolvendo as velhas instituições que serviram ao golpe institucional. Somente assim enfrentaremos as ameaças dos golpistas de hoje na voz dos militares e de Bolsonaro que ameaçam as poucas liberdades democráticas desse regime. Uma Constituinte assim precisaria ser imposta pela força da mobilização, exigiria a auto-organização das massas para levar adiante suas decisões e abriria espaço para acelerar a experiência com a democracia burguesa e para que a classe trabalhadora assuma a luta por um governo de trabalhadores de ruptura com o capitalismo.

Veja mais: 3 propostas para a classe trabalhadora enfrentar a crise política no Brasil




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