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RACISMO | Seis pessoas são denunciadas pela morte de João Alberto no Carrefour

Hoje, quinta (17), o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) denunciou seis pessoas pela morte de João Alberto, conhecido como Nego Beto, vítima de assassinato racista após ser espancado no supermercado Carrefour Passo D’Areia, em Porto Alegre, na véspera do Dia da Consciência Negra.

sexta-feira 18 de dezembro de 2020 | Edição do dia

Foto: Guilherme Bittar/AFP

A denúncia aponta que essas pessoas responderão por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, asfixia e recurso que impossibilitou a defesa da vítima), segundo o G1. O MP-RS também informou que instaurou três inquéritos civis: danos coletivos, direitos humanos e patrimônio público.

João Alberto foi assassinado por um policial e por um segurança por asfixia, após espancamento. Milena Borges, esposa de João Alberto, foi empurrada e impedida de socorrê-lo por um terceiro funcionário (da empresa de segurança Vector), enquanto ele dizia "Milena, me ajuda". O policial e o segurança foram presos em flagrante e a fiscal que filmou o assassinato, e também impediu Milena de ajudar foi detida temporariamente, dias depois. Mais dois funcionários do Carrefour são denunciados por imobilização de João Alberto.

No dia seguinte ao assassinato, manifestações tomaram as ruas de Porto Alegre e de todo o país por Justiça por João Alberto, no Dia da Consciência Negra. Na capital paulista, manifestantes protestaram na 17ª Marcha da Consciência Negra, no vão do MASP.

A realidade comprova que as práticas do Carrefour é de desprezo pelas vidas dos negros e trabalhadoras, como o caso em que uma unidade foi mantida aberta no Recife com o corpo de um funcionário morto no meio da loja, coberto por guarda-sóis, e para manter seus lucros. No terceiro trimestre de 2020, o Carrefour alcançou lucros históricos, mesmo com aumento dos preços e pandemia, com as vendas do grupo no Brasil atingindo R$18,7 bilhões, um crescimento de 29,9% (26% no critério que exclui do cálculo unidades inauguradas em 2020, em relação ao mesmo período de 2019). Tiveram crescimento de 73,1% no lucro líquido, na comparação com o terceiro trimestre do ano anterior, registrando R$ 757 milhões.

Veja também: Depois do assassinato de João Alberto, Carrefour faz demagogia para silenciar gritos antirracistas

A luta por justiça por João Alberto, num país em que a juventude negra vive espremida entre as balas da polícia, a violência racista e o desemprego, só acontecerá de fato confiando em nossas próprias forças, contra esse sistema de exploração e opressão que é o capitalismo.

Por isso, é necessário confiar na força da fúria demonstrada nas ruas no dia 20, assim como na inspiração da luta negra dos EUA. Até porque é o Judiciário racista e golpista brasileiro que mantém 1/3 da população carcerária, massivamente de negros, do Brasil esperando por julgamento. Somente as forças dos trabalhadores, dos negros, mulheres e LGBTs para enfrentar Bolsonaro, Mourão, e todos os golpistas, que querem um Brasil onde sejam os trabalhadores, negros e mulheres que paguem as contas da crise, poderá impor que nenhuma vida valha menos do que o lucro dos capitalistas. Justiça por João Alberto e todas as vidas negras perdidas nas mãos da polícia e dos racistas!

Confira: Mini Doc "2020: o ano da luta antirracista"




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