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CONTROLE OPERÁRIO | Se o Amazonas agoniza com o descaso capitalista, são os trabalhadores que podem dar a saída

O Amazonas atualmente agoniza em meio à combinação explosiva da falta de oxigênio, leitos de UTI, por um lado e o descaso de Bolsonaro, Pazuello e o desvio de milhares de vacinas por outro. A resposta a esta crise sem precedentes pode estar nas mãos de milhões de trabalhadores em todo o país.

sábado 30 de janeiro de 2021 | Edição do dia

Fonte da imagem: http://www.manaus.am.gov.br

O Amazonas hoje é a crônica mais perversa de uma tragédia anunciada que percorre todas as regiões do país. Depois de ser um dos epicentros da pandemia em meados de 2020, no começo de 2021 a crise voltou ao estado com contornos ainda mais agudos, levando ao colapso o já sucateado sistema de saúde elevando o risco de morte para milhares de pacientes por falta de oxigênio. E como se não bastasse, mesmo em meio ao descaso que levou ao agravamento da crise, ainda houve o escandaloso desvio de milhares de vacinas para amigos e parentes de políticos do estado furarem a fila.

A resposta de Bolsonaro e Pazuello segue sendo o mais absoluto descaso e cinismo com as milhões de vidas que estão sendo atingidas pela crise da pandemia. Por outro lado, do centrão, artífice do golpe institucional, e sua apenas retórica oposição a Bolsonaro que tem arrastado atrás de si até setores da esquerda, tem surgido como resposta figuras como Doria que, mirando em 2022, buscam se alçar como “alternativa sensata” fazendo demagogia com a vacina enquanto é signatário de ataques que são base do colapso da pandemia e da crise de miséria e desemprego no país.

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Por trás dessas variantes do mesmo tema, que se unificam sem pestanejar para atender aos interesses da burguesia nacional e internacional, credores da dívida pública deixando um rastro de catástrofe social, seguem ilesos os verdadeiros donos desses interesses com a cumplicidade silenciosa das maiores centrais sindicais do país como a CUT e a CTB (dirigidas pelo PT e PCdoB), que atuam para neutralizar a força que os trabalhadores poderiam ter no combate efetivo à pandemia.

Por uma verdadeira medida de emergência: o controle da produção pelos trabalhadores

A Ford anuncia sua saída do país deixando as plantas equipadas vazias e a rua cheia de famílias sem emprego. A White Martins, uma das principais fornecedoras de oxigênio “lava suas mãos” dizendo que avisou com antecedência o governo Bolsonaro do desabastecimento em Manaus. A Honda, que tem uma de suas fábricas no olho do furacão, em Manaus, faz demagogia doando cilindros de oxigênio e máscaras, suspendeu a produção mandando trabalhadores para casa. O sistema de saúde que, mesmo público, segue nas mãos de uma minoria privada que inclusive determina segundo seus interesses quem é ou não o grupo prioritário para receber a vacina.

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Esses são apenas alguns exemplos de uma estrutura que, nas mãos dos patrões, servem apenas para garantir seus lucros, ou seja, para estes não importa se a necessidade urgente para a população seja a a produção de respiradores e cilindros de oxigênio, seguirão produzindo motos, autopeças, entre outros, porque no capitalismo a única necessidade que tem vez é a sede de lucros.

Mas se toda essa estrutura estivesse nas mãos dos trabalhadores?

Se diante do fechamento da Ford do Brasil ou das políticas de lay-off em inúmeras fábricas em todo o país, os trabalhadores tomassem as plantas para reconverter a produção das montadoras para produzir insumos hospitalares, respiradores, cilindros de oxigênio, entre outros itens essenciais? E se diante do colapso do SUS e os escandalosos desvios de vacinas, os trabalhadores da saúde tomassem o controle dos hospitais, organizando e coordenando um plano nacional de vacinação em conjunto com medidas de estatização da rede privada de saúde?

Esse sim poderia ser o motor de um verdadeiro combate à pandemia e que colocaria em movimento a gigantesca força dos trabalhadores dos setores essenciais e estratégicos para se enfrentar com o conjunto das mazelas capitalistas.

Longe de ser utopia, essas são as medidas mais concretas para um enfrentamento urgente de toda a crise da pandemia. Utopia é esperar que venha das mãos do governo Bolsonaro, do Doria ou dos artífices do golpe institucional, a resposta que a população precisa nesse momento para não morrer sem oxigênio em um corredor de hospital.




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