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É com grande tristeza que recebemos a notícia de que a funcionária da Universidade de São Paulo e militante histórica da USP, Rosana Bullara, faleceu hoje, dia 10 de març. A provável causa da morte é a covid-19. Rosana foi encontrada já sem vida em sua casa, a poucos dias de completar 64 anos.

quarta-feira 10 de março de 2021 | Edição do dia

Rosana, desde o final dos anos 70, sempre esteve a frente das lutas dos trabalhadores da USP por melhores condições de trabalho e em defesa do caráter público da Universidade. Como não podia deixar de ser, no ultimo ano, mesmo com as maiores privações que a pandemia impunha, Rosana seguia na luta em defesa do Hospital Universitário e envolvida na região do Butantã na luta contra Bolsonaro e por medidas de segurança sanitária para o enfrentamento da pandemia.

Transmitimos com essa nota nosso pesar e solidariedade a todos os familiares, amigos, colegas de trabalho e companheiros de militância. Reproduzimos abaixo a nota publicada pelo Sindicato dos Trabalhadores da USP (SINTUSP), entidade da qual a companheira Rosana foi diretora e jornalista, além de um depoimento de Claudionor Brandão, militante também de longa data da categoria, que participou de inúmeras lutas com Rosana.

"Conheci a Rosana quando comecei a minha militância na ASUSP (Associação dos Servidores da USP), durante a preparação da greve da USP, em 1988. Além de militante, ela também era contratada pra editar o jornal da associação. Mas, só tive oportunidade de conversar com ela, ao final da assembleia de encerramento da greve, no dia 16 de novembro daquele mesmo ano. O assunto da conversa foi o fato que presenciei na véspera, na porta de uma escola do Jardim Arpoador, onde eu, como tantos outros militantes na época, estava fazendo "boca de urna" pras candidaturas do PT à prefeitura de São Paulo, Luiza Erundina e Luiz Eduardo. A Rosana votava nesse colégio, eu não sabia. Quando a vi encostando seu carro bem perto da porta do colégio eu fui em sua direção pra cumprimentá-la, foi aí que um dos PM’s que "faziam a segurança" ali gritou: "Ei, pode tirar esse carro daí e procurar outro lugar pra estacionar... Ou você é aleijada?". Ela de pronto respondeu: "tenho dois braços, duas pernas e um cérebro, então se tem algum aleijado aqui é você que não tem cérebro". O milico partiu pra cima, ela desceu do carro e parou ele com sua muleta encostada no peito do safado, que ficou meio sem ação, porque tudo mundo que estava por ali começou a aplaudir e a gritar uma frase muito ouvida na época: "abaixo a repressão". O PM se afastou. Ela então me perguntou se eu iria ficar por ali, eu disse que sim, e ela: "então vou deixar o carro aberto". Entrou e foi votar. Essa era a companheira Rosana, alguém de quem cuja coragem não se podia duvidar!"




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