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VIOLÊNCIA AUMENTA NO RIO | Rio de Janeiro tem a maior taxa de mortes violentas em 7 anos

segunda-feira 8 de maio de 2017 | Edição do dia

De acordo com dados disponibilizados pelo ISP, Instituto de Segurança Pública, ligado ao governo estadual do Rio de Janeiro, aponta que desde 2009 não é tão elevada a taxa de crimes resultadas em morte violenta, tais como homicídios intencionais, roubos seguido de morte, lesão corporal seguida de morte e homicídios. Em muitos casos, os crimes são cometidos pela polícia, que pratica execuções sumárias e as oculta sob o rótulo dos "autos de resistência", um expediente que permite aos policiais matar livremente e justificar seus assassinatos como "oposição decorrente a intervenção policial".

Somente em 2016, foram 6.248 casos, 37,6 por 100 mil habitantes, o que já era o maior registrado nos últimos sete anos, sendo que 33% dos casos se concentravam somente na Baixada Fluminense.

Se comparado, são 1.582 casos a mais do que no ano de 2012 (alta de 34%), reconhecido como o “melhor” ano da série do ISP, que começa em 1991, e está abaixo dos 8.631 registrados em 1994, “pior” ano da série.

A situação permanece a se agravar neste ano de 2017, que somente no primeiro trimestre do ano, a letalidade violenta aumentou 26% em relação ao mesmo período de 2016, já as mortes causadas em operações policiares subiram 85%, e as vítimas de homicídios dolosos aumentaram 18%.

Exemplos práticos desse cenário seguem espalhados no cotidiano da população periférica, que como o Complexo do Alemão, tenta ser vendido como ícone de uma pacificação que claramente não deu certo, e matou somente na semana passada, quatro pessoas em uma operação policial para a instalação de uma torre blindada, sendo que na quinta-feira, também houve uma morte durante protesto que pedia paz na favela.

O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) pouco busca se pronunciar sobre estes fatos. Em entrevista à rádio CBN, o mesmo diz que as fronteiras do Rio “viraram uma peneira” para a entrada de armamentos, sem se quer pensar a condição de vida da população trabalhadora e da juventude, que vivencia uma repressão sistemática do Estado em suas comunidades. O mesmo apela para o aumento da repressão, pedindo a Michel Temer (PMDB) tropas da Força Nacional para oferecer reforço a repressão de 100 homens, isto é, 0,2% do efetivo da PM.

Estes números apontam a quem serve o massacre feito pelo Estado contra a população residente nas favelas, sobretudo a juventude negra, que, na contramão de ter mínimos direitos sociais garantidos, seja na área da saúde ou educação, como também a garantia de postos de trabalho, tem como resposta o aumento do aparato repressivo do Estado, que tem sido responsável por esse massacre a população.
Especialistas em segurança pública apontam que não é de hoje a tendência do agravamento da situação, e apontam diferentes fatores tem colaborado para essa deterioração das condições de vida da população.

Hoje há 38 UPPs (uma inaugurada em 2008, quatro em 2009, oito em 2010, cinco em 2011, dez em 2012, oito em 2013 e duas em 2014) e um plano de metas para a redução de mortes decorrentes de intervenção policiais que de nada se aplica a realidade apontada por estes novos dados, que são divulgados oficialmente pela Secretaria de Segurança Publica do Estado, mas que certamente são muito a baixo do número real, já que contabilizam apenas dados “oficiais” , deixando de fora casos como de “bala perdida” de policiais ou execuções ilegais feitos por milícias e também por policiais em serviço.

Diante do aumento dos índices de criminalidade no Rio, a secretaria estadual de Segurança apontou como possível influência a crise econômica que atinge o Estado. O secretário de segurança pública do governo de Pezão negou recente entrevista solicitada pela Folha, porém, enfatizou nos últimos dias a “escassez de recursos” dos policiais, afirmando com absurda contradição que as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) contribuíram grande parte para a redução pela metade do crime contra a vida, ainda que todos os dados mostrem exatamente o contrário, de casos que só tendem a aumentar.

Casos emblemáticos como o do pedreiro Amarildo, com sumiço e assassinado de responsabilidade da mesma polícia, que em 2013 também assassinou, Eduardo Jesus, de apenas 10 anos, ou mesmo o caso de Maria Eduarda, de 13 anos morta em sua própria escola, só expressam o quanto dessa justiça e segurança não são pensadas pela perspectiva da população residente dessas regiões, que de nada leva em consideração o dialogo de interesse dos mesmos, muito menos a garantia das condições mínimas de vida dos trabalhadores e da juventude pobre.




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