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Corrida do ouro | Rio Madeira, na Amazônia, é invadido por mais de 600 balsas e dragas de garimpo ilegal

Mais de 600 balsas e dragas usadas por garimpeiros para extração ilegal de ouro atracaram no Rio Madeira, próximo à comunidade de Rosário, no município de Autazes, à 113 km de Manaus, no Estado do Amazonas. As embarcações começaram a chegar ao local há cerca de 15 dias, quando surgiu a informação de que havia ouro na região da comunidade. Esses ataques são legitimados pelo governo Bolsonaro e seu ministro Joaquim Leite.

quarta-feira 24 de novembro de 2021 | Edição do dia

Foto: Bruno Kelly/Reuters - 23/11/2021

Os garimpeiros prometem reação caso sejam abordados por ações de repreensão. Historicamente, o Rio Madeira sempre foi alvo de garimpeiros ilegais em busca de ouro.

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Segundo o jornal Estadão, há um áudio em que um homem identificado como garimpeiro fala em montar um “paredão” de balsas, com pessoas ao redor dos equipamentos, para reagir a qualquer tipo de abordagem para fiscalização. Eles lembram ainda episódios em que invadiram e queimaram unidades do Ibama e do Instituto Chico Mendes (ICMBio), após agentes dos órgãos ambientais destruírem uma de suas balsas.

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Em outubro de 2017, um grupo de garimpeiros ateou fogo em prédios do Ibama e do Instituto Chico Mendes (ICMBio), em Humaitá, na região sul do Amazonas. A ação criminosa ocorreu depois de uma operação do Ibama apreender balsas que eram utilizadas em um garimpo, durante a Operação Ouro Fino. Naquela ocasião, 37 balsas de garimpeiros foram apreendidas.

O avanço dos garimpeiros rumo ao Rio Madeira ocorreu após circular a notícia entre eles de que teriam encontrado grande volume de ouro no local. Em situações comuns, essas balsas se mobilizam de forma independente. Mas, dessa vez, as balsas foram em conjunto.

Para retirar o ouro, essas balsas utilizam longas mangueiras, que são lançadas até o leito do rio. Acionadas por geradores, elas sugam a terra e tudo o que encontram no fundo. O material revolvido é trazido até a balsa e passa por uma esteira, onde é filtrado e devolvido à água. Nesse processo, o ouro fica retido na esteira.

Foto: Bruno Kelly/Reuters - 23/11/2021

Essas operações geram extremo dano ambiental, porque acabam com todo tipo de alimento de centenas de espécies de peixes, comprometem a qualidade da água e geram assoreamento. Por consequência, os mais afetados são os trabalhadores e os povos indígenas.

São centenas de balsas, empurradores, barcos e todo o aparato para extração de ouro no rio. Os equipamentos formam uma vila flutuante em frente à comunidade. A chegada das dragas assustou os moradores da região.

O trecho do Rio Madeira é usado por moradores de Nova Olinda do Norte, Borba e Novo Aripuanã para chegar a Manaus em lanchas. O trajeto é mais curto do que utilizando a estrada BR-319, que é conhecida por estar muito deteriorada.

Segundo o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), é possível que haja outras ilegalidades, como o uso de mão de obra escrava, tráfico, contrabando e problemas com a capitania dos portos.

Foto: Silas Laurentino

Foto: Silas Laurentino

Como falamos, não é a primeira vez que ocorre a presença de garimpeiros com balsas atuando na extração de ouro ao longo do rio Madeira. Em setembro, um grupo se instalou na região da cidade de Humaitá, a 700 km de Manaus.

Como já era de se esperar, o Ministério do Meio Ambiente, Ministério da Justiça, Ministério da Defesa e todo o governo Bolsonaro, assim como seu vice Mourão, até agora mantém silêncio total sobre esse caso absurdo, justamente porque eles também são responsáveis por todo o desmatamento e destruição do meio ambiente, assim como também levam adiante uma política de genocídio contra os povos indígenas. O atual ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, segue levando adiante o “legado” de Ricardo Salles de “passar a boiada”.

Essa é a política entreguista e anti-ambiental do governo Bolsonaro, que segue uma lógica capitalista perversa que promove os latifúndios, os garimpos e o lucro dos patrões enquanto ataca pequenos agricultores e povos tradicionais.




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