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DEMISSÕES | Ricardo Eletro cresce vendas online, demite 3.500 funcionários e pede recuperação judicial

A empresa, que tem longo histórico de sonegação de impostos, fechou suas lojas, demitiu 3.500 funcionários, tem crescimento de vendas online e mesmo assim pede recuperação na justiça.

terça-feira 11 de agosto de 2020 | Edição do dia

A Ricardo Eletro fechou todas as suas lojas físicas e demitiu os funcionários nesta semana. Das mais de 600 lojas que iram fechar, 313 já fecharam definitivamente, e ainda mais 7 irão fechar nesta semana. São cerca de 3.500 funcionários demitidos. A empresa ainda entrou com pedido de recuperação judicial.

Nessa sexta (7), a controladora da varejista, a Máquina de Vendas, entrou com um pedido de recuperação judicial, frente a uma dívida de R$ 4 bilhões. Mas, é sabido que a “falência” decretada no pedido de recuperação é apenas a razão para garantir a demissão de milhares de famílias, enquanto recupera seu negócio com vendas online, e trabalho mais precário.

Segundo reportagem do G1, a empresa teve um enorme crescimento nas vendas digitais, passando de 50 mil visitas diárias para 350 mil, durante a pandemia. E deposita os custos da crise nas costas das milhares de famílias que eles agora querem jogar nas ruas.

A Ricardo Eletro é conhecida sonegadora de impostos e agora declara falência. Em Julho desse ano, o principal ex-acionista, e fundador da empresa, Ricardo Nunes foi preso em SP. Segundo a investigação, a empresa tinha embutido nos preços cerca de R$ 400 milhões em impostos que não teriam sido repassados para o estado de Minas Gerais, em suas lojas da região.

A Ricardo Eletro é devedora em MG de cerca de R$ 400 milhões, e tem dívidas por sonegação de impostos também na Paraíba, Rio de Janeiro e Goiás.

Os trabalhadores da Ricardo Eletro, em assembleia organizada pelo sindicato (que é parte do Sindicato de Comerciantes), votaram a proposta negociada com a empresa, de pagamento dos direitos dos demitidos.

O Sindicato dos trabalhadores da Ricardo Eletro é dirigido pela CTB. Ao invés de batalhar para impedir as demissões, negociaram um acordo com a empresa, e dizem tentar “reduzir os impactos da reforma trabalhista no cotidiano dos trabalhadores do comércio”, ao invés de combatê-los.

É um absurdo que em meio a uma pandemia, os patrões simplesmente larguem milhares de famílias nas ruas, como faz a Ricardo Eletro, e como fazem também diversas outras empresas, como a LATAM, que no início da pandemia demitiu 2000 aeroviários, e agora demite mais 2700 aeronáutas, jogando famílias nas ruas depois de ter lucros recordes em 2019.

A facilidade em demitir desses empresários em meio à crise é parte da liberdade que as MPs de Bolsonaro dão para os patrões. Supostamente criada para impedir as demissões, ela permite uma série de outros ataques, mas não proíbe mandar famílias para a rua.

É preciso impedir e proibir todo o tipo de demissão em meio à pandemia. Afinal a consequência da demissão, além da perda de rendas e de condições de vida de milhares, é deixá-los mais vulneráveis ao próprio vírus também.

É dessa forma que o trabalhador brasileiro se vê esmagado entre a pandemia e a crise sanitária de um lado, e o desemprego, a miséria e a fome do outro.




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