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GREVE PETROBRÁS | Respaldada pelo autoritarismo judiciário, Petrobrás começa a descontar salário de grevistas

quarta-feira 12 de fevereiro de 2020 | Edição do dia

Segundo informações divulgadas pelo jornal Época, baseadas em um documento interno da Petrobrás analisado pela Reuters, a empresa começou a contabilizar o desconto do salário de grevistas a partir do dia 10 de fevereiro. Trata-se de uma grave violação do direito de greve desses trabalhadores, respaldadas pelas decisões autoritárias do TST, sob a figura do reacionário Ives Gandra.

Essa atitude da Petrobrás tenta impedir que os trabalhadores da empresa a defenderem seus empregos e direitos, em uma mobilização que já marca 12 dias de luta e cerca de 100 unidades paralisadas em todo o país. Com o judiciário se alinhando ao governo Bolsonaro no seu interesse de privatizar 8 refinarias e dezenas de terminais, fazem valer o legado autoritário da Lava-Jato e do STF para facilitar a entrega de recursos nacionais aos grandes monopólios imperialistas de petróleo.

O corte de ponto dos trabalhadores se soma a uma série de outras medidas como o bloqueio das contas dos sindicatos, ilegalidade da greve e cobrança de multa de 500 mil aos sindicatos, imposição de trabalho de 90% do efetivo nas unidades, e a possibilidade da empresa contratar temporários “fura greve” para assumir os postos de trabalho.

A Petrobrás afirmou cinicamente que, "ao contrário de informações equivocadas que vêm sendo divulgadas, o desconto independe do julgamento sobre a legalidade da greve". "Como já informamos, o desconto será realizado porque não houve a contraprestação do serviço, ou seja, os empregados não realizaram o trabalho para o qual são contratados", completou.

Em meio a um cenário de desemprego profundo no país, essas medidas da Petrobrás, de Bolsonaro e do TST, buscam garantir que as 1000 demissões com o fechamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados, sendo 600 desses postos terceirizados, ocorram sem que os trabalhadores possam defender a si mesmos e aos interesses de toda a classe trabalhadora brasileira contra a privatização. Querem dizer aos patrões nacionais e imperialistas que poderão demitir a seu bel prazer, enquanto desmontam a empresa.

A vitória da greve seria um freio não somente às demissões, seria não somente um ponto de apoio aos trabalhadores de todo o país para lutar por seus direitos e impedir que essa escalada das instituições desse regime “democrático” decadente se aprofunde.

Como dissemos nesse editorial, para a vitória dessa greve é crucial que seja rompido seu isolamento, primeiro midiático, mas também perante o conjunto da classe trabalhadora. A cada dia que a CUT não coloca toda a força de seus sindicatos, de metalúrgicos, bancários, professores, e tantas outras categorias, e o PT com seus parlamentares em uma campanha nacional para apoiar essa greve, termina por isolar a greve dos petroleiros, facilitando sua derrota e portanto a aplicação dos planos de privatização. Os parlamentares do PSOL com sua grande exposição midiática deveriam ser linha de frente em cercar de apoio a greve e assim contribuir a que a CUT e demais centrais sindicais façam mais que declarações de apoio aos petroleiros em seu Facebook.

Essa escalada autoritária que, não coincidentemente, se contrasta com a crescente mobilização e adesão dos petroleiros que vem ganhando um enorme potencial de atrair variados setores da população em defesa do trabalho e de que toda a riqueza produzida pela Petrobrás esteja a serviço dos trabalhadores brasileiros e não de um pequeno punhado de capitalistas nacionais e sobretudo estrangeiros.

Defendemos por isso que a Petrobras seja 100% estatal e administrada democraticamente por seus trabalhadores com controle popular, única maneira de garantir combustíveis baratos, segurança ambiental e operacional e que estes vastos recursos naturais e nacionais sirvam para os interesses do povo brasileiro




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