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Repercussões da proposta do PTS de conformar um partido unificado com outras organizações de esquerda

quinta-feira 1º de novembro de 2018 | Edição do dia

A jornalista Adriana Meyer destaca, no portal Página /12, que o PTS abriu um período de diálogo com forças “anticapitalistas” e busca acordos programáticos para conformar um partido unificado. Também aponta que o Partido Obrero (PO) celebra a iniciativa, mas assinala algumas diferenças. A seguir transcrevemos o artigo publicado no portal Página/12.

  •  Se juntam no final das contas? – insiste um eleitor de esquerda.
  •  Essa é a ideia, mas não é uma unidade vazia e eleitoreira, mas na verdade a partir de ter acordo em uma estratégia e um plano anticapitalista – responde o dirigente da Frente de Izquierda y de los Trabajadores (FIT).

    A proposta surgiu do Partido de los Trabajadores Socialistas (PTS), partido irmão do MRT na Argentina, um dos principais membros da FIT, durante seu ato no Argentinos Juniors para que as diversas forças políticas que “levantam um programa anticapitalista de independência de classe, operário e socialista”, conformem um partido unificado da esquerda. Já o PO expressa que é “positivo o início de debates rumo à construção de uma forte ferramenta política que possa dar uma resposta revolucionária, operária e socialista frente à crise capitalista, do governo e seu regime político”, e agora se abre uma etapa de reuniões entre as agrupações.

    Autodeterminación y Libertad (AyL), o partido de Luis Zamora, e o Nuevo MAS estão compondo essa discussão, assim como outras organizações que tenham acordos programáticos mais do que ideológicos, ou seja, (que a matriz trotskista não seria excludente). Na mesa nacional da FIT já se decidiram ações em unidade para o dia de votação do Pressuposto no Senado e da visita do G20, assim como a edição de um boletim e a instalação de mesas para expressar a militância em todo o país.

    Em uma carta dirigida às direções do PO e da Izquierda Socialista (IS), “às organizações que reivindicam a esquerda operária e socialista, e aos lutadores e lutadoras da classe trabalhadora, do movimento estudantil e do movimento de mulheres”, Nicolás del Caño trouxe ao público o chamado. “As forças para derrotar o saqueio vem das bases: a enorme maré verde que inundou as ruas pelo direito ao aborto, o movimento estudantil e os trabalhadores que enfrentam o ajuste, como os do Estaleiro Rio Santiago, do Hospital Posadas, da fábrica de Agua Pesada em Neuquén, os mineiros do Rio Turbio, de Télam, entre muitos outros”, expressou o deputado. Del Caño deixou claro quais os limites que a unidade propõe: “Nossa intenção não é um partido em comum entre ‘reformistas e revolucionários’ ou entre os ‘anticapitalistas’ no abstrato, mas sim daqueles que compartilham a estratégia de construir um partido revolucionário da classe trabalhadora”, disse. E agregou que esta “unidade em uma escala superior” que nasce depois de sete anos da criação da FIT porque é “uma necessidade objetiva uma vez que os de cima já declararam a guerra, e o avanço de Bolsonaro no Brasil se mostra como uma dura advertência para os trabalhadores e para o povo argentino de quais saídas as classes dominantes usam para impor seus planos, e, portanto temos que nos preparar para um cenário de maior luta em escala local e regional”. Em nome de PTS, explicou que pretendem criar “um partido que rechace os acordos oportunistas com a centro-esquerda que quer a manutenção do sistema, que conquiste força própria e não pretenda substituir esse objetivo por acordos oportunistas com setores burocráticos, ou seja, um partido no qual possamos debater fraternalmente as diferenças e conquistemos uma disciplina comum na ação para golpear com um só punho na luta de classes”.

    O outro grande participante da FIT, o Partido Obrero, emitiu uma resposta ao PTS a partir de sua direção nacional. Para além de marcar algumas divergências, pôs ênfase em “caracterizar” e “delimitar” o momento político. “A esquerda revolucionária tem a obrigação de se apresentar deste modo para as massas, e oferecer uma alternativa de poder: abaixo a Macri e ao regime corrupto de peronistas e kirchneristas, por uma Constituinte Soberana que assuma o poder político para executar as transformações sociais e políticas à custa do capital”, manifestou a direção. Na sua visão, antes de falar de um “partido unificado” é necessário fortalecer a FIT com um plano de ação e uma alternativa conjunta, que inclua “um Congresso de Bases dos sindicatos e centrais operárias para impulsionar um plano de luta até a greve geral”.

    Para o dirigente histórico do PO, Jorge Altamira, “a esquerda tem um desafio estratégico que consiste em que a FIT desenvolva uma campanha de agitação, organização e recrutamento com a consigna: ‘fora Macri e os governadores’.

    Altamira recordou que o PO “desde sempre propôs o debate político para a criação de um partido unificado, com a apresentação de um programa sobre o qual todos os militantes coloquem suas posições”. No entanto, esclareceu que isso não pode se dar sem uma campanha de agitação da FIT sobre “a grave crise que vivemos, com a participação ativa dos operários, os lutadores e os eleitores da Frente”, e enfatizou que “a polêmica que surgir da conformação desse partido deve ser integrada a essa campanha como contribuição ao desenvolvimento de uma estratégia e não como uma luta de um grupo contra o outro”.

    Adriana Meyer

    Publicado en Página/12, 31/10/2018




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