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ELEIÇÕES CONGRESSO | Renan e Maia são os favoritos para levar adiante a reforma da previdência no Congresso

Favoritos para vencer a disputa pela presidência das suas respectivas casas (Câmara de Deputados e Senado), o deputado Rodrigo Maia (DEM) e o senador Renan Calheiros (MDB) são exímios políticos fisiológicos e mestres na politicagem corrupta tradicional. Por isso e apesar do discurso de “renovação” política do governo Bolsonaro, são os principais cotados pelo governo e pelo capital financeiro a disciplinarem o Congresso para votações centrais, como a da reforma da previdência (com rios de dinheiro correndo de baixo dos panos).

sexta-feira 1º de fevereiro de 2019 | Edição do dia

A disputa, contudo, não está decidida de antemão. Há uma boa dose de incertezas que podem gerar surpresas no resultado das eleições presidenciais do Congresso, e posteriormente. O momento é de aproximação entre o Planalto, Maia e Calheiros. Entretanto, o acordo entre Rodrigo Maia e Bolsonaro foi fechado depois de rusgas entre os dois; Calheiros, que agora se vê na condição de aproximação com Bolsonaro, também lhe era enfrentado. Ou seja, os acordos existentes em relação ao ataque à população podem estar atravessados por ruídos e atritos.

Porém, os congressistas vieram passando os últimos meses discutindo e negociando, com foco em uma única e decisiva pauta: a reforma da previdência. Quem seria capaz de articular os votos necessários para aprovar a “mãe” das reformas, que Temer falhou em pautar, arrebentar com as aposentadorias e fazer brilharem os olhos do capital financeiro, grandes bancos e capitalistas.

Uma pesquisa do XP investimentos revelou a sua aposta em Maia e Renan para vencerem a disputa, conhecendo a sua capacidade de desenrolar montantes milionários de recursos públicos e os mais de 682 cargos (com salários em torno de R$ 20 mil), com o objetivo de ganhar os votos para a Rreforma da previdência. Bolsonaro, que venceu as eleições prometendo acabar com a “velha política”, não podendo arriscar cumprir com o principal objetivo do seu governo (fazer os trabalhadores pagarem com sua aposentadoria a crise no país, privatizar tudo), cedeu abertamente ao apoio a Rodrigo Maia, repetindo os velhos métodos de acordes que vimos tantas vezes no congresso.

Além do apoio de Bolsonaro (prometendo tratar de todas as suas promessas de campanha), Maia conquistou apoio de diversos partidos, incluindo o dito de “esquerda” PCdoB de Manuela D’Ávila, passando também pelo PDT de Ciro Gomes, o PSDB de Aécio, PP, PTB, PSD, PPS, PRB, PR e outros.

Já no Senado, Renan Calheiros se provou “melhor aluno de Sarney” para Paulo Guedes, pela sua capacidade de mudar o discurso e se submeter às alianças mais escusas para atingir objetivos políticos. Dizendo estar em sua versão “liberal”, Renan vinha acenando a Bolsonaro desde o começo do ano e está 100% disposto a tocar a agenda de contrarreformas, em especial a reforma da previdência, para conseguir apoio do governo. Onyx, da Casa Civil, e outro aliados de Bolsonaro, não confiam no senador alagoano, de modo que o apoio a sua candidatura é ainda incerto.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que seu partido deverá apoiar Renan, alegando que ele seria um aliado na luta contra as reformas. Nada mais falso que isso, o PT dedicará seus votos (tão estimados para a sua estratégia de “oposição” parlamentar) para eleger aquele que tem as piores intenções de avançar a Reforma da Previdência e de aliar-se ao governo. A velha conciliação de classes do PT deixa claro que seu discurso de "resistência" aos ataques econômicos é apenas isso, discurso para enganar os trabalhadores.

A verdadeira essência dessa política petista se resume a uma divisão de tarefas entre seus parlamentares e os sindicatos. Os primeiros, por trás dos discursos, vão deixando as reformas de Bolsonaro passar. Quiseram se aliar aos golpistas do MDB, PP e PTB na Câmara – estes que não quiseram – e agora tentam se aliar novamente com oligarcas como Renan Calheiros no Senado, reconstituindo as mesmas alianças que conduziram ao golpe institucional. Já a burocracia sindical da CUT e da CTB (dirigida pelo PCdoD de Manuela), assim como a burocracia estudantil da UNE, atuam dividindo as fileiras dos trabalhadores e freando sua organização de combate, tendo como objetivo comum permitir que Bolsonaro aplique ataques históricos para que o PT, em 2022, retome a administração do capitalismo neoliberal decadente.

O PSOL deveria usar seus cargos parlamentares para impulsionar a luta extra-parlamentar e exigir das centrais um plano de luta sério. Entretanto, sua política é abrir alas a uma "frente ampla para uma Câmara independente" com o PT, e partidos burgueses golpistas como o PSB e a Rede de Marina Silva (que defende ferreamente que Lula siga preso pelo autoritarismo da Lava Jato). Não se pode enfrentar os ajustes separando a atuação no parlamento do impulso à luta de classes extraparlamentar, muito menos com uma frente de partidos junto ao PT e a partidos burgueses.

A única estratégia capaz de frear o avanço da extrema direita, os ajustes do governo e em especial a reforma da previdência é a organização independente da classe trabalhadora, recuperando os sindicatos das mãos dessas burocracias e traçando um plano de lutas que envolva assembleias e comitês de base para que nossa organização seja capaz de mobilizar o conjunto de nossa classe, inclusive aqueles trabalhadores mais precários que são dirigidos pelas máfias sindicais, totalmente atreladas à patronal, que compõem suas siglas junto às centrais golpistas e de direita. Essa mobilização deve construir um programa que ataque os lucros capitalistas, exigindo o não pagamento da dívida pública para que todos tenham aposentadoria, educação, saúde e tantos outros direitos que esse Estado vende ao capital internacional.




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