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COPA DO MUNDO | Remoções forçadas da Copa de 2014 deixaram terrenos ociosos e famílias sem chão

O megaevento além das remoções e das desapropriações forçadas só trouxe desespero e tristeza para as famílias envolvidas, aproximadamente 22 mil famílias no Rio de Janeiro foram removidas entre 2009 e 2015.

quarta-feira 20 de junho de 2018 | Edição do dia

Foto: Destroços de moradias destruídas em remoção misturam-se com moradias na comunidade Metrô-Mangueira / (Daniel Marenco/Folhapress)

Não faz muito tempo que as remoções de favelas ou de comunidades em áreas pobres foram uma parte indispensável do programa político do Estado brasileiro, na ditadura militar (1964-1985), por exemplo, isso se expressou na construção de centenas de moradias populares no subúrbio do Rio de Janeiro (as COHABs), encabeçado pelo Plano Habitacional Integrado da Guanabara. Com um caráter marcadamente classista e racista, a remoção de milhares de famílias à época foi justificada pela necessidade de excluir espacialmente trabalhadores em sub-empregos e/ou “marginais” dos centros urbanos.

O salto histórico proposto não foi à toa, não menos classista e racista as remoções da Copa do mundo de 2014 guardam alguns aspectos em comum com aquelas da década de 1960. Naquela época atendiam aos interesses do capital norte-americano e de empresários brasileiro oriundos do IPES (Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais ligado ao empresariado brasileiro, abertamente golpista). Há 4 anos atrás, a construção de dezenas de estádios e de corredores expressos para ônibus, se por uma lado removeu milhares de famílias de suas respectivas casas, por outro enriqueceu uma burguesia ligado ao ramo da construção civil (como a empresa Odebrecht) e da máfia dos transportes públicos(como a família Barata no Rio de Janeiro envolvida em escândalos de corrupção).

Nesse momento, aproximadamente 22 mil famílias no Rio de Janeiro foram removidas entre 2009 e 2015, com a justificativa de serem realizadas obras de infraestrutura, nunca começadas. São terrenos ociosos onde vivia gente, mas que agora servem nada mais que aos intocáveis lucros especulativos dos capitalistas donos do terreno.

O megaevento além das remoções e das desapropriações forçadas só trouxe desespero e tristeza para as famílias envolvidas, como foi o caso de Jorge dos Santos ex-morador da Vila Recreio 2, desapropriada para a construção do BRT transoeste. Ou como foi o caso de Paula Santo, que foi forçada a deixar o Loteamento São Francisco, em Camaragibe, para a construção da Arena Pernambuco que custou 532 milhões de reais.

Esse é o legado da Copa que o governo federal em conjunto com as cidades-sede tentaram ao máximo esconder, atendendo ao interesse de setores da burguesia que lucraram bilhões com a construção de estádios e de pistas expressas, arrancaram na marra milhares de famílias de suas casas sem que antes essas mesmas fossem consultadas. Assim como foi num passado não muito distante, as remoções e as desapropriações atenderam ao interesse do capital privado em detrimento da vida de milhares de trabalhadores.




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