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REPRESSÃO | Relato de Kevin D’arc, Cinegrafista preso em ação da Brigada Militar na desocupação da Secretaria da fazenda.

No dia 14 de junho, os estudantes do Comitê das escolas independentes (CEI) se reuniu no colégio Júlio de Castilho, no bairro de azenha em Porto Alegre, discutiam sobre uma ação direta para o dia seguinte pela manhã. Quando receberam a noticia sobre o que foi decidido na assembleia, rapidamente se organizaram pela redes sociais e por telefone, convocando diversas escolas para ação.

sexta-feira 17 de junho de 2016 | Edição do dia

Por volta das 6hrs da manhã todos os estudantes se reuniram no saguão, se organizaram em dois grupos que seguiram em caminhos diferentes, segui em um deles gravando toda a ação. por volta da 7:30 da manhã os estudante se organizaram para ingressar ao prédio pela porta lateral, quando o segurança abriu a porta rapidamente os estudantes entraram no prédio aos gritos: “Ocupar, resistir!”. Rapidamente, os estudantes se espalharam pelo prédio estendiam faixas, gritavam palavras de ordem, diversas vezes os seguranças ameaçavam agredir fisicamente os estudantes que ignoravam e continuavam o movimento, câmeras desligadas mas claramente nada foi quebrado e ninguém foi agredido pelos estudantes, todos os funcionários foram informados que poderiam deixar o prédio mas eles se recusaram a sair.

Por volta das 11hrs da manhã, os estudantes perderam o controle do portão lateral tomado pelos seguranças do local, a policia adentrou o prédio rapidamente os estudantes se organizaram no primeiro andar e se mantiveram unidos, tentei deixar o local mas o Cap. Trajano disse que se eu saísse teria que ser revistado e encaminhado ao DP mesmo me apresentando como mídia, receoso em ser preso sozinho voltei ao primeiro andar onde se encontrava os estudantes.

Quando começou a desocupação com uso de força física, estavam presente um advogado, uma conselheira tutelar que assistiram toda a ação, havia também conjuntamente comigo Matheus Chaparini do Jornal Já que escrevia sobre ação, e gravava a ação com um telefone celular. A Brigada começou agarrar os estudantes e arrasta-los pela escada, o teatro sádico da BM continuava, garotas de sendo arrastadas pelo brigadiano com a mão em seus seios, outro enquanto arrastava uma estudante que se protegia com o braços agrediu ela com um “pisão” nas mãos, o Cap. Trajano gracejava com dois sprays de pimenta um em cada mão que jogava contra o rosto dos estudantes que se mantinham sentados com os braços agarrados uns aos outros, ao surgir uma agressão demasiada violenta intervi e disse que parassem que era um abuso, também recebi spray de pimenta que acertou meus olhos e meu equipamento. A maioria dos estudantes foram retirados a força pela BM, em seguida logo atrás seguiam eu e o Matheus Chaparini, que teve seu celular pego por um policial mascarado e sem identificação mas recuperou o aparelho logo em seguida. Eu e Chaparini, nos identificamos novamente como mídia, já feito anteriormente rebemos dizeres como: “Ta junto, vai junto” “Na DP vocês se identificam”.

Seguimos em um micro-ônibus da Brigada Militar fomos ao DECA, fomos separados onde nossos documentos foram anotados e encaminhado do 3 DPPA, onde fomos informado que respondiam por cerca de 6 crimes, dano ao patrimônio publico, associação criminosa, resistência a prisão, esbulho possessório e corrupção de menores, seguimos em uma sala de contenção onde ficamos até seguir para um vexaminosa revista em que tiramos toda nossas roupas e agachamos nus enquanto um policial assistia, fomos encaminhado então ao Palácio da policia onde fizemos corpo de delito, e tentávamos conversar com as pessoas mas sempre éramos independidos por policiais, retornamos ao DPPA onde um um policial informou que seriamos algemados e levados ao Central, e assim foi feito, fomos algemados uns aos outro, encaminhados ao um carro que mais parecia um caixote, fedia a urina, não tínhamos espaço nem para nossos corpos, não tinha luz e o ar não entrava direito. Primeiro deixaram as mulheres em um presidio feminino depois seguiram ao presidio Central.

Ao chegar no Central fomos recebido por uma guarda que portava um faca que amolava sobre as parede diversas sem nenhum motivo aparente, o mesmo guarda nos guiou para uma sala pra mais uma revista vexatória, apressava para que a tirássemos nossa roupas rapidamente enquanto amolava a faca na parede, e destruía nossas roupas com ela, fomos obrigados a ficar de frente ao uma parede onde ouvíamos gritos perturbadores dos demais presos sobre estupros, violência, ameaças e intimidações. seguíamos a uma pequena cela onde havia dois idosos aparente estavam ali por estupro ou assédio sexual, confesso que ali meu psicológico começou a se abalar, uma sala pequena, fria, úmida no frio de Porto Alegre, fedia a fezes e a urina, os gritos dos demais presos eram bem perturbador, diversas vezes os guardas diziam que iriamos as galerias (onde fica os presos comuns).

Cerca da 23hrs fomos levados para uma cela maior fedia menos, recebemos comida (banana, maça e leite), algumas espumas para deitar e cobertores. Confesso que mesmo com uma melhora no conforto não conseguia dormir tenho problemas de crises ansiosas e o ambiente não era nada favorável, uma enfermeira nos fez algumas perguntas uma delas se eu estava doente, disse que estava gripado, ela riu e disse: “Todo mundo está gripado”. bem abalado pelos acontecimentos sentei sobre a espuma e me cobri com uma das cobertas e observei o movimento da penitenciaria, quando um guarda se aproximou e disse que saiu minha liberdade, foi um ótimo suspiro de alivio após cerca de 40 min, fomos aos portões depois da alguns tramites burocráticos finalmente estávamos “livres” (liberdade provisória), algumas pessoas me abraçavam, muito falavam meu nome, não conseguia identificar ninguém mas fui levado até a casa de um amigo onde passei a noite, fui informado pelos advogados que poderia voltar pra casa.

Esse foi com certeza um dos piores dias da minha vida, mas agradeço o apoio de todos que me ajudaram muito e rechaço muito jornalista da mídia burguesa que em seu Twitter, citou que um jovem da mídia foi preso e debochou de meu trabalho questionando a imparcialidade, digo a ele que meu lado SEMPRE será dos trabalhadores e dos estudantes, e que a sua parcialidade burguesia, e o pensamento reacionário não me representa.

Estou junto na luta pela liberdade de todos os presos e pela liberdade de imprensa, pela liberdade minha e de Matheus Chaparini que fomos presos arbitrariamente por que relatávamos o fato de dentro do prédio, onde a Brigada militar agrediu covardemente estudantes, garotas e mídias.




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