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UFRGS | Reitoria da UFRGS faz chantagem cortando bolsas para aprovar ERE racista e excludente

Nas vésperas da votação para a aplicação do Ensino Remoto Emergencial (ERE) na UFRGS, a Pró Reitoria de Graduação (PROGRAD) soltou em nota oficial o anúncio uma medida totalmente chantagista que diz que os alunos só terão suas bolsas de monitoria renovadas caso o Ensino Remoto Emergencial entre em vigor na universidade. O único proposito dessa medida é chantagear os alunos para que se coloquem a favor dessa metodologia de ensino totalmente excludente e racista.

sexta-feira 24 de julho de 2020 | Edição do dia

Os ataques do governo federal a educação são um dos principais planos do governo Bolsonaro para assim abrir espaço para a privatização do ensino. A reitoria da UFRGS mesmo não sendo bolsonarista e rechançando ,no discurso, o governo Bolsonaro, na prática tenta de tudo para aplicar o tão sonhado projeto EAD nas universidades federal.

A UFRGS é clamada internacionalmente como uma universidade de excelência em ensino, mas isso não é uma realidade para estudantes mais pobres. Os estudantes mais desfavorecidos são sempre mais atacados e esta coloca toda sua excelência a disposição de criar modos de exclusão de estudantes pobres, pretos e indígenas, e nas vésperas da votação para o ERE , votação da qual foi adiada, ela se utilizou de chantagens abertas para que estudantes vinculados a bolsas se coloquem a favor do EAD para não terem suas bolsas de monitorias cortadas e que sejam favoráveis ao Ensino Remoto Emergencial (ERE), modalidade que vem gerando evasão e cancelamento de matrículas de estudantes pobres e pretos na maioria das universidade em que está sendo aplicada.

Em nota oficial a Pró Reitoria de Graduação (PROGRAD) soltou em seu site a seguinte declaração:

"Na expectativa da implementação do Ensino Remoto Emergencial (ERE) antes da data 15/07/2020, havia uma possibilidade de extensão das bolsas cadastradas do semestre 2020/1, o que não se efetivou visto que o ERE ainda não foi implementado e está em tramitação no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão.

A partir da aprovação do ERE pelo CEPE, será feito um novo calendário do
Programa de Monitoria para disciplinas que ocorrerão em ERE, que será divulgado aos Departamentos e Comissões de Graduação (COMGRAD’s)".

Claramente uma chantagem aberta para colocar parte da comunidade acadêmica a favor da aplicação do ERE. Grande parte dessa comunidade composta por estudantes de baixa renda dependentes do valor das bolsas, que é escandalosamente muito pequeno, mas mesmo assim necessário para que muitos estudantes possam sobreviver dentro e fora da universidade.

Na contrapartida existem outros setores de estudantes que não tem acesso a bolsas, internet e quaisquer tipos de modos de continuarem estudando, tanto por condições físicas e tecnológicas de acesso quando por condições psicológicas.

No meio do cenário mais caótico que nossa geração pode presenciar, com a pandemia do COVID-19, a maior crise do capitalismo desde a crise de 1929, o aumento exponencial da violência policial e do desemprego e o extermínio da população negra pelas mãos do estado, a UFRGS tenta voltar suas atividades e forçar uma normalidade com a volta das aulas mesmo que para isso precise excluir centenas de estudantes pretos e pobres das suas respectivas vagas mantendo apenas os estudantes com mais condições financeiras para acesso a internet e computadores.

A mais de três anos os esforços não são medidos para excluir alunos de baixa renda pois nesse tempo a universidade aplica indeferimentos em estudantes mais pobres, indígenas e pretos exigindo diversos tipos de comprovações ou simplesmente desligando o vínculo dos alunos sem prévio aviso, sendo que mesmo com a pandemia esse processo não parou de acontecer um momento sequer.

A universidade federal poderia estar cumprindo um papel fundamental no combate ao COVID-19, destinando seus recursos e seu espaço para os estudantes produzirem conhecimento para combater a pandemia tornando todo seu conhecimento público e útil a população e não majoritariamente útil ao grande empresariado que detém a maioria das patentes das pesquisas desenvolvidas pela universidade.

O rechaço ao ERE é essencial para não cedermos a esse grande ataque do governo federal, e para que os estudantes tenham espaço para pensar uma saída para essa situação, ao mesmo tempo precisamos questionar esse modelo de universidade e lutarmos por uma universidade que esteja sob os interesses dos estudantes, funcionários e professores produzindo conhecimento para a população.

Isso só é possível com uma universidade amplamente democrática tanto no acesso ao ensino quanto no controle das decisões. Por isso lutar pelo fim do vestibular é uma demanda essencial para que todos os estudantes tenham acesso ao ensino e também pelo o fim da reitoria e da burocracia acadêmica para que funcionários, estudantes e professores tomem o controle e os rumos da universidade conforme seus interesses e os da classe trabalhadora.




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