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CRISE DO BREXIT | Reino Unido: milhares saem às ruas gritando “Pare o golpe!”

Dezenas de milhares de manifestantes saíram às ruas para se opor à medida do primeiro ministro britânico, Boris Johnson, de estender o recesso do Parlamento para frustrar as tentativas dos deputados que querem evitar uma ruptura abrupta com a União Europeia.

Alejandra RíosLondres | @ale_jericho

segunda-feira 2 de setembro de 2019 | Edição do dia

"Se fecham o Parlamento, fechamos as ruas”. Os protestos começaram a ser organizados na quarta dia 28 de agosto, no mesmo dia que foi anunciada a suspensão do Parlamento por quase um mês, até 14 de outubro, dia em que a Rainha dará seu discurso de abertura diante do novo período de sessões da Câmara Baixa. O movimento Momentum (que apoia o líder trabalhista Jeremy Corbyn), redes de estudantes ao redor da emergência climática, sindicatos, centros estudantis, o coletivo “Outra Europa é possível”, campanhas contra os cortes, pelos direitos dos imigrantes e refugiados, entre outros, se somaram às dezenas de protestos convocados em mais de 80 cidades do país levando a consigna #StopTheCoup (Pare o golpe).

A coordenadora nacional do Momentum, Laura Parker, pediu a seus seguidores no Twitter que “protestassem, ocupassem, bloqueassem”. “O milionário Johnson, educado em Eton (um colégio para os privilegiados), está roubando nossa democracia para poder vender nosso sistema de saúde às grandes corporações norte americanas. É um golpe do establishment, de uma pequena e privilegiada elite que vem desgastando a nossa democracia por anos”, acrescentou Parker. “O poder real não reside na rainha ou no parlamento. Ele está nas nossas mãos, do povo, e é por isso que temos que passar à ação”, continua sua declaração.

Através de mensagens, twittes, emails, grupos de whatsapp de amigos, companheiros de trabalho, listas sindicais, redes de grupos de discussão, regionais do partido trabalhista e do grupo MOmentum, etc se amplificou a convocatória que chama a ocupar o Parlamento e bloquear as ruas.

Carregando cartazes escritos "vamos defender a democracia" enquanto cantavam "Pare o golpe", dezenas de milhares de manifestantes se organizaram nas cidades de Glasgow (Escócia), Leeds, Liverpool, Londres, Manchester, Newcastle, Nottingham, Oxford, Sheffield e York, que serão seguidas por outra manifestação em Londres, no dia 3 de setembro, dia em que o parlamento será reconvocado após o recesso de verão.

Uma petição online em oposição a Johnson recolheu quase 1,5 milhão de assinaturas em menos de 24 horas desde que o primeiro-ministro britânico anunciou sua decisão de suspender o parlamento. Esta manobra política visa desarmar aqueles que se opõem a uma saída da UE sem nenhum tipo de acordo (em inglês, hard brexit).

Em distintos chamados publicados nas redes sociais, a população é convocada a ocupar as cidades, fechar pontes e bloquear as ruas como parte de uma ação de desobediência social contra a aposta de Johnson.

Cartazes com mensagens "Fora Johnson", "Vamos resistir ao fechamento do Parlamento" e "Pare o golpe” se tornaram uma imagem integral da paisagem ao redor do Palácio de Westminster. Alguns sentaram-se no chão bloqueando o tráfego de ônibus enquanto cantavam "Se fecham o parlamento, fechamos as ruas".

A situação aberta diante das incertezas do Brexit tornou-se uma preocupação com a perspectiva cada vez mais próxima de uma saída da UE sem acordo. Se o Reino Unido sair da UE sem nenhum tipo de acordo comercial, as regras de comércio da Organização Mundial do Comércio (OMC) entrarão em vigor, o que mudaria as regras do jogo. A crise do Brexit, que até certo ponto estava contida, deu um grande salto após o anúncio de Johnson, que abriu uma crise constitucional sem precedentes.




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