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DEMISSÕES NO ABC | Região do ABC fechou 5.570 postos de trabalhos na indústria este ano, chega a hora dos trabalhadores entrarem em cena

Thiagão Barrosmorador de Mauá, no ABC paulista

terça-feira 26 de maio de 2015 | 00:01

A Região do ABC fechou 3.838 vagas em abril segundo os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). O setor mais golpeado foi a indústria, com 2.139 vagas fechadas. Já o saldo negativo este ano para a região é de 9.065 no geral e 5.570 na indústria, sendo que no acumulado dos últimos 12 meses foram fechados 16.709 postos de trabalhos no setor, de 21.297 vagas fechadas no total. As sete cidades contam com quase 13 mil funcionários afastados.

Os dados de 2014 já anunciavam que este ano seria difícil na região do ABC: foram fechados 13 mil postos de trabalho na indústria e o PIB (Produto Interno Bruto) da região vem caindo nos últimos quatro anos, fechando 2014 em -5,09%, valor superado apenas no ano da crise de 2009, quando a região fechou com o PIB em -7,07%, ao que as montadoras Geral Motors e Mercedes responderam colocando por volta de 2.000 mil trabalhadores em lay-off (suspensão de contrato) em 2014.

Em 2015 os números são alarmantes: os licenciamentos de veículos no pais foram 17,79% menores nos primeiros quatro meses do ano em comparação ao mesmo período em 2014. O setor da produção mais atingido foi o de caminhões, com -39,02% de unidades fabricadas. Como resultado da falta de vendas, a produção no quadrimestre ficou 17,5% menor em relação a 2014, com destaque para o setor de caminhões, que teve a produção reduzida quase pela metade, com -45,24%.

A crise nas montadoras atinge diretamente as autopeças. O setor teve queda de vendas nominais de 21,9% para montadoras no primeiro trimestre de 2015 comparado ao mesmo período de 2014. O seguimento vem em queda de faturamento liquido desde junho de 2014, com -2,9%, e registra em março de 2015 um negativo de 16,2%. No número de empregos a queda continua desde abril de 2014 com -0,49% e registra em março de 2015 o valor de -10,89%.

A crise na indústria automobilística nacional atinge em cheio a região do ABC, que concentra a maioria das montadoras do país. Ao contrário de 2008, quando o governo petista lançou incentivos fiscais para reaquecer a produção, hoje aprova os ajustes fiscais e avança na precarização do trabalho e flexibilização das leis trabalhista. Os sindicatos mostram-se totalmente imóveis diante das demissões e defendem os lay-offs e o PPE (Plano de Proteção ao Emprego) como saídas, embora os números mostrem que os fechamentos de postos de trabalho vêm aumentando. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que compõe a CUT, realizou o seu congresso no dia 16 de maio, mas este não serviu para preparar os trabalhadores para as lutas que estão vir. As pautas do congresso não tocaram em questões como quedas na produção, demissões e ataques do governo petista como o ajuste fiscal.

As eleições do ano passado já mostraram a insatisfação dos trabalhadores da região com o governo petista, que perdeu a disputa presidencial em cinco das seis cidades da região. A confiança dos trabalhadores em relação aos sindicatos também começa a ser questionada nos locais de trabalho na medida em que a situação se agrava e as saídas apresentadas não resolvem o problema. Os sindicatos que muitas vezes assediam os trabalhadores em salas fechadas para aderirem ao Programa de Demissão Voluntária (PDV) deveriam neste momento defender os trabalhadores, dividindo as horas de trabalho restante entre todos os sem redução de salário. Ano após ano o patrão, dono da fábrica, lucra com o suor do trabalhador e neste momento descarrega a crise nas costas dos trabalhadores.

Dois exemplos recentes mostram o caminho que os trabalhadores devem seguir para lutar contra as demissões: o primeiro é como fizeram os trabalhadores da Volkswagen no início do ano, rejeitando a proposta de acordo coletivo negociada pelo sindicato e a empresa que previa redução de alguns benefícios sociais, reajuste salarial e da PLR (Participação de Lucros ou Resultados) e entraram em greve contra a demissão de 800 companheiros de trabalho, fazendo a empresa recuar. O segundo é a greve dos trabalhadores da USP, que enfrentaram uma dura batalha que durou mais de 100 dias e saiu vitoriosa, e que não poderia ter sido feita sem um sindicato combativo como o Sintusp, que organizou a base dos trabalhadores e dissolveu sua direção, que se subordinou ao comando de greve dirigido por representantes dos setores votados. Apenas seguindo este norte os trabalhadores podem encampar uma luta contra as demissões, o aumento do custo de vida e os ataques do governo.




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