Sem reparar os danos pelos seus crimes, Vale tem lucro recorde devido à retomada das atividades em Brumadinho e à alta internacional do minério. Só o que lucrou nos três primeiros meses de 2021 quase quita o valor do acordo de reparação com Zema.
terça-feira 27 de abril de 2021 | Edição do dia
Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress
Graças à alta do preço do minério no mercado internacional e à política ambiental de Bolsonaro e Zema, a assassina mineradora Vale teve o lucro trimestral da sua história. Nos três primeiros meses de 2021 lucrou R$30,5 bilhões. O valor quase quita os gastos que terá com o acordo firmado com o Estado de Minas Gerais, a Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais e os Ministérios Públicos Federal e do Estado de Minas Gerais pela suposta reparação pelos seus crimes.
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O presidente da companhia, Eduardo Bartolomeo disse: “Estou confiante de que nossos resultados financeiros positivos refletem nossa consistência no cumprimento de nossas promessas do de-risking [redução dos riscos] da Vale". A realidade é que o lucro só foi possível porque, contra a vontade dos atingidos sobreviventes, a Vale retomou as atividades em Brumadinho sem reparar seus crimes, submetendo a população já castigada a novos riscos.
Também permitiu um maior lucro a maior produtividade graças à retomada gradual das operações paradas nos complexos Timbopeba, Fábrica e Vargem Grande, e ao melhor desempenho de suas operações no Pará. Além do que, com a alta do preço do minério no mercado internacional, sua produção foi vendida a cerca de R$845 por tonelada, em média, o que representa um valor 19% acima do quarto trimestre de 2020. A empresa também aumentou as vendas a terceiros.
Esse lucro mostra que o valor de R$37 bilhões, referente ao acordo firmado sob a falta do poder de opinião e decisão pelos atingidos e seus representantes políticos e legais, é irrisório para a empresa, que já anunciou o pagamento de R$34 bilhões aos seus acionistas ao mesmo tempo que só R$8 bilhões deste acordo será pago aos cofres públicos em 2021.
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