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Ataque contra os trabalhadores | Raquel Lyra se reúne com deputados para passar reforma administrativa no estado

Na última quarta (16), Raquel Lyra (PSDB), governadora eleita de Pernambuco junto da vice-governadora Priscila Krause (Cidadania), se reuniu com 56 deputados, o presidente da Alepe Eriberto Medeiros (PSB) e a senadora eleita, Teresa Leitão (PT).

Renato ShakurEstudante de ciências sociais da UFPE e doutorando em história da UFF

sábado 19 de novembro de 2022 | Edição do dia

Foto: Janaina Pepeu

O objetivo do encontro de Raquel com os deputados e deputadas da Alepe tem um único objetivo, que é conseguir uma maioria para passar a reforma administrativa no estado já que seu partido e sua base aliada sozinhos não conseguiriam obter nem a maioria simples (23 deputados), muito menos 2/3 da câmara estadual.

Com um discurso de “defesa da democracia” e não “enxergar as cores partidárias”, Raquel Lyra fala em nome da “união de Pernambuco”, mas não fala abertamente seu verdadeiro sentido que é atacar os trabalhadores.

Não demorou muito para a direitista Raquel Lyra e Priscila Krause colocarem as mangas de fora e anunciarem uma reforma que abre a possibilidade de diminuir secretarias, precarização de contratos, demissões, etc. Além de uma “revisão orçamentária” que na prática pode significar cortes no orçamento do estado.

Raquel Lyra, tenta capitalizar politicamente sua localização de suposta “neutralidade”, sem apoiar abertamente Lula-Alckmin ou Bolsonaro, a seu favor, tentando se aproximar dos setores que apoiaram a frente ampla no estado para passar ataques de seu governo que precisam do aval da Alepe. O que ela tenta fazer no estado é justamente um acordo estadual com a direita e as oligarquias regionais que prevê certamente um “toma lá dá cá" estadual que garanta certo nível de governabilidade e estabilidade para passar ataques ao mesmo tempo em que isola a base bolsonarista mais radicalizada.

Mas ela fala demagogicamente na defesa da democracia, tentando esconder que parte considerável de seus votos vieram da base bolsonarista em Pernambuco. Não à toa, se mostra aberta em dialogar com setores da oligarquia regional, mas também com políticos reacionários como a delegada Gleide ngelo e o ex-comissário da polícia Eriberto Medeiros. Além disso, voltou a estender a mão para seu antigo “rival” PSB que tem nada mais nada menos que 14 cadeiras na Alepe e que achou “positiva” a atitude da governadora.

Raquel não apenas acena para esses setores reacionários e das oligarquias tradicionais do estado, mas também acena para a bancada do PT em Pernambuco que tem 3 deputados (com a coligação Brasil Esperança somam 3 deputados do PV e outro do PCdoB). O que impressiona é que a bancada do PT na Alepe e a senadora Teresa Leitão vêem isso com bons olhos, assim como a deputada Dani Portela do PSOL-Rede.

Teresa Leitão saudou o “gesto importante” feito pela governadora eleita, Rosa Amorim do MST disse que “desmontaram os palanques e vamos construir um novo Pernambuco”. A pergunta que não quer calar é que se irão fazer isso aliado aos trabalhadores e o povo pobre pernambuco ou de mãos dadas com Raquel Lyra que é contra o direito das mulheres ao aborto, é a favor de privatizações, da reforma administrativa no estado e até ontem tinha apoio do bolsonarismo no estado. Não há dúvidas de que ela não é nem de longe nossa aliada, ela e sua corja reacionária são nossos inimigos!

Espanta também ver Dani Portela reafirmando que é necessário “desmontar palanques” para a "construção democrática”. Mas que “construção democrática” o PSOL-Rede espera de uma governadora que foi saudada por conta de sua vitória pelos reacionários bolsonaristas da família Collins? Que democracia Dani Portela e seu partifo esperam de uma governadora que defende ainda o aumento da violência policial num estado que bate recordes de assassinato contra a população negra? Cada dia que passa a palavra independência de classe passa a ser mais uma palavra esquecida no dicionário do PSOL em Pernambuco.

É um grande absurdo que as parlamentares do PSOL e PT tirem fotos sorrindo ao lado da tucana Raquel Lyra nessa reunião como se ela fosse algum tipo de aliada da luta dos trabalhadores e do povo pernambucano.

Mas o timão à direita que o PT e o PSOL agarram com firmeza é a continuidade do caminho já traçado com a frente ampla de Lula e Alckmin. Na verdade, Raquel acena para o PT no estado porque sabe que nacionalmente pretende ter um excelente diálogo com com o governo federal,que tem nada menos que o ex-tucano Alckmin, um tradicional político da direita que tem inúmeras afinidades com ela. Afinal de contas, até pouco tempo atrás compunham o mesmo partido, segundo ela, eles tem “antiga relação de confiança” e já até se falaram por telefone logo após sua vitória.

Como já denunciamos em inúmeros artigos no Esquerda Diário, Raquel Lyra é uma inimiga dos trabalhadores, dos negros, das mulheres e lgbts no estado. A tarefa da esquerda em Pernambuco é se enfrentar duramente contra o governo PSDBista de Raquel com os métodos da luta de classe. A disposição de dialogar e fazer acordos com essa tucana por parte do PT e do PSOL apenas revela o total abandono de qualquer perspectiva da luta, mostrando que a conciliação de classes depois de assumida não possui limites, chegando até a partidos da direita neoliberal.. Agora não é o momento que “desarmamos o palanque”, agora é a hora de organizarmos nossa luta contra do governo estadual e a extrema direita bolsonarista e independente do governo nacional de conciliação de classes de Lula, nos enfrentando contra os ataques da Raquel Lyra e da frente ampla , bem como da extrema direita. Nos enfrentando nas ruas, sem aliança com a direita, as oligarquias e os patrões.




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