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RACISMO | Racismo nos supermercados: um histórico de empresas seguirem impunes pelo Estado

A justiça por João Alberto, Nego Beto, terá de ser arrancada com a força das ruas. Não se trata do primeiro caso de violência em supermercados. Pelo contrário, diante de um grave histórico racista, as empresas de supermercado e a justiça burguesa mostram que são incapazes de responder pelas vidas negras.

terça-feira 24 de novembro de 2020 | Edição do dia

Foto: AGATHA GAMEIRO/ESTADÃO CONTEÚDO

Na véspera do dia da Consciência Negra, um homem negro foi covardemente assassinado por dois seguranças da rede Carrefour de supermercados. Esse caso de violência contra pessoas negras em supermercados não é um caso isolado. Nessa sociedade baseada na exploração e opressão racial, os negros e pobres são as principais vítimas de violência e mortes pelas mãos do Estado e das empresas privadas.

A realidade brasileira no capitalismo mostra o quanto o racismo estrutural é violento e assassino contra os negros. Diante dos casos de violência e assassinato pelas redes de supermercados, as grandes empresas seguem passando impunes, lucrando rios de dinheiro em cima da exploração e sangue negro.

Em fevereiro de 2019, Pedro Henrique Gonzaga, jovem negro de 19 anos, foi asfixiado até a morte na frente de sua mãe por seguranças do mercado Extra, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. Esse trágico caso segue sem julgamento até hoje, os dois seguranças envolvidos no caso foram denunciados pelo Ministério Público, porém só em julho do ano de 2021 será a primeira audiência, mais de dois anos depois do assassinato de Pedro Henrique Gonzaga.

Além do Pedro Henrique, tem o caso do Fábio Rodrigo Hermenegildo, homem negro de 38 anos, torturado por seguranças em 2018 na rede de supermercado Extra de Morumbi, zona Sul de São Paulo. Fábio, foi amarrado, espancado e os seguranças fizeram questão de registrar toda cena em gravação. Os culpados respondem em liberdade e a próxima audiência será só em junho de 2021, ou seja, quase três anos depois da violência contra Fábio. Segundo seu advogado, Claudiney da Silva Leopoldino, a própria Justiça não aceita a tese de tortura e o supermercado não foi cobrado de nenhuma indenização.

Outra caso bárbaro foi do jovem de 17 anos, agredido no supermercado Ricoy, na zona sul paulista, em 2019. O jovem foi amarrado, torturado e açoitado por dois seguranças. O Judiciário inocentou os culpados por torturas e condenou apenas por lesão corporal, cárcere privado e divulgação de cena de nudez. A seletividade da justiça mostra sua face mais racista, isentando os culpados de suas punições enquanto negros e pobres continuam sendo massivamente encarceirados sem julgamento no Brasil.

As empresas privadas das redes de supermercados são a representação da exploração contra os trabalhadores, que são obrigados a trabalhar em condições precárias, enquanto os donos dos supermercados lucram rios de dinheiros. A sede de lucro dos capitalistas é em cima de suor e sangue negro.

Por isso, ainda mais no país de Bolsonaro e Mourão, não podemos confiar no Estado e no Judiciário pois são pilares do sistema capitalista. É preciso apostar na força da classe trabalhadora e da juventude, assim como o levante negro no Estados Unidos espalhou pelo mundo que vidas negras importam, precisamos seguir esses exemplos de luta e mobilização nas ruas e exigir justiça a todos os negros violentados pelo Estado e pelas empresas privadas. Basta de negros mortos pela sede de lucro dos capitalistas.




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