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Questionado pela classe média, Bolsonaro vai sangrando apoio de suas bases

Pesquisa do Datafolha divulgada hoje, aponta para enfraquecimento de Bolsonaro em alguns setores que apoiaram o bolsonarismo, principalmente a classe média. Com o avanço da epidemia aprofunda-se a crise política que pressiona cada vez o mais governo federal, que por sua vez responde com medidas autoritárias, porém de eficácia duvidosa.

segunda-feira 23 de março de 2020 | Edição do dia

O Instituto Datafolha divulgou sua última pesquisa sobre o governo Bolsonaro e a percepção da população sobre a epidemia do corona vírus, realizada por telefone. A primeira coisa que chama atenção é uma certa manutenção da polarização política, as mulheres seguem sendo o grupo que demonstra mais resistência ao governo, e um nítido sangramento nas bases do bolsonarismo: um contingente de 15% dos pesquisados afirmam ter se arrependido de ter votado nele, o que bate com um crescimento de sua desaprovação entre setores da classe média alta: 51% destes desaprovam a forma como o governo está lidando com a epidemia, enquanto o ministro da Saúde, Mandetta, e os governadores ganharam mais protagonismo frente a crise.

Cresce na população a consciência de que esta crise não será passageira, o que havia sido a principal aposta de Bolsonaro na forma como havia escolhido encarar a epidemia. Foi uma aposta arriscada e que lhe custou um importante capital político em um momento de crise. O que esta pesquisa está mostrando é que pode ter sido tarde para a tentativa de giro que ele tentou dar na semana passada em relação as medidas de controle a doença, e que seus concorrentes políticos dentro do regime podem tentar se aproveitar desta situação. Mas isto não impede o aprofundamento da crise pois não há saída real por dentro do sistema uma vez que todas as medidas tomadas pelos governos serão insuficientes.

É necessário fazer testes massivos para controlar o vírus; estatizar os leitos privados e aumentar o número de leitos de UTIs e contratar toda mão de obra necessária para que a saúde da população e os grupos de risco sejam protegidos; colocar a produção industrial a serviço de produzir respiradores e materiais de trabalho básicos aos trabalhadores da saúde, como máscaras, luvas e até o álcool em gel que está em falta.

Para isso acontecer, é preciso que a classe trabalhadora assuma o protagonismo da situação, tomando para si o controle das medidas emergenciais necessárias para enfrentar esta crise. Que os políticos briguem entre eles, isto abre uma brecha que podemos aproveitar para salvar vidas, assumindo o controle da produção para demonstrar todas as possibilidades que temos, para além de gerar o lucro dos patrões.




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