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ELEIÇÕES ARGENTINAS | ’Querem uma esquerda testemunhal. Nós queremos que a FIT dê um salto’

Christian Castillo, pré candidato a governador da província de Buenos Aires pela chapa Renovar e Fortalecer da Frente de Esquerda fala da crise aberta no peronismo de Buenos Aires, fala do triunfo dos motoristas de ônibus da Linha 60 e dos objetivos da Chapa 1A da FIT.

sexta-feira 7 de agosto de 2015 | 01:18

A campanha vinha sendo relativamente tranquila, mas esta semana a interna de Buenos Aires foi picante com acusações sobre o tema das máfias da efedrina, de operações de Clarín e até dos próprios candidatos. O que opina de tudo isso?

As acusações que estão circulando não são qualquer coisa. Aníbal Fernández está denunciando que a acusação que fizeram a ele por sua irresponsabilidade no crime triplo da efedrina é parte de uma opoeração comum entre Julián Domínguez ee o Grupo Clarín. E isso não é pouco. É uma mostra de como se move esta casta política, que não tem limites nem sequer entre eles mesmos. Estão se atirando com tudo entre as chapas de uma mesma interna. É uma casta da qual o próprio Aníbal Fernandez, que hoje denuncia uma operação contra ele, foi porta-voz privilegiado. Ele foi, desde o kirchnerismo, quem , quem ficou denunciando operações quando se tratava de atacar a esquerda. Então está tomando de seu próprio veneno, ainda que não podemos saber se não existem maiores responsabilidades no marco dessas denúncias. Mas evidentemente a uma semana das eleições, e mais além das operações políticas, o que se abriu foi uma crise no peronismo na província de Buenos Aires a poucos dias das PASO.

De todo modo, nós sempre denunciamos a relação estreita que existe entre as distintas máfias (e não apenas do narcotráfico) com o Estado e os partidos tradicionais. Toda a gestão de Scioli foi caracterizada por fortalecer o poder de fogo da Boanerense. Da parte de Alejandro Granados e aumentando o número de efetivos se desenvolveu uma política para fortalecer as negociações da polícia, que controla o grande crime na Província, associada e protegida pelos setores do poder político e judicial.

A título de exemplo, em todo esse tempo veio à luz a conivência entre o grande crime e a polícia em localidades como San Martín, La Matanza e Vicente López. As denúncias desses dias demonstram que os políticos burgueses estão metidos aí. Esta foi uma constante do que tem sido a política na província governada há oito anos por Scioli.

Te vimos quase com presença total em todas as medidas de luta que os motoristas de ônibus da Linha 60 levaram adiante. Um conflito que acabam de ganhar e que talvez anteceda o que está por vir.

Na verdade estamos muito contentes com o que os motoristas tenham cruzado os braços à tríplice aliança, como dizemos muitas vezes, da patronal, do governo e da gestão da UTA. Sem dúvidas, a combatividade dos companheiros da Linha 60 e o que percebemos em cada medida sobre a Panamericana junto a eles, expressou que sempre estiveram decididos a arrancar da patronal todas as suas demandas. Não se amedrontaram com a brutal repressão que sofreram e seguiram adiante com suas demonstrações de força.

Um dos aspectos mais qualitativos é que eles não lutam apenas contra as demissões, mas por uma demanda totalmente legítima e sentida pelo povo trabalhador que é a melhora do serviço que utilizam diariamente 250 mil passageiros.

Aí ficou demonstrado a solidariedade de classe que receberam em todo esse tempo e com a solidariedade deles em relação aos outros conflitos. Faz uns dias eles se solidarizaram com a trabalhadora demitida do Hospital Garrahan. Neste momento os motoristas da 60 seguem o exemplo dos "aceiteros" [Trabalhadores industriais que produzem e engarrafam óleo, NdT], que sustentaram uma greve de 25 dias e conseguiram quebrar o teto salarial.

Com esta conquista, muitos trabalhadores podem ver que com a luta é possível quebrar o braço da patronal, o do estado que a defende e da burocracia que trai suas lutas.

O PTS na Frente de Esquerda esteve junto deles fazendo concreta essa solidariedade.

Assim como fizemos com a Lear, Donneley, Gestamp e muitos outros trabalhadores, fomos ficar com eles e dar corpo a suas lutas. Assim o fiz como legislador provincial e sigo fazendo agora como pré candidato a governador. Assim como Nicolás del Caño e Myriam Bregman, cumprimos com nosso compromisso de colocar-nos inteiramente a serviço de fortalecer as reivindicações das mulheres, dos trabalhadores e da juventude, não apenas no interior do Congresso e do Legislativo, mas também sendo parte das próprias experiências e lutas.

Além disso, fizemos este apoio concreto doando o dinheiro de nossos salários de deputados aos fundos de greve. Recentemente entregamos 30 mil pesos aos motoristas, somado a outras contribuições que fizemos anteriormente ao seu fundo de greve. A Juventude do PTS também vem contribuir com 15 mil pesos coletados em uma festa realizada neste fim de semana.

Assim saudamos esta conquista dos companheiros da linha 60 e seguiremos presentes para o que precisarem.

Na última semana você percorreu várias zonas da periferia e compartilhou muitas atividades com centenas de trabalhadoras, trabalhadores e jovens que são protagonistas de muitas das lutas dos últimos tempo. Quais discussões se deram e o que significa, a partir daí, a proposta de “renovar e fortalecer a Frente de Esquerda”?

Para nós, a Frente de Esquerda é uma importantíssima conquista, já que pela primeira vez existe a nível nacional uma alternativa política independente dos trabalhadores que concentrou 90% dos votos da esquerda em todas as últimas eleições. Nesse sentido, aqueles que falam da “esquerda dividida” não se baseiam na realidade. Dito isso, longe de nos conformarmos com esse crescimento entre 2011 e 2013, nós aspiramos que através da FIT, a esquerda ganhe um contorno sério, forte e decisivamente.

Há dados que expressam muito. Nossa chapa tem em torno de 1.800 candidatos operário em todo o país. Na Província de Buenos Aires existem mais de 1.500 candidatos em nossa chapa, com 40% de candidaturas operárias e de operários industriais, 60% de mulheres, em torno de 300 professores, muitos jovens e estudantes, militantes de direitos humanos. Em muitos casos, as chapas estão encabeçadas por companheiras e companheiros que pela primeira vez se apresentam a uma eleição. Tudo isso está demonstrando um salto em nossa inserção social.

E isso é relevante porque nossa ideia de renovação não é apenas geracional (que é um componente importante porque desejamos demonstrar que nossas ideias tem um porvir ao se encarnar nas novas gerações), mas também tem um componente que faz com que novas companheiras e companheiros entrem na vida política. E aí é onde está, justamente, em jogo o destino da Frente de Esquerda. Nós apostamos que a FIT dê um novo salto, que supere o lugar de 3% ou 4% ao qual nos quer confinar a burguesia e seus meios de comunicação, que pretendem que nos conformemos em conquistar algumas cadeiras no Congresso e no Legislativo e que nosso papel seja em resumo o de meros denunciadores, que sejamos uma esquerda impotente.

No terreno eleitoral queremos conquistar em todo o país a influência que já conquistamos, por exemplo, em Mendoza. Ali, Nicolás del Caño obteve 17% dos votos na capital provincial, relegando ao segundo lugar nada menos que o peronismo, o que foi a melhor eleição executiva da esquerda argentina desde 1983 nesta região.

Dessa vez devemos captar um salto no enraizamento social. Sem uma esquerda fortemente presente na classe operária e em todos os movimentos de luta dos trabalhadores e do povo, é impossível que possamos lutar pelos objetivos que lutamos. A repressão que sofreram os trabalhadores da linha 60 é apenas uma previsão do que vem adiante. A esquerda tem uma responsabilidade decisiva para que lutas como esta não sejam derrotadas, o que abriria as portas para que se possa impor um ajuste generalizado contra o povo.

É pra essa direção que aponta nossa proposta de renovação e acreditamos que viemos conseguindo muita simpatia ao longo desta campanha militante.

Nesta quinta-feira ocorre o fechamento de campanha em Buenos Aires e há um chamado a que ajudem na fiscalização todos aqueles que se somaram à campanha.

Sim. Na quinta vão confluir quatro caravanas das zonas norte, oeste, sul e La Plata e vamos fechar juntas as campanhas nacional e provincial às 19h em Corrientes e Callao.

Estamos chamando simpatizantes, amigos e familiar a defender o voto de nossa chapa e da Frente de Esquerda. Na província, existem mais de 30 mil urnas, mais de 5 mil seções eleitorais, então precisamos de muitos fiscais para que não nos roubem com manobras os pontos que estamos conseguindo em nossa intensa campanha.




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