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GREVE E OCUPAÇÃO UNICAMP | Quem luta por educação não merece punição!

Na última sexta-feira, os estudantes da UNICAMP deliberaram em assembleia geral permanecerem ocupados diante da intransigência da reitoria na negociação das punições. Com uma sindicância já em andamento, os estudantes votaram uma ampla campanha e um plano de radicalização para que não haja nenhuma punição aos que lutam por educação, seja em relação aos movimentos de ocupação, em Campinas e Limeira, seja em relação às ações da greve.

Guilherme ZanniProfessor da rede municipal de Campinas.

domingo 3 de julho de 2016 | Edição do dia

Nos últimos dois meses, apenas 6 Institutos ou Faculdades, dos 24 de todos os campi da UNICAMP, não aderiram à mobilização, que tem como eixos centrais as reivindicações por cotas raciais, permanência estudantil, ampliação da moradia e contra o corte de 40 milhões. Atualmente, são 17 unidades em greve, com assembleias massivas em cursos como a Engenharia Mecânica, a Engenharia de Alimentos e a Medicina, onde inclusive a continuidade da greve foi aprovada por unanimidade. No campus de Limeira, o escritório da reitoria foi ocupado, somando-se à ocupação do prédio da reitoria de Barão Geraldo, que já dura quase dois meses.

Na Assembleia, discutimos a linha consciente da reitoria de chantagem, que ameaça colocar a polícia no campus para a reintegração de posse do prédio ocupado e separa os movimentos de greve e ocupação, garantindo que nenhum estudante envolvido com a ocupação do prédio será punido, mas deixando a cargo das diretorias dos Institutos as punições relacionadas à greve. Sabemos que essa separação, na prática, não se dá, já que a ocupação é parte do conjunto da nossa mobilização e fortalece a nossa greve, ao mesmo tempo em que os estudantes mobilizados juntos têm muito mais força para barrar as punições, em vez de nos dividirmos para lutar em cada unidade.

Resposta dos estudantes contra as punições e intransigência da reitoria

Nosso processo de mobilização escancarou o que é a estrutura de poder da universidade aos que se colocam em luta por outro projeto de educação pública. Ao mesmo tempo em que já existe um processo de sindicância em curso contra um estudante, a reitoria se recusa a negociar a greve dos funcionários e faz uso de medidas jurídicas e de ameaça de colocar a PM no campus contra a greve, algo que não ocorreu nem na Ditadura Militar, as diretorias dos Institutos são omissas diante dos casos de assédio e até agressão que já ocorreram contra estudantes e funcionários contra o direito de greve destes setores.

Trata-se de uma greve que coloca no centro o combate ao elitismo e ao racismo estruturais na nossa universidade e que já forja a subjetividade de toda uma geração de estudantes que questionam o acesso, as condições de trabalho e permanência na UNICAMP. Todos esses questionamentos apontam, de fundo, ao caráter de classe da nossa universidade e revelam que nossa luta é também uma luta de classe. Essa reitoria que se omite diante das declarações racistas que professores publicaram em redes sociais para atacar nosso movimento é a mesma que coloca o trabalho terceirizado em nossa universidade. Essa reitoria que se omite diante de uma sindicância contra um estudante negro em luta por cotas raciais e permanência é a mesma que defende que se cortem 10 milhões do Hospital universitário, porta por onde a maioria da população de Campinas tem acesso à universidade. Essa reitoria dos super-salários e dos elefantes brancos, que se recusa a construir um Teatro para que os estudantes das Artes exponham suas produções para a população de Campinas é a mesma que volta o conhecimento produzido aqui para as empresas.

Sabemos, de fundo, que todos esses questionamentos podem colocar em xeque o projeto de universidade que as reitorias e os governos Alckmin e Temer defendem. Nossa luta na UNICAMP se soma às lutas estaduais, da USP e da UNESP e dos secundaristas, por uma educação pública de fato e à juventude que se levanta no país inteiro contra os ataques que o governo golpista do Temer defende para precarizar cada vez mais nossas vidas. A repressão aos que lutam, como vimos inclusive com a PM no CRUSP, com o corte de salário dos trabalhadores em greve da USP e também contra os estudantes secundaristas, é parte fundamental da necessidade dos governos e empresários de garantir seus interesses, contra os explorados e oprimidos.

Mas não nos calarão! Nossa estratégia para responder às chantagens da reitoria e à repressão é radicalizar ainda mais, com nossos métodos de luta! As 600 vagas na moradia que conseguimos arrancar é apenas uma prova de que é com a mobilização que conseguimos impor nossas pautas e que a saída é confiarmos em nossas próprias forças e unificarmos com os setores que, como nós, se enfrentam com a estrutura de poder dessa universidade - os funcionários!

Convidamos a todos para se somarem à nossa campanha contra as punições: “Quem luta por educação não merece punição! Pune um, pune todas e todos!”.




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