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CLIMA | Queimadas e aquecimento global: Brasil pode ter dia mais quente da história nessa semana

O país pode ultrapassar o recorde absoluto de calor ainda essa semana

terça-feira 6 de outubro de 2020 | Edição do dia

Adriano Camacho Vieira Junior
via nexperts

De acordo com o Climatempo, o Brasil pode ultrapassar o recorde absoluto de calor ainda nessa semana. A maior temperatura registrada no país até hoje foi em Bom Jesus do Piauí, que chegou a 44,7°C em 21 de novembro de 2005.

Desse o fim de setembro de 2020 uma forte onda de calor se instalou sobre o país, quebrando recordes históricos de calor em vários estados do país. Segunda-feira (5), Água Clara - MS bateu o recorde anterior dessa onda de calor e do estado de Mato Grosso do Sul, alcançando 44,6°C.

Também foi batido recorde em São Gabriel do Oeste - MS com 42, 3°C, maior temperatura desde 2007, ano em que houve a abertura da Estação Meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

No Estado de São Paulo também foi observado um calor extremo, principalmente no norte e noroeste. Jales - SP chegou a 41,9°C, novo recorde que supera a temperatura de 41,7°C verificados no dia 30/09. Essa é a maior temperatura desde 2007.

Em São Paulo - SP, a temperatura máxima desta segunda-feira (05) foi de 35,9°C, o quinto valor do histórico de medições dos anos de 1943-2020, de acordo com medições da Estação Meteorológica Automática do Inmei-Mirante de Santana.

De acordo com o Inmet, a causa do calor é um bloqueio atmosférico na área central do Brasil. A previsão é que o calor continue muito intenso até a quinta-feira (8), e que uma gradual mudança de padrão atmosférico ocorra a partir de terça (6).

Impactos do aquecimento global

Segundo mapas divulgados durante a Cúpula de Impacto e Desenvolvimento Sustentável do Fórum Econômico Mundial, o clima mundial pode sofrer mudanças bruscas até 2100.

Destacando o mapa que demonstra o pior cenário projetado até 2100, verifica-se aumentos recordes de temperatura nos Estados Unidos, Índia e no sul da Ásia.

Pesquisadores que estudam a gravidade da mudança climática projetada até 2100 se referem ao pior cenário como "RCP 8.5". Esse caso envolve um aquecimento de mais de 4° C acima dos níveis pré-industriais, aumento das emissões, centenas de milhões de pessoas sendo forçadas a migrar e um grande aumento nas área de floresta sujeitas a incêndios.

Segundo o Fórum Econômico Mundial, o resultado dos estudos mostra a urgência de que empresas e líderes governamentais adotem soluções rápidas para evitar que se chegue ao pior cenário previsto.

A organização diz que, de acordo com especialistas, determinadas medidas poderiam limitar o aquecimento global a menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais, o que poderia evitar os piores impactos das mudanças climáticas.

Entre as medidas indicadas a serem tomadas estão adotar "políticas climáticas eficazes, lutar contra os esforços para desacreditar a legitimidade da ciência, remover dióxido de carbono da atmosfera ou compensá-lo com o plantio de novas florestas, além de melhorar os sistemas de transporte e energia".

Brasil, governo Bolsonaro e queimadas

No sentido contrário do que indica o Fórum Econômico Mundial, e diversos especialistas sobre como diminuir os impactos ao meio ambiente, no Brasil o presidente Jair Bolsonaro, e membros do governo como Hamilton Mourão, vice-presidente, e , ministro do meio ambiente, agem de forma a atender as necessidades de empresas e do agronegócio, passando por cima do futuro do planeta.

Segundo análise da agência espacial dos EUA (NASA), a maior parte dos incêndios na Amazônia brasileira desde junho até agosto de 2020 ocorreu em florestas que foram recentemente desmatadas.

Em artigo publicado dia 19 de agosto intitulado "Vamos falar de queimadas", Mourão diz que ocorrem incêndios naturais na Amazônia, associando ainda as queimas a "balões de São João, fogueiras e queima de lixo", e não cita o desmatamento como motivo da ocorrência de queimadas.

A queimada faze parte dos métodos de desmatamento. Depois de derrubar a floresta, os desmatadores deixam a vegetação destruída secando para queimá-la durante o período seco na Amazônia. Em outros casos, a vegetação abaixo da copa das árvores maiores é derrubada, o que aumenta a luz que penetra na mata e seca a matéria orgânica no chão, o que facilita queimadas na área.

Em junho, o bioma teve um aumento de 20% de focos de incêndio em relação ao mesmo mês de 2019, sendo o maior número de queimadas desde 2007. Em julho, houve crescimento de 20% no número de focos de fogo. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Em estudo por cruzamento de dados, projeto “Cortina de fumaça” chegou à informação de que 72% das queimadas de 2019 na Amazônia, nas áreas críticas, partiram justamente de médias e grandes propriedades rurais, o que corrobora a suspeita sob os grandes proprietários de terras, latifundiários que possuem interesse estratégico no desmatamento, e contradiz as falácias do presidente Bolsonaro que, no mês de setembro voltou a atacar os índios, responsabilizando-os pela gigantesca onda de aumento nas queimadas e nos desmatamentos pelo qual o Brasil passa desde 2019 com a Amazônia, e agora, também, com os incêndios na região do pantanal. Os municípios que mais desmataram em 2019 foram Altamira (PA), São Félix do Xingu (PA), Porto Velho (RO) e Lábrea (AM).

Bolsonaro utiliza da estratégia obscurantista, ora para falsear a origem das queimadas, ora para negar a própria existência da crise ambiental que ocorre no país. De todo modo, sua prática está voltada a proteger e endossar as práticas criminosas realizadas pelos grandes ruralistas, protegendo o setor e atacando as agências de controle e informações sobre queimadas e desmatamento. A aliança entre o setor ruralista e o governo Bolsonaro significa uma de suas principais bases políticas no país, ficando evidenciado, inclusive, quando o presidente passou por MT para receber homenagem dos ruralistas locais e realizou discurso negando as queimadas, mesmo tendo que arremeter vôo devido a fumaça oriunda dos incêndios do Pantanal.

Na mesma linha de Bolsonaro está , ministro do meio ambiente que segue no papel de afrouxar o controle ambiental e “passar a boiada”, com o exército e mourão à frente, realizando operações inócuas que demandam orçamentos gigantescos, e até mesmo, por último, com a PF atacando instituição que fornece imagens via satélite do Pantanal. Os lucros dos capitalistas latifundiários, cada vez mais, mobiliza as instâncias de poder para acabar com o meio ambiente e com as condições de vida no país.




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