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Relato de Yuna Ribeiro, trabalhadora da USP e mãe do Caio, sobre a amamentação e o direito a maternidade no capitalismo.

quarta-feira 2 de agosto de 2017 | Edição do dia

Estamos na semana mundial de amamentação, não tenho uma foto com meu filho desse momento tão importante, em 2002 as câmeras digitais e de celulares não eram tão acessíveis e tirar foto com máquina e filme era meio que um evento pra quem tava mal de grana... mas lembro de tudo direitinho! da primeira vez até todas as outras, era sempre um sentimento de ligação muito especial e profundo.

Teve um monte de coisa bem difícil na minha maternidade, acho que de certa forma a minha conexão e sintonia com o Caio desde o primeiro minuto veio pra equilibrar um pouco isso. Não tivemos dificuldade nenhuma, logo no primeiro dia já estava amamentando, não senti dor, só umas coceguinhas no começo e depois durante todas as mamadas não me cansava de olhar pro Caio de olhos fechados bem calminho ou olhando pra mim, ficando cada vez mais bochechudo e forte.

Claro que durante a noite, no começo, era mais difícil, acordar muitas vezes nas madrugadas é negócio punk, as mães passam por uma maratona pesada todos os dias nos primeiros meses, mas uns travesseiros e ajeitar tudo pra poder amamentar deitada dava uma amenizada no cansaço.

Amamentei o Caio por 7 meses, depois desse período comecei a trabalhar 8 horas e voltei pra faculdade a noite, no começo tentei tirar o leite de manhã e a noite, mas não consegui manter por muito tempo. Foi bem triste sentir meus seios doendo cheios de leite durante o dia e não poder guardar ou ter intervalos que permitissem continuar amamentando.

Muitas mulheres não conseguem completar nem 3 meses de amamentação, a falta de licenças adequadas no trabalho, a necessidade de sustentar a família, em muitos casos sozinha, e falta de condições de saúde, interferem de um jeito desumano nesse processo.

Toda mãe deve ter o direito e as condições concretas para amamentar o tempo que considerar melhor para si e para seu filho. Essa é uma parte muito importante da relação mãe e filho e do desenvolvimento do bebê. Nenhum machista que só enxerga o corpo das mulheres como objeto deve ter o direito de interferir ou ficar se intrometendo.

E um sistema como o capitalismo, com regimes de trabalho tão precários, que não permitem que essa fase tão fundamental da vida se realize plenamente, só deve falir e morrer o quanto antes. Nossas vidas valem infinitamente mais que os lucros deles, e a amamentação é um dos direitos mais fundamentais da vida de todos nós.




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