GRÉCIA | Propostas e contrapropostas a último momento

As autoridades da União Europeia fizeram uma oferta de último minuto para salvar um acordo de “resgate” financeiro que assegure a permanência da Grécia na zona do euro, depois que a Alemanha advertiu que se esgotou o tempo para estender as linhas de crédito a Atenas.

A Comissão Europeia chamou a Grécia a aceitar o acordo proposto, com a esperança de que ainda seja possível realizar alguns ajustes, em momentos em que se mantém congelados os bilhões de euros do programa de “resgate” de Atenas, que expirará à meia-noite.

O governo grego informou que o país havia apresentado mais tarde uma contraproposta a seus credores solicitando ajuda financeira por dois anos mediante uma reestruturação paralela de sua dívida.

Se não se chega a um acordo, a Grécia descumprirá o pagamento de um empréstimo de 1,6 bilhão de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI), o que poderia provocar sua saída da zona do euro, com consequências insuspeitas para o grande projeto de união monetária da Europa e para a economia global.

Funcionários gregos, que insistem em que o referendo do domingo sobre os termos do resgate é parte do processo de negociação, disseram que querem um acordo pronto, ainda que não haja uma resposta concreta ao redor das últimas propostas do presidente da CE, Jean-Claude Juncker.

“Queremos uma solução viável. Se recebemos uma proposta crível que deixe inclusive um milímetro de viabilidade, seremos os primeiros a tomá-la,” disse aos jornalistas este alto funcionário das Finanças.

Não obstante, as perspectivas de um avanço foram mitigadas pela fria resposta da chanceler alemã, Angela Merkel.

“O programa expira esta noite, exatamente à meia-noite do horário central europeu. E não estou a par de indícios concretos de algo mais,” comentou Merkel em uma conferencia de imprensa conjunta com o primeiro ministro de Kosovo.

“Todo o que sei é que a última oferta da comissão da qual estou a par é a da sexta-feira da semana passada”, agregou.

Aceitação por escrito

Fontes da UE e da Grécia disseram que Juncker – que conversou com o ministro grego, Alexis Tsipras – ofereceu convocar uma reunião de emergência de ministros do Eurogrupo hoje para aprovar uma pagamento de ajuda, a fim de impedir que Atenas caia em moratória se Tsipras envia uma aceitação por escrito dos termos.
Também mencionou a possibilidade de uma negociação da reprogramação da dívida mais tarde este ano se Atenas diz “sim”.

No começo da tarde da terça-feira não se havia recebido uma resposta por parte da Grécia.

A crescente possibilidade de que Atenas possa ser forçada a sair do bloco monetário pôs no tapete o caos que poderia desatar-se na Grécia e os riscos para a estabilidade do euro.

“Se a Grécia vai embora do euro, por que não poderia outro país abandoná-lo também no futuro?,” perguntou o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, em uma entrevista à rede Cadena Cope.

Há uma semana, Rajoy disse que não temia um contágio a partir da situação na Grécia.

Sondagens de opinião antes do referendo do domingo mostram que os gregos favorecem permanecer na zona do euro, mas uma manifestação de dezenas de milhares de pessoas em Atenas na segunda-feira remarcou o tom desafiador de muitos que se opõem à pressão dos credores.