O Ministério Público afirmou nesta terça-feira que as irregularidades divulgadas na empresa estatal Eletronuclear comprovam que a corrupção no país vai "muito além " do escândalo na companhia petrolífera Petrobras.
quarta-feira 29 de julho de 2015 | 00:00
"Demos um passo e vemos que a corrupção não se restringe só a Petrobras", declarou o promotor Athayde Ribeiro Costa ao explicar em entrevista coletiva a operação realizada hoje na Eletronuclear, onde também foi comprovada a existência de suborno em troca da concessão de contratos de obras a importantes empresas privadas.
O promotor confirmou a detenção do presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, que teria recebido R$ 4,5 milhões para favorecer determinados contratos para a construção da usina nuclear Angra 3.
Ribeiro Costa disse que estão envolvidas várias das empresas privadas já citadas no escândalo da Petrobras, entre elas Andrade Gutiérrez, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Odebrecht e UTC, que têm vários executivos presos acusados de participarem dos esquemas na companhia petrolífera.
"A corrupção no Brasil é endêmica e está em processo de metástase", afirmou Ribeiro Costa, que deu a entender que as investigações podem ser ampliadas agora para outras estatais do setor elétrico.
O promotor não quis comentar o possível envolvimento de políticos no caso da Eletronuclear e se limitou a informar que, pelo que se comprovou até agora, as comissões eram recebidas pelo presidente da empresa, Othon Luiz Pinheiro da Silva.
As investigações começaram a partir de denúncias formuladas pelo empresário Dalton Avancini, ex-presidente da construtora Camargo Corrêa, detido pelo caso Petrobrás e que fez um acordo de delação premiada.
Além de guiar as autoridades sobre a corrupção dentro da Eletronuclear, Avancini afirmou que também estão envolvidos executivos da Eletrobrás e dirigentes do PMDB.
EFE
