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CORONAVÍRUS | Profissionais de saúde denunciam sobrecarga de trabalho e falta de equipamentos de prevenção

O Sindicato dos Médicos de SP (Simesp) acumulou mais de 100 denúncias sobre o tema. Essa situação mostra a incapacidade dos governos em garantir equipamentos de trabalho e prevenção, sem o aumento massivo da produção de álcool, máscaras e luvas, expondo os profissionais ao contágio e à condições precárias de trabalho.

segunda-feira 30 de março de 2020 | Edição do dia

Os equipamentos de proteção individual (EPI), máscaras, álcool em gel, luvas cirúrgicas, fundamentais para a prevenção contra o novo coronavírus, estão em falta para o uso dos trabalhadores da saúde nos hospitais e ambulatórios públicos e privados de São Paulo. Além disso, há sobrecarga de trabalho principalmente nos hospitais públicos.

Isso é o que afirma o Sindicato dos Médicos de SP (Simesp), que acumulou mais de 100 denúncias sobre o tema. O sindicato recebeu 77 denúncias sobre a escassez dos equipamentos nos hospitais e mais 7 denúncias de sobrecarga de trabalho, quando a capacidade de atendimento estava muito inferior ao número de pessoas que precisavam de assistência. Além dessas, houve também mais 30 registros de encaminhamentos de casos suspeitos do novo coronavírus para um fluxo errado, ou seja, para hospitais que não conseguiam garantir infraestrutura de atendimento aos pacientes.

A Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) junto a outros institutos de saúde e 122 hospitais, enviaram um ofício ao ministro da economia, Paulo Guedes, alertando que o estoque de EPI’s poderiam acabar em menos de dois meses, e recomendando medidas para frear o aumento abusivo dos preços dos materiais. Isso, porém não é suficiente. Os brasileiros por muitos anos conviveram com a desigualdade no atendimento dos sistemas de saúde público e privados. Mais do que nunca, frente a pandemia de covid-19 que tem tirado a vida de centenas de pessoas ao redor do mundo, é urgente que os hospitais e convênios privados sejam centralizados para o atendimento a toda a população, e não só aos que podem pagar por ele.

Essa situação expõe os profissionais da saúde a um risco ainda maior de contaminação, e é uma absurda precarização do seu trabalho. Além disso, aumenta também o risco de circulação do coronavírus, já que entram em contato com centenas de pessoas por dia. Nem mesmo esse primeiro passo básico no combate à pandemia os governos conseguiram dar: a garantia imediata de equipamentos de trabalho e prevenção, com o aumento massivo da produção de álcool, máscaras e luvas. Sem falar nos testes, leitos e respiradores, que poderiam ser garantidos caso a saúde da população estivesse à frente da economia. Pois os donos das grandes indústrias fornecem pouco ou nada da capacidade produtiva, que se tomada e organizada pelos trabalhadores em um plano de emergência evitaria mortes que, mais do que pela doença, morrem pela falta de acesso e pela miséria capitalista.

Frente ao negacionismo obscurantista de Bolsonaro, o governador de São Paulo João Doria (PSDB) tem tentado se colocar como uma alternativa. No entanto, tem como principal medida apenas o isolamento horizontal, ignorando as condições dos hospitais para o atendimento das pessoas que adoeçam, ignorando que um enorme setor da classe trabalhadora não consegue se manter em casa, nem mesmo com o auxílio aprovado pelo Congresso, ou que ainda milhões de pessoas não possuem condições dignas de moradia, e convivem com a escassez de água, saneamento básico e com acúmulo de pessoas em um mesmo cômodo. O anúncio que fez sobre a disponibilidade de 2 mil testes para detectar o novo coronavírus é absolutamente insuficiente para as proporções populacionais do estado, e fazem a medida do isolamento ser mais uma medida às cegas do que uma racionalização do problema.

Saiba mais: Quais medidas tomar contra o coronavírus, para que os trabalhadores não paguem pela crise?




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