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MUNICÍPIO RIO DE JANEIRO | Professores do Rio denunciam taxação de seus salários por Paes e o descaso com a educação

Em meio a protesto contra nova reforma da previdência proposta pelo prefeito Eduardo Paes que aumentará a taxação sobre seus salários, professores denunciaram para o Esquerda Diário as dificuldades que estão passando, o descaso com a educação e ainda denunciaram a ausência de seu sindicato nesse protesto.

quarta-feira 7 de abril de 2021 | Edição do dia

Imagem: Latuff

Ontem, 6/4, ocorreu manifestação de trabalhadores da educação e da saúde contra a nova reforma da previdência de Eduardo Paes. Essa reforma vai aumentar os anos antes de se aposentar e ainda por cima vai retirar mais dinheiro de seus salários.

Durante o ato o Esquerda Diário conversou com alguns professores presentes que relataram as dificuldades que elas e eles e suas famílias já estão passando e que passarão ainda mais com essa maior taxação sobre os minguados salários.

Uma professora relatou: “decidi estar aqui em frente à Câmara como ato em protesto contra essa nova medida que a prefeitura quer implementar de aumento de nosso desconto previdenciário, de 11 para 14%. Esses 11% já impactam significativamente no nosso orçamento, 14% vai impactar muito mais. Isso porque nosso salário é pequeno, né, sou professora de educação infantil, tenho dos salários mais baixos da rede. Agora querer taxar mais isso vai ficar muito difícil manter minha família, que já sofrendo. Tenho uma filha que ficou desempregada por conta desta pandemia e isso vai impactar muito mais. Por isso estou aqui justamente para tentar se eles pensem e revejam porque a culpa desse rombo não é nossa.”

Esse roubo ao salário, absurdo em qualquer circunstância, é ainda mais criminoso em momento de pandemia quando famílias inteiras dependem de um salário e com um custo de vida cada vez mais elevado na cidade e em todo país, como nota-se cada vez que é necessário fazer compras no supermercado.

Nas falas dos professores também apareceu uma clara preocupação com o descaso com a educação:

Sou professora da rede municipal do Rio de Janeiro e meu relato sobre a questão desse ensino remoto. Nós estamos desde o ano passado tentando manter o contato direto com os pais, com os alunos, e eu precisei investir em material para que eu pudesse estiver fazendo isso melhor. Eu investi em material de segunda mão que é o que eu podia fazer no momento visto que a prefeitura não deu nenhuma assistência financeira para que nós professores pudéssemos estar fazendo isso, e aí esse material veio a estragar porque não era de boa qualidade, era o que eu podia, e nós estamos até agora tentando manter algum vínculo. (...) nós estamos desde o começo da pandemia arcando com muitas coisas de nossos bolso e com o salário que nós temos e agora ainda essa taxação de 14%, tá difícil, tá difícil trabalhar.

Além dessa situação salto aos olhos o papel que as escolas podem ter no aumento da pandemia com o descaso de Paes, como relatou um professor:

Queria saudar todos que vieram no ato, que foi um ato de coragem das pessoas, dos militantes, muitas pessoas da saúde inclusive, que estão sofrendo muitos problemas, como falta de máscaras como inclusive foi denunciado. E a educação que deveria estar em peso hoje porque sofreu um ataque sério na semana passada que foi a ordem de Eduardo Paes do retorno das aulas sem nenhum preparo, seguindo um programa que foi feito pelos grandes empresários e banqueiros. Ele repetiu uma carta que dizia que a primeira que tem que voltar é a escola e a última que tem que sair é a escola, sem nenhuma comprovação científica. Como já tem provado que inclusive essa nova cepa ela atinge também os adolescente, ela também atinge as crianças, e fora os trabalhadores da educação que já são muitos com problemas de saúde, que podem ser atingidos por isso. Além do que a escola pública por sua permeabilidade na cidade ela pode significar o espalhamento desta cepa por toda a cidade.

Esse trabalhador também se manifestou criticamente aos sindicatos que não estão mobilizando as categorias, denunciou inclusive a ausência do SEPE, sindicato dos profissionais da educação nesta manifestação. Disse o professor:

O prefeito aprovou o momento para jogar a boiada. Aí fez esse projeto para tentar arrancar 14% de desconto dos trabalhadores, com uma reforma da previdência improvisada, seguindo o que já fez o Guedes. Então, quer dizer, é um governo de ataque. É um governo que se identifica com as pautas bolsonarista, apesar de eventualmente fazer algum contraponto, mas na verdade a política é a mesma. Então, nesse momento os sindicatos precisam se mobilizar. A gente não pode ficar apenas em casa esperando o governo atacar. E não dá pra fazer isso só por lives, e é isso que os sindicatos estão fazendo, inclusive o da educação, que é o maior sindicato do Rio, tem mais responsabilidade. Ele deveria estar aqui hoje em peso para barrar esse ataque do governo.

É preciso batalhar para colocar os sindicatos à serviço da luta de classes, auto-organizando os trabalhadores para que possam pressionar seus sindicatos por assembleias, mobilizações e a romperem sua paralisia, sua “quarentena”, em meio a tantos ataques. Há diversos ataques acontecendo em todo o país e é preciso apoiar os diferentes setores em luta e batalhar para um polo que seja consequente na luta de classes para que este possa exigir das grandes centrais sindicais fortes ações para barrar as medidas de governos e empresários.
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