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Luta | Professores de Natal-RN suspendem forte greve após imporem negociação de reajuste

Nesta quarta-feira, 29, os professores municipais de Natal realizaram uma assembleia pela manhã para discutir o andamento das negociações com a prefeitura, e deliberaram pela suspensão da greve, com indicativo de nova assembleia no próximo dia 10 de janeiro, impondo uma negociação e arrancando 6,5% de reajuste.

quarta-feira 29 de dezembro de 2021 | Edição do dia

O Esquerda Diário conversou com professores presentes nessa assembleia que deram seu depoimento anônimo, e expressaram confiança na força demonstrada pela categoria em uma mobilização que não se via há muitos anos. Eles se enfrentaram com a truculência de Álvaro Dias (PSDB), que usou a GM para reprimir manifestação e se apoiou no autoritarismo do judiciário do RN para atacar o direito de greve da categoria, com uma multa de R$ 20 mil pelos dias parados. Mas em uma mobilização de 20 dias obrigaram o prefeito a ceder o reajuste, mesmo que metade abaixo do exigido por lei.

Uma força que é ponto de apoio para as batalhas futuras contra o prefeito Álvaro Dias (PSDB), assim como de Bolsonaro e Mourão, que junto ao judiciário herdeiro do golpe de 2016 atacam a educação, os professores e o conjunto da população.

Confira os depoimentos:

1)“S: Essa greve tem sido bem importante pra gente pelo tempo onde estávamos, nós categoria de professores, meio parados, meio acomodados. Há tempos eu não via uma greve tão movimentada, apesar que nem todas as escolas aderiram ao mínimo de 50%. Mas eu acho que a gente tira, digamos assim, bons resultados… pelo movimento. Apesar da prefeitura tá sendo, digamos assim, bem ditadora, sem abrir muitos espaços para a categoria. Mas eu acho que a gente teve grandes avanços, mesmo não tendo sido esperado. Eu acho que a gente vai melhorando, trazendo novas energias para a gente continuar na luta.

ED: E como foi a mobilização na sua escola?

S: Então como nós temos professoras do seletivo que não aderiram… por medo, por insegurança, mas acredito que futuramente a gente tenha a categoria mais organizada, mais segura, para aderir totalmente aos movimentos.”

2) “M: A categoria conseguiu reunir uma parte significativa, conseguiu montar uma boa greve, houveram escolas que tiveram muita resistência, também com problemas com os gestores que… não apoiam as greves, entregam o nome dos professores grevistas… alguns colegas que por conformismo não aderem às greves. E também a questão de termos dificuldade de radicalizar a greve, por conta da opinião pública e tudo mais. Mas no conjunto da greve eu acho que apesar dos pesares é positiva porque a gente mobilizou a categoria, fez manifestações, fizemos um enfrentamento positivo. A gente não conseguiu o objetivo que a gente queria esse ano, mas preparamos o terreno para que se consiga nossos objetivos para o ano que vem.

ED: Fala um pouco sobre a situação na escola que você tá trabalhando?:

M: A situação é terrível, eles mandaram a gente voltar, eles não dispõe de álcool em gel, não dispõe de espaçamento no chão pras crianças fazerem distanciamento, nenhum tipo de apoio. Simplesmente botam você em uma sala pequena, agora com 100% dos alunos, os alunos se acotovelando… o COVID realmente faz a festa em um ambiente daquele alí. Não tem as mínimas condições de trabalho, os terceirizados não recebem salários, falta merenda… falta tudo.”

3) “R: Primeiramente em relação a situação da escola, eu sou professor lá no professor Zuza, nós somos uma das escolas que demorou a voltar pra aula presencial por causa da situação estrutural da escola. Nós temos um problema na caixa d’água há anos que as direções vem solicitando reparos, vem solicitando trocas, e há anos também a engenharia vai na escola fazer foto e vai embora… diz que resolve mas não resolve. Até este momento nós estamos com caixa d’água improvisada, e quando falta água no bairro tem que suspender aula por que a caixa é muito pequena pra quantidade de aluno, não existe reservatório funcional. A quadra há quase 10 anos está destruída… também a mesma situação, a engenharia vai, faz foto, promete que vai resolver e não resolve. Então, assim, ventiladores faltando nas salas, salas superquentes, situação parecida com a maioria das escolas. Então nossa luta não é só a luta do pessoal por reposição salarial, atualização salarial, é também em relação a situação dos trabalhadores e das escolas. Em relação a greve, assim, isso realmente considero uma situação vitoriosa a que a gente tá discutindo aqui hoje, porque pouco tempo de greve e a gente já conseguiu fazer com que essa prefeitura opressora se desesperasse, entendeu? Então considero que os encaminhamentos são todos positivos.”

São relatos que demonstram a forma absurda com que Álvaro Dias (PSDB) trata a educação do município, as péssimas condições das escolas e de trabalho dos professores, que na sua mobilização sofrem todo tipo de perseguição, inclusive por parte do judiciário, para manter a situação precária dessa forma. Frente a ameaça da reforma administrativa, assim como privatizações, uma nova reforma trabalhista, e outras medidas colocadas pela extrema-direita de Bolsonaro e a direita neoliberal que Álvaro Dias é parte, com objetivo de descontar a crise nas costas dos trabalhadores e nos serviços básicos à população, essa força pode ser um grande ponto de apoio preparar as batalhas do futuro. Batalhas que terão que se enfrentar também com os ataques do governo estadual de Fátima Bezerra (PT), que precariza a educação e a saúde do estado, como mostraram os servidores do Detran e da saúde, unificando o conjunto das categorias em uma só luta contra os capitalistas e seus governos.




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