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GREVE NA USP | Professores da filosofia da USP desmontam piquete de estudantes em greve

João SallesEstudante de História da Universidade de São Paulo - USP

segunda-feira 18 de junho de 2018 | Edição do dia

Na semana passada alguns professores da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP), organizaram um abaixo assinado divulgado pelo professor e chefe de departamento Ruy Braga (PSOL) exigindo a desobstrução dos prédios da Faculdade, colocando como “uma medida unilateral e antidemocrática que compromete o diálogo entre os setores mobilizados e a construção conjunta da luta”, ignorando os ataques sistemáticos à mobilização vindos da burocracia na direção da FFLCH. Neste final de semana, um grupo de professores da Filosofia chegou ao absurdo de se organizar para desmontar o piquete que os estudantes decidiram democraticamente em assembleia realizar, buscando impedir que estes possam seguir em greve. Hoje (18), estes professores realizaram um ato contra os piquetes, que foi repudiado não só pelos alunos, mas também por trabalhadores, que se somaram ao contra-ato cantando "ô estudante, pode lutar, trabalhadores estão aqui para te apoiar".

A Adusp (Associação de Docentes da USP) deliberou em sua última assembleia do dia 14/06 a suspensão da greve, e frente a esse cenário se faz necessário colocar na ordem do dia o diálogo entre os 3 setores, já que os outros dois setores (trabalhadores e estudantes) deliberaram em suas assembleias a continuidade da greve. Atitudes como a retirada do piquete na filosofia no último fim de semana vão na contramão disso, gerando conflitos que de fato comprometem a mobilização. Atitudes como esta dividem as categorias em vez de unificá-las. Muitos estudantes, que contam com a participação ativa de alguns docentes com ações unificadas, aulas públicas e a solidariedade nas pautas, acabam desta forma adquirindo uma visão equivocada de que essa categoria é inimiga e dessa forma somos nós que saímos com menos força para a continuidade nas lutas que estão por vir, e não o projeto privatista da reitoria diretamente ligado com a política de Marcio França no Estado de SP e do governo golpista à nível federal.

O piquete é um método de luta totalmente legítimo e que na faculdade em questão passou pelas assembleias de cada curso, caracterizando uma ação consciente e democrática que ao contrário do que esse setor tenta colocar não está em contraposição à construção da greve em unidade, mas sim a reforça, já que os trabalhadores sofrem todo tipo de assédio moral da chefia para continuar suas atividades e os professores que não aderem as greves pressionam os alunos a continuarem comparecendo as aulas, rachando as categorias e colocando uns contra os outros.

É necessário que estes professores se articulem com as outras categorias em plenárias dos três setores e adotem uma postura realmente democrática, sem utilizar de demagogia sobre a "construção conjunta da luta" enquanto condicionam isso à atitudes como ameaças de processos administrativos contra estudantes ou desrespeito às deliberações estudantis como o caso citado. Não devemos cair em palavras bonitas e demagogia cobrando diálogo de professores que assim que os trabalhadores aparecem, viram as costas e dizem que negociar com essa categoria não é da sua alçada. Devemos buscar sim o diálogo e unidade com professores, mas com aqueles que assim como os professores da FEUSP (que retomaram as aulas sem cobrar presença ou entrega de trabalho), respeitam as deliberações de nossa categoria e se colocam a favor da luta, e não estão ao lado da burocracia que instala câmeras nos perseguindo e depois mascaram seu autoritarismo com mentiras, pois estes são os que se ligam à reitoria para nos atacar e manter seus privilégios.

A defesa do direito de greve dos estudantes e a decisão de seus métodos passa pela questão mais urgente: unificar e massificar a mobilização. O horizonte é o acúmulo de forças na luta contra os ataques ligados ao projeto privatista estadual articulado com o projeto golpista de Temer, para a conquista da abertura imediata do livro de contas, mais verbas para a educação pública e de uma universidade sem o filtro social do vestibular, a serviço dos trabalhadores e de todo povo pobre através de uma estatuinte livre e soberana que imponha um governo dos estudantes, trabalhadores e professores de forma proporcional, contra a burocracia acadêmica – que inclusive recentemente teve seu teto salarial aumentado em quase 10.000 reais –, pela dissolução do Conselho Universitário, o fim da reitoria e toda essa estrutura corrupta de poder.




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