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DESIGNAÇÕES MG | Professora, vai para qual escola?

Flavia ValleProfessora, Minas Gerais

terça-feira 26 de janeiro de 2016 | 23:31

Hoje recebi mais uma mensagem de uma estudante de uma escola pública em Contagem: "Oi Profe, vai para qual escola?". E mais uma vez tive que responder para ela que ainda não sei nada de como será meu local de trabalho nesse ano de 2016. Como poderia explicar para ela de maneira simples a constrangedora situação que todos os professores da rede pública enfrentam todo início de ano? Difícil!

Talvez eu e milhares de professores pudéssemos começar a fazer melhores planejamentos de aulas caso as datas do processo de designação das metropolitanas A e B (que engloba Belo Horizonte e região metropolitana) e do município de Juiz de Fora, não tivessem sido adiadas e remarcadas um dia depois do adiamento das designações nessas superintendências regionais de ensino. O adiamento gerou a primeira grande confusão no já tortuoso processo de busca de aulas com vínculo precário na rede pública estadual de ensino.

Segundo informações do site da Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais, a causa do adiamento teria sido relacionado a “problemas técnicos no sistema operacional de lançamento de divulgação, pelas escolas, dos editais disponíveis”. Os novos horários foram remarcados e acontecerão em BH e na região metropolitana a partir de hoje, 27 de janeiro. Já no município Juiz de Fora as designações foram adiadas para a semana que vem.

Sobre informações de suposta liminar que corre na justiça que poderia questionar o atual processo de designação, a informação oficial é que não houve nenhum deferimento, ou seja, aprovação, de qualquer liminar sobre o tema.

A nota da Secretaria de Educação dando alguma informação oficial sobre o ocorrido saiu apenas no dia seguinte do adiamento, o que gerou ainda mais ansiedade em milhares de professores receosos de todo tipo de “contra informação”. E para surpresa de milhares de professores a nota no site da Secretaria tem o título “Processo de designação na educação segue normalmente em todo estado”. Como se cerca de 210 escolas que tiveram o processo adiado, apenas na Metropolitana B, em quatro dos principais municípios do estado (Belo Horizonte, Contagem, Betim e Juiz de Fora) fosse algo próximo de “seguir normalmente” as designações! Apenas mais uma mostra do descaso com os milhares de professores que foram atingidos.

Toda essa situação é uma repetição trágica do que espera um professor todo início de ano, consequência da precarização da educação. O atual processo de designação é mais uma mostra de como a gestão de Fernando Pimentel do PT segue o modelo de precarização do ensino mineiro arruinado pelos governos tucanos, que afeta todos os professores, desde os professores efetivos até os mais precários, milhares de recém demitidos pela lei 100 e outros milhares que seguem no longo aguardo das nomeações de seus concursos.

E voltando à pergunta inicial, como explicar para minha aluna?

Talvez diria que as designações e a divisão da categoria são formas de gestão da educação inspiradas nos modelos neoliberais que divide para retirar direitos sociais, como uma educação de qualidade, e direitos trabalhadores. E que o governo e até sindicatos tratam isso como natural, tentando no máximo melhorar um prego numa máquina enferrujada. Diferente disso, os estudantes de São Paulo que ocuparam escolas mostraram que juntos é possível derrotar tanta coisa ruim na educação e construir algo novo. Terminaria dizendo que os professores estão tendo que aprender com os alunos como derrotar projetos do governo que pioram a educação, como a divisão dos professores em diversas subcategorias, processo que em Minas Gerais no governo de Fernando Pimentel também é coroado com a trágica "designação", apenas a ponta do iceberg de um sistema de ensino em que todos os professores, os alunos e a população são as vítimas constantes.




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