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PARANÁ | Professora é afastada de escola pública por abordar Karl Marx em aula

Uma professora da rede pública do Paraná foi afastada de seu local trabalho por abordar Karl Marx em sala de aula. Os alunos do 1º ano do Ensino Médio fizeram uma paródia do funk "baile de favela" com o tema da luta de classes, que alcançou mais de 150 mil visualizações em apenas 24 horas, gerando ataques de blogs e colunistas da direita. A direção da escola afastou a educadora alegando exposição dos alunos e "difamação da instituição".

sábado 9 de julho de 2016 | Edição do dia

Na última quarta-feira (6), os alunos do Colégio Estadual Profª Maria Gai Grendel fizeram um protesto em defesa da professora, reivindicando seu retorno à escola. A mesma direção que afastou a trabalhadora chamou a PM para reprimir o protesto dos estudantes.

No vídeo, que pode ser visto no link abaixo, os estudantes cantam versos como: “Os burgueses não moram na favela/ Estão nas empresas explorando a galera/ E os proletários, o salário é uma miséria/ Essa é a mais-valia, vamos acabar com ela”. A professora explicou que abordava filósofos e sociólogos do currículo escolar, e que em breve estudaria Max Weber com a turma.

A direita reacionária jamais aceitaria tamanha consciência de classe em alunos da rede pública, sobretudo em tempos de "Escola Sem Partido". Figuras como Rodrigo Constantino, que já foi colunista da Veja e do O Globo, acusam a professora de doutrinação aos estudantes, e defendem o projeto conhecido como "Lei da Mordaça" como método para combater isso. É bem verdade que há distintos interesses que envolvem esse projeto de lei, que tem evidente tom de censura. Como mostramos aqui há muito além de uma suposta proteção aos estudantes motivando esse projeto de lei reacionário. Para os professores o PL reserva multas e até prisão no caso de serem caracterizados como "doutrinadores".

O PL vem gerando repúdio a um grande número de professores e estudantes pelo país, e também suas versões estaduais e municipais. As ocupações de escolas, greves e demais lutas pela educação pública tem trazido essa bandeira pois na prática o Escola Sem Partido quer impor uma educação limitada, autoritária, apática, além de prever duras punições aos professores por exercerem seu direito de se expressar.

A educação, em nenhum caso é isenta de posicionamento. A diferença é que aqueles que se posicionam por manter tudo como está não declaram essa posição abertamente, mascarando-a de uma certa neutralidade. Os que têm uma visão crítica, no sentido de educar para transformar, principalmente no campo das ciências humanas, costumam ser mais declarados em suas posições. Mesmo nas ciências exatas e biológicas, existe um posicionamento de fundo no conhecimento passado.

O conteúdo de Karl Marx nas mãos da juventude assusta a direita, que quer que o conjunto da classe trabalhadora continue a pagar pelas crises capitalistas. Hoje amargamos mais de 11% de desemprego no Brasil, onde boa parte dos desocupados tem até 25 anos. Uma juventude que vem lutando pelo seu direito ao futuro, da qual querem tirar o direito ao senso crítico, retirando também dos professores a autonomia de suas aulas. O caso da professora Gabriela do Paraná é uma amostra do que o Escola Sem Partido reserva aos educadores: perseguições, afastamento, autoritarismo. Por isso repudiamos o Escola Sem Partido, é defendemos o retorno imediato da professora à escola, com seus alunos e com seu direito de expressar e conduzir suas aulas.

Veja o vídeo:




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