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PETROBRAS PRIVATIZAÇÃO | Presidente do Conselho da Petrobras renuncia: sintoma de privatizações iminentes

Hoje a Petrobras anunciou o afastamento do seu presidente do Conselho de Administração. O presidente da Vale do Rio Doce que também exercia este cargo na Petrobras desde abril deste ano anunciou seu afastamento até o final de novembro. Seu substituto, também da Vale do Rio Doce, também renunciou escancarando as contradições políticas que se desenvolvem no seio da alta administração da estatal sob fogo da operação Lava Jato e avançados planos para a privatização do petróleo nacional e retirada dos direitos dos petroleiros.

Leandro LanfrediRio de Janeiro | @leandrolanfrdi

terça-feira 15 de setembro de 2015 | 00:00

Murilo Ferreira, presidente da privatizada Vale do Rio Doce detinha o cargo de presidente do Conselho de Administração da Petrobras desde abril deste ano quando o governo Dilma buscou colocar um nome do “mercado” para dar credibilidade à empresa. Seu afastamento foi anunciado hoje e foi seguido do imediato afastamento de seu substituto, também da Vale do Rio Doce. Luiz Nelson Guedes de Carvalho, que já faz parte do conselho da estatal assumirá o cargo.

A renúncia de Murilo Ferreira acontece poucas semanas após este mesmo empresário ter se oposto ao plano do governo Dilma de abrir o capital da subsidiária BR Distribuidora, criando uma situação inusitada no Conselho da subsidiária que teve seu presidente e o membro votado pelos trabalhadores se opondo a medida privatista enquanto todo restante da bancada indicada pelo governo a aprovava.

Murilo Ferreira é um empresário que assumiu o controle da Vale do Rio Doce depois de desavenças públicas de Lula com seu então presidente, Roger Agnelli, por não investir no Brasil. O atual presidente, supõe-se teria posições mais ao tom de um setor da elite brasileira que se vestiu de verde e amarelo pretendendo ter posições de “global player” mundial. Não há nada de “nacionalista” na Vale do Rio Doce que entrega bilhões de lucros aos seus acionistas estrangeiros e extrai minérios pouco desenvolvendo a indústria e tecnologia no país.

Não se sabe se o voto contrário de Ferreira no Conselho da BR se deu por considerações temporárias (visto que o governo não encontra compradores) ou gerais mas o fato de renunciar agora à Petrobras abre um caminho ainda maior para um avanço privatista.

O plano de negócios da Petrobras aprovado sob gestão de Ferreira prevê uma venda de cerca de 1/3 de todos ativos da estatal nos próximos anos, incluindo a venda total ou parcial de das subsidiárias TRANSPETRO e BR Distribuidora. Ainda sob sua gestão, a Petrobras tomou uma medida inédita em cerca de uma década propondo negociações de acordo coletivo separadas por cada empresa do sistema, abrindo caminho para fechar acordos piores nas subsidiárias que estão sendo propostas para venda. Para dar passos ainda maiores na privatização a estatal propôs redução de salário dos petroleiros, corte no valor das horas extras, instituir banco de horas (o que era ilegal segundo o acordo anterior) e ainda busca criar comissões para aprovar demissões sem a participação dos sindicatos (no acordo anterior não haveria nenhuma demissão, nem por justa causa sem uma comissão com participação dos sindicatos).

Esta série de medidas tomadas na administração do banqueiro Bendine e sob direção do conselho presidido por Ferreira visam fazer os petroleiros pagarem pela crise da empresa. As ações tomadas pela alta administração da Petrobras são condizentes com os planos do governo Dilma que os indicou e ainda conta com a entrada de recursos de privatizações no orçamento federal.

Não foram os milhares de petroleiros terceirizados que tem sido demitidos, nem os petroleiros próprios que sofrerão redução de salário que roubaram o patrimônio brasileiro, e agora querem que nós paguemos a conta!

A renúncia de Ferreira, com a esdrúxula desculpa de precisar se dedicar aos negócios da Vale, abre caminho para que os ataques aos petroleiros e propostas privatistas avancem como um rolo compressor. A disposição privatista do governo Dilma é tamanha que um presidente de uma empresa privatizada afastou-se por apresentar diferenças com o projeto.

Aos petroleiros é necessário preparar-se urgentemente para uma dura batalha em defesa de seus direitos e contra a privatização de todo e qualquer ativo do sistema Petrobras. A cada dia que não é organizada a resistência dos petroleiros as propostas privatistas ganham mais e mais força, é urgente de organizar pela base, em cada plataforma, terminal, refinaria e unidade administrativa, uma greve de todo o sistema Petrobras. A Federação Única dos Petroleiros marcou e desmarcou greves sucessivamente nas últimas semanas, agora propõe votar uma paralisação por tempo indeterminado, porém não marca uma data para seu início. Sua inação escancara como faz e fará de tudo para conter esta luta para que ela não entre em choque com “seu” governo. A minoritária FNP propõe greve de todo o sistema a partir do dia 24.

É necessário que todos sindicatos passem das palavras à ação e, que os petroleiros passem por cima daqueles dirigentes sindicais que não abrirem caminho à discussão nas bases e organização contra a privatização da empresa e retirada dos direitos, o que necessariamente exige lutar contra Dilma e seus funcionários na empresa que são os agentes da privatização, tão ou mais nociva que a proposta de abertura do Pré-Sal feita pelos tucanos que também devemos combater.




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