Em reportagem veiculada no RJTV, o presidente da Comlurb, Flávio Lopes, afirmou que a nova empresa, Klini, mantém, por menor valor, “o mesmo plano e mesma prestação de serviços”. A fala contrasta com a drástica situação denunciada por trabalhadores da Comlurb, que evidencia a incapacidade da empresa de dar conta dos trabalhadores.
sábado 30 de outubro de 2021 | Edição do dia
Na manhã de ontem (sexta feira, 29) o programa RJTV veiculou uma reportagem sobre a grave situação enfrentada pelos garis do Rio de Janeiro após o recente ataque da patronal e da prefeitura de Eduardo Paes a seus planos de saúde, com a substituição abrupta da empresa prestadora do plano por outra que, como mostram denúncias de diversos trabalhadores, não tem capacidade de responder às necessidades da categoria, deixando trabalhadores esperando indefinidamente por atendimento e muitas vezes sem resposta.
Na última quinta-feira (28) os trabalhadores protagonizaram um forte ato, no qual marcharam da Central do Brasil até a prefeitura, lutando contra o ataque aos planos de saúde e o congelamento salarial da categoria, além de exigir a reintegração de seus companheiros perseguidos politicamente e demitidos por lutar pelos direitos da categoria.
A rede Globo sequer menciona a luta em curso, buscando esconder o protagonismo dos trabalhadores e a grande força de sua mobilização. Apesar disso, os atos claramente tiveram impacto, por um lado levando a rede Globo a ter que dar visibilidade à drástica situação e, por outro, fazendo Flávio Lopes, presidente da Comlurb indicado por Paes, gravar um absurdo vídeo respondendo às demandas justas dos trabalhadores. No vídeo, enviado ao RJTV, Lopes desrespeita os trabalhadores que passam dificuldades, afirmando absurdamente que “fizemos uma licitação, e a Klini se consagrou vencedora com R$ 60 milhões a menos que o valor atual [do contrato], com o mesmo plano, mesma prestação de serviços”. Enquanto isso, trabalhadores enfrentam esperas dolorosas para aprovação de exames e procedimentos, inclusive cirúrgias, pela empresa que foi inicialmente contratada por um contrato emergencial sem licitação e que sequer poderia ter participado do processo licitatório por meio do qual foi escolhida, por não ter o porte adequado para atender ao quadro de funcionários e seus dependentes, tendo conseguido manter-se apenas por entrar com embargo na justiça contra as regras da licitação, que foi aceito pela chefia da Comlurb e pela prefeitura.
Há diversas denúncias de tratamentos interrompidos, inclusive pelo menos um caso, em Irajá, em que a interrupção do atendimento com a mudança de plano levou à morte de uma trabalhadora. É frente ao sofrimento desses trabalhadores que Lopes afirma que “a gente fez um esforço muito grande junto à nova prestadora” se gabando de um funcionamento supostamente muito bom do novo plano.
Na mesma reportagem, a empresa Klini ainda, hipocritamente afirmou que “absorveu todos os procedimentos e marcações” deixados pela empresa anterior. À afirmação absurda, se soma outra, da Comlurb, que em nota afirmou estar recebendo “depoimentos positivos” sobre o atentimento com a nova empresa.
Eduardo Paes também não fica para trás, se recusando a negociar com os trabalhadores, e inclusive fugindo da prefeitura para não ter que se encontrar com a categoria em luta no ato de ontem. Ao mesmo tempo, ataca e calunia os trabalhadores em suas redes sociais, afirmando que seus justos protestos contra as condições absurdas impostas pela prefeitura seria apenas uma “defesa” do plano anterior e os associando aos esquemas de corrupção do ex-prefeito Marcelo Crivella. Para rebaixar ainda mais, Paes, junto a Flávio Lopes, persegue politicamente trabalhadores por exercerem seu direito de manifestação. A luta já conta com dois demitidos políticos, e nós do Esquerda Diário nos somamos aos garis na luta incansável por sua reintegração!
Paes e Lopes aproveitam seus supersalários, acumulados às custas do trabalho árduo de uma categoria essencial para fazer a cidade funcionar, que não parou um dia sequer durante a pandemia, arriscando suas vidas, só para serem atacados e terem suas condições de vida e trabalho precarizadas. Enquanto isso, mentem para a população para tentar de livrar da responsabilidade pela tragédia que impõe à categoria, ainda chegando ao cúmulo de postar em suas redes sociais comemorações hipócritas de dia do Servidor Público no mesmo momento que ignora os trabalhadores em luta.
Repudiamos as mentiras hipócritas de Paes e Flávio Lopes e nos colocamos ao lado dos garis em toda sua heróica luta! Igualmente, o Esquerda Diário coloca suas páginas à disposição de quaisquer denúncias e manifestações da categoria, bem como de todos os trabalhadores em luta ou sofrendo ataques das patronais e dos governos. Convidamos todas e todos a se somarem à luta dos garis, contra os ataques aos planos, pelo reajuste salarial e pela reintegração imediata dos perseguidos políticos!
