Após uma reforma realizada em fevereiro de 2020 no Parque da Redenção, local turístico e muito frequentado de Porto Alegre (RS), apareceu em um trecho, no piso, uma imagem de uma suástica nazista, ainda que modificada, mas mantendo seu padrão de linhas e cores.
quinta-feira 14 de outubro de 2021 | Edição do dia
Por meio da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (SMAMUS), a prefeitura informou que os detalhes daquele trecho do parque fazem parte de sua pintura original e foi realçado por meio de um restauro em 2020.
O fato é que a sua pintura original é datada de 1935 e fez parte da Exposição Internacional Agrícola e Industrial de Comemoração do Centenário da Revolução Farroupilha, que comemorava a farsa chamada de revolução e o racismo reacionário da cultura farroupilha. Exemplo disso é que foi só depois da Exposição de 1935 que o Parque da Redenção (naquela época chamada de Campo da Várzea ou Campo da Redenção), um local de grande importância na história da luta contra a escravidão dos negros do sul, onde concentravam-se negros recém libertos em 1884, teve seu nome oficial mudado para Parque Farroupilha.
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A Exposição Farroupilha contou com milhões de visitantes e foi realizada pelos colaboradores do regime ditatorial de Vargas. O prefeito da cidade na época era Alberto Bins, indicado por Flores da Cunha (interventor federal no RS, e participante direto do golpe de estado de 1930). O projeto de reforma que transformará o Campo da Redenção em sede da exposição foi realizado por Alfred Agache, um arquiteto francês colaborador do Regime Vargas. Agache realizou reformas em diversas capitais brasileiras, e com o final da Era Vargas e a ascensão da extrema-direita na Europa voltou para Europa, retornando ao Brasil novamente somente em 1939. Durante a exposição nacionalista, cada capital teve um pavilhão.
Destaca-se o pavilhão do Estado de Santa Catarina, onde uma bandeira nazista é vista no mastro em frente ao prédio.
- Bandeira nazista hasteada no pavilhão de Santa Catarina na Exposição Farroupilha de 1935
- Bandeira nazista hasteada no pavilhão de Santa Catarina na Exposição Farroupilha de 1935
É essa a história que está por trás da pintura que hoje causa repulsa na juventude de Porto Alegre, e que precisa ser repudiada até o fim. Estas alusões ao nazismo já haviam aparecido mesmo em 2020, com o secretário da cultura de Bolsonaro, Roberto Alvim, replicando o discurso e a estética do ideólogo nazista Joseph Goebbels. É essa a história que hoje o prefeito Melo se faz conivente, afirmando que não irá apagar a alusão a suástica nazista do Parque da Redenção.
O Prefeito de Porto Alegre (Melo), faz recorrentemente ataques aos trabalhadores da cidade, como nos casos da privatização da empresa de transporte público Carris e na extinção dos cobradores, que pode acarretar na demissão de mais de 3.000 trabalhadores; no ataque às aposentadorias dos servidores municipais (reforma da previdência dos municipários); no combate a pandemia, que foi destaque internacional no New York Times como exemplo de barbárie, e ainda expressou em suas próprias palavras sua política nefasta: “Contribua com a sua vida para salvar a economia”, disse Melo ao final de fevereiro.”
É preciso jogar na lata de lixo da história o que foi o nazismo e toda a herança reacionária da tradição farroupilha, que faz parte da história da elite racista de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul!