×

EFEITO CORONAVÍRUS | Preço do petróleo despenca nos EUA e fecha abaixo de zero pela primeira vez na história

O barril do West Texas Intermediate (EUA) futuro, com entrega para o mês de maio, terminou o dia em -37,63 dólares por barril. Isso se deve à redução da demanda mundial causada pela pandemia de coronavírus. As principais bolsas internacionais também caíram.

terça-feira 21 de abril de 2020 | Edição do dia

O preço do petróleo bruto West Texas Intermediate (WTI) (benchmark nos Estados Unidos) com entrega para o mês de maio, que vence na terça-feira, caiu 306% e terminou negativo em -37,63 dólares por barril. Isso se deve à redução da demanda mundial causada pela pandemia de coronavírus. Os principais mercados de ações internacionais também caíram, como indicaremos ao final do artigo. O preço do barril Brent, da Europa, também acelerou suas perdas para 9%, em torno de US$25,57.

A queda nos preços se deve à redução na demanda, causada pela pandemia do coronavírus. Com a redução no uso de combustíveis nos transportes e no uso industrial dos derivados do petróleo, houve superprodução da matéria-prima e uma crise na capacidade de armazenamento desta.

A Administração de Informações sobre Energia, dos Estados Unidos (AIE), já havia informado que as reservas de petróleo aumentaram em 19,25 milhões de barris na semana passada. A AIE argumentou em um relatório na semana passada que "a capacidade de armazenamento pode saturar em algumas regiões antes de ocorrer em nível global. Esse é particularmente o caso em regiões sem acesso ao mar, em locais na América do Norte ou na Rússia. Uma vez que o armazenamento local estiver saturado, se não houver meios de acessar diretamente os mercados internacionais, a produção deve parar. Os produtores de petróleo no oeste do Canadá, assim como alguns produtores de óleo de xisto nos EUA, também enfrentam essas limitações hoje". Buscando diminuir o petróleo em circulação, Donald Trump já anunciou que irá adicionar 75 milhões de barris às reservas norte-americanas. O excesso estadunidense tende a se refletir internacionalmente e a Turquia já anunciou a construção de um depósito para segurar 7 milhões de barris.

Segundo a agência Bloomberg, o colapso do petróleo se deve ao fato de o contrato futuro para maio expirar na terça-feira, o que força a recepção física do petróleo em um momento em que a capacidade de armazenamento é muito baixa. O preço que está sendo seguido corresponde ao futuro, que é o do mês mais próximo, mas a partir de amanhã o preço de referência será de US$20 para o futuro de junho. Ainda assim, 20 dólares já é um valor historicamente baixo e que pode cair mais.

O preço do petróleo no início de março caiu acentuadamente após a falta de acordo entre a Rússia e a Arábia Saudita, membra da OPEP, para reduzir a produção. A Arábia Saudita decidiu aumentar a produção e causar a maior queda nos preços do barril em 20 anos. Finalmente, os dois países chegaram a um acordo para diminuir a produção em quase 10 milhões de barris por dia, para impulsionar os "mercados". Segundo especialistas, esse corte não é suficiente para compensar a queda na demanda. Elwin de Groot, chefe de macro-estratégia do Rabobank, disse à Reuters que "se o consumo de energia cair 30% e a OPEP reduzir a oferta em 10%, ainda haverá uma grande lacuna".

Pode te interessar: Chaves para entender a queda no petróleo que arrasta os mercados financeiros

Vandana Hari, fundadora da Vanda Insights, uma empresa de análise de mercados de energia localizada em Cingapura, disse ao Financial Times que os últimos desenvolvimentos "pintaram uma imagem sombria de um mundo que ainda está firmemente nas mãos da crise do coronavírus, ampliando as preocupações com a queda na demanda de petróleo".

No Brasil, estados como o Rio de Janeiro e a empresa Petrobrás - que já teve queda de suas ações hoje - podem sofrer diretamente as consequências da queda internacional dos preços da commodity.

Os principais mercados de ações do mundo refletiram perdas. O índice financeiro MSCI Ásia-Pacífico (exceto Japão) caiu 0,2%, o Índice Nikkei do Japão caiu 1,15%, mas as ações chinesas subiram 0,4%. O acidente afetou a Bolsa de Nova York. O índice Dow Jones Industrials caiu 1,66%, alcançando 23.860,32 pontos, enquanto o índice seletivo S&P 500 caiu 1,03% e o tecnológico Nasdaq caiu 0,81%. Na Europa, os índices locais operavam no vermelho: queda de 0,72% no Reino Unido; 0,73% na França; 1,07% na Alemanha; 1,95% na Espanha e 1,13% na Itália.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias