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CORONAVÍRUS E CAPITALISMO | Portugal é o único país a suspender o direito à greve

Portugal é o único país que suspendeu o direito à greve no estado de emergência. Nem na Índia do fascista Modi, nem na Itália, que enfrenta a pior das situações, não o fizeram!

sábado 21 de março de 2020 | Edição do dia

Na Itália as greves foram suspensas somente nos setores essenciais relacionados com a luta contra o vírus; nos Estados Unidos em nenhum setor; na Espanha foi limitado o direito à reunião, não o direito à greve. Na Itália teve uma ameaça de greve geral, de trabalhadores efetivos e precários, o que levou ao governo a aprovar a proibição das demissões durante a pandemia. Na França está garantido o direito à greve, apesar do decreto de estado de emergência e do toque de recolher.

O decreto aprovado em Portugal é um erro histórico sem precedentes, o maior erro cometido desde o dia 25 de abril de 1974. A história não perdoará. Em Portugal se aprovou o estado de exceção para permitir de fato as demissões sem resistência… a tinta do decreto ainda não tinha secado e Groundforce aproveitou hoje e já anunciou a demissão de mais de 500 trabalhadores e a redução de salários de outros 500- que nem sequer podem fazer greve. Querem obediência e silêncio, já o dizia o velho Salazar: “Se soubessem o quanto custa ordenar periferias a obedecer por toda a vida”.

Os seguintes serão TAP (linha aérea portuguesa, nota da tradução), restaurantes, hotéis, serviços, assim é o como “sairemos da crise”, condenando a milhões de pessoas à fome para deixar intactas os lucros e os bônus de dividendos de meia dúzia de acionistas - só com isto, considerando desde 2008, se pagaria 6 meses a todos os trabalhadores em Groundforce.

Não ocorreu ao governo português limitar - com o Decreto de emergência- o direito à remuneração dos acionistas, nacionalizando os benefícios destas empresas, ou ao menos os recentes dividendos, para garantir os salários a milhões de trabalhadores e suas famílias.

O direito à greve acabou - com o entusiasmo dos meios de comunicação-, ou seja, foi suprimido o direito democrático de quem trabalha para lutar por seu trabalho, que é o direito à vida desses trabalhadores e seus filhos. Sim, a democracia tem sido suspensa, e quem fez isso foi o Partido Socialista. Com o apoio entusiasta da direita, da extrema direita e - quem poderia imaginar- o voto a favor do Bloco de Esquerda e a abstenção do PCP (Partido Comunista de Portugal), que com isso enfrentam uma crise moral e ética sem precedentes.

Hoje na TAP (linha aérea de Portugal), amanhã será para todos. Os que vivem do trabalho não só estão em quarentena, estão lutando juntos pela vida hoje. A estes - aos mais pobres, mais frágeis, mais precários, não só lhes foi pedido que ficassem em casa. A estes foi exigido, por decreto militar, renunciarem ao futuro. E aqui ao contrário do que acontece com a pandemia, não se pode dizer que todos estamos no mesmo barco. Se o vírus não elege as classes sociais, a crise econômica é clara quanto a quem querem deixar pra trás. E o governo tem dito de que lado está.

Só uma recordação a todos, como nota final, que estes trabalhadores, nos portos, aeroportos e automotivas tem convocado espontaneamente greves e paralisações, pedindo que detenham a produção, e que utilizem equipes de proteção nos casos em que sejam setores chaves para o abastecimento (portos e aeroportos). Em outras palavras, as greves antes do estado de emergência ajudaram a conter o contágio ao invés de propagá-lo.

Foi esse temor, da exigência dos trabalhadores na Auto Europa (automotiva) ficarem em casa, o que levou ao governo a aprovar esse decreto com esta especificidade antidemocrática única na Europa.




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