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MILITARES NO GOVERNO | Portal da Transparência esconde número real de militares no Governo Bolsonaro

O Portal da Transparência, onde deveria supostamente se encontrar livre acesso à informação dos funcionários do Governo, esconde militares, tanto da ativa quanto da reserva, que compõem os ministérios. Muitos são registrados como civis.

quinta-feira 16 de julho de 2020 | Edição do dia

O portal da transparência do governo deliberadamente esconde os militares que ocupam cargos no Governo Bolsonaro, tanto os da ativa quanto os da reserva.

Em uma simples busca de membros dos ministérios, é possível ver militares da reserva, ou oficiais formados na Academia Militar dos Agulhas Negras (onde Mourão fez carreira) aparecerem no portal como "civis".

No ministério da Infraestrutura, há militares em praticamente todos os gabinetes e secretarias do ministério chefiado por Tarcísio de Freitas (também militar de formação) que estão "escondidos" no portal da transparência como civis.

Segundo um levantamento do portal Poder 360, feito no mês passado, eram quase 3 mil militares da ativa compondo cargos nos 3 poderes. A maioria alocada no Ministério da Defesa e no GSI, tipicamente ocupado por militares, mas cerca de 332 nos outros ministérios do Governo; encontrá-los nos portais que são fruto da Lei de Acesso à informação é como buscar uma agulha no palheiro.

Até mesmo Braga Neto, general da reserva, aparece no portal como civil. E vale lembrar, inclusive retomando a reforma da previdência dos próprios militares aprovada em 2019, que generais da reserva recebem um generoso "auxílio" mensal, por estarem aptos a retornar à ativa a qualquer momento. Militares - em especial os oficiais - mesmo entrando na reserva, não deixam de ser militares para se tornaram civis.

Eduardo Pazuello, Ministro interino da Saúde e militar da ativa por exemplo, aparece duplicado no portal, com seu cargo no Ministério da Saúde enquanto civil. O mesmo acontece com Flavio Augusto Viana Rocha, Assessor Especial da Presidência, e Almirante da Marinha, também da Ativa.

A falta de transparência do portal da transparência, por mais irônica que parece, esconde a lotação de militares da ativa e da reserva dentro dos hábitos e secretarias de todos os ministérios do Governo Bolsonaro. Ocupando cargos estratégicos no segundo e terceiro escalão, o governo os esconde para que não fique tão perceptivo o tamanho da inserção dos militares da ativa dentro destes ministérios, ocupando cargos estratégicos para trabalhar pelos interesses de suas forças, Exército principalmente, que tem mais componentes no governo, mas também a Marinha e Aeronáutica.

Essa ocupação massiva dos militares em milhares de cargos mostra parte de seu crescente fortalecimento enquanto poder no país, disputando seus projetos de interesse próprio, estreitando ainda mais sua relação com o Estado. Uma amostra do nível de degradação que o regime brasileiro vem avançando desde o golpe de 2016, e a passos mais largos com Bolsonaro.

Veja aqui apenas alguns dos militares que o portal da transparência classifica como civis (no MEC e no Ministério da Infraestrutura):

Ministério da Educação

  •  Sebastião Odécio Pires de Camargo, Coronel Interino R1 (Secretário Substituto de Modalidades Especializadas de Educação)
  •  Fabrício Storani de Oliveira, Coronel da Ativa (Diretor de Políticas para Modalidades Especializadas de Educação e Tradições Culturais Brasileiras - DMESP)

    Ministério da Infraestrutura:

  •  Marcos Kleber Ribeiro Felix, formado no Instituto Militar de Engenharia, entre 2997 e 2001 (Assessor Especial do Gabinete do Ministro)
  •  Caubi Batista de Souza, Capitão da FAB (Coordenador Geral de Infraestrutura e Aeronáutica Civil)
  •  Marcelo da Costa Vieira, formado em Ciências Militares na Academia Militar dos Agulhas Negras em 1993 (Secretário Nacional de Transportes Terrestres)
  •  Evandro da Silva Soares, formado em Ciências Militares na Academia Militar do Agulhar Negras em 1987 (Chefe de Gabinete da SNNT)
  •  Paulo Cezar Dias de Alencar, Coronel da Reserva, formado em Ciências Militares na Academia Militar dos Agulhas Negras em 1992 (Coordenador Geral de Segurança e Gestão Viária)

    Lembrando que estes nomes são frutos de uma pesquisa ainda inicial, que mostra que são diversos os militares escondidos pelo portal da transparência, tanto da ativa, quanto da reserva. É provável que dentro destes mesmos ministérios estejam outros militares que os portais do governo tratam como civis.




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