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PARALISAÇÃO NACIONAL 29M | Porque é preciso construir uma terceira força na paralisação do dia 29?

Diana AssunçãoSão Paulo | @dianaassuncaoED

terça-feira 26 de maio de 2015 | 00:30

A burocracia sindical está atuando conscientemente para impedir o surgimento de uma terceira via, ou melhor dizendo, uma terceira força dos trabalhadores, independente do governo e das próprias burocracias, mas também da direita tucana. A melhor maneira de fazer isso é por um lado controlando sua própria base, mas por outro comprometendo todos os setores da esquerda com um programa ambíguo que termina defendendo o governo Dilma.

O novo corte bilionário no orçamento da União vem como um novo anúncio de mais ajustes, arrocho, demissões. Significa que a organização e luta dos trabalhadores deverá redobrar esforços para enfrentar a crise que querem descarregar em nossas costas. Mais ainda é necessário denunciar este governo. O chamado das centrais sindicais coloca eixo na luta contra o PL 4330, das terceirizações, contra as Medidas Provisórias 664 e 665 e também deveria colocar eixo na luta contras as demissões, o arrocho salarial, o apoio ativo às greves em curso e contra o corte bilionário no orçamento.

Entretanto também há uma clara tentativa, em especial da CUT, de transformar o dia 29 num dia em defesa da “vitoriosa agenda” da presidenta Dilma. Vagner Freitas, presidente da CUT, tem elaborado matérias e vídeos onde fala abertamente que os trabalhadores precisam defender o governo. Em última nota chega a dizer que o PT tem sim seus erros que precisam ser corrigidos, mas frente à onda conservadora é preciso defender o governo. A isso ele chama de “guerra de classes”.

Estes burocratas sindicais querem nos fazer acreditar que estão de “mãos limpas” diante dos ataques do governo. Mais que isso, querem criar um “país imaginário” onde não existe o governo, nem Dilma. Parece mentira, mas no panfleto unitário do dia 29/05 não existe o nome de Dilma Roussef. Os ataques, as demissões, os ajustes, tudo é obra de Joaquim Levy e Eduardo Cunha. O pior é que agrupações da esquerda como Juntos! e RUA do PSOL assinam esse material. A CSP-Conlutas, corretamente, não assina.

O avanço da crise econômica no Brasil, os crescentes casos de corrupção e a enorme insatisfação popular com o governo e os políticos em geral, apontam um cenário de maior luta de classes no país. Apontam também um aprofundamento da ruptura com o petismo, que pode dar lugar a fenômenos políticos e de reorganização na esquerda. Diante disso, mais do que nunca, é preciso construir uma terceira força dos trabalhadores, para que não sejam massa de manobra da oposição de direita e nem da burocracia sindical governista.

Uma terceira força não pode estar apenas em matérias nos sites dos partidos de esquerda (muito pouco visitados, diga-se de passagem) agitando a consigna de “greve geral”. Não haverá nenhuma greve geral com essa burocracia atrelada ao governo. Não basta falar a favor da greve geral, como fazem o PSTU e várias correntes internas do PSOL. É preciso colocar todo o peso sindical e parlamentar destas correntes para desmascarar a política governista da CUT.

A construção da terceira força tem que ser parte da política concreta nos locais de trabalho. Participar do dia 29 é fundamental, mas com uma política independente. Nos sindicatos dirigidos pela esquerda, levantar a necessidade da auto-organização dos trabalhadores se organizando a partir de assembleias de base e encontros com delegados eleitos nos locais de trabalho deveria estar na ordem do dia. É necessário se organizar para exigir e impor, nos sindicatos controlados pela CUT, a paralisação do dia 29 e assembleias democráticas para os trabalhadores definirem sua própria pauta.

Só é possível ter uma política independente no dia 29 denunciando essas burocracias sindicais, e demonstrando para os trabalhadores que podemos paralisar todos juntos, mas é para construir um terceiro campo dos trabalhadores, pois com a burocracia sindical não haverá alternativa independente que possa levar os trabalhadores a avançar politicamente na luta contra os ataques, o governo e também contra uma sociedade de opressão e exploração.




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