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ELEIÇÕES MUNICIPAIS | Porque defendemos o voto nulo em Caxias do Sul

quarta-feira 28 de setembro de 2016 | Edição do dia

No próximo dia 2 de outubro acontecem as eleições municipais em todo o país e Caxias do Sul vai ter que decidir sobre os candidatos à prefeitura e à câmara municipal em meio a uma crescente descrença dos trabalhadores no regime político.

Consolidado o golpe institucional, o governo Temer segue relativamente instável para a aplicação dos ajustes que prometeu aos grandes empresários e ao imperialismo. Avança agora com uma reforma do ensino médio que pretende excluir as disciplinas de filosofia e sociologia, para precarizar ainda mais uma juventude que ocupou suas escolas em defesa da educação pública.
O PT durante todo o tempo tentou negociar com a direita, restringindo-se aos limites da institucionalidade burguesa e impediu os trabalhadores de derrotarem o golpe com seus próprios métodos, greves e ocupações, como fez durante seus governos para poder aplicar os ajustes que já fazia. Recorreu ao STF ao invés de mover a CUT para uma verdadeira greve geral, provando que teme mais a luta de classes que o próprio golpe.

Em Caxias do Sul dão a última cartada com a candidatura de Pepe Vargas à prefeitura. Fez parte da política do governo petista no campo quando foi Ministro do Desenvolvimento Agrário no governo Dilma, que é reafirmar o domínio dos grandes latifundiários legitimando a perseguição, assassinatos e massacres contra os povos indígenas e trabalhadores sem terra, prometendo a reforma agrária num horizonte tão distante que nem se pode enxergar.

O sentimento anti-petista na região é grande, sabendo disso omite o golpe para se aproximar do discurso da direita e assim ter mais condições de ser levado a um possível segundo turno.

Já o candidato mais forte do pleito, Edson Néspolo, faz parte de uma coligação de direita encabeçada por PDT e PMDB, com 21 partidos golpistas e corruptos. Conta com o apoio da também golpista e corrupta RBS (afiliada Rede Globo) e muito mais financiamento de campanha. É o grande amigo dos empresários e conservadores da cidade, com propostas que isentam os ricos da crise e prometem fazer os trabalhadores e a juventude pagarem com mais desemprego. Além de prometer a intensificação da repressão aos pobres com grande incentivo a Brigada Militar quer construir monumentos religiosos utilizando o dinheiro público.

Daniel Guerra do PRB, e Vitor Hugo da Rede, são os candidatos menores da direita e da mesma forma querem que os trabalhadores paguem a conta da crise para beneficiar os empresários. Daniel Guerra, figura reacionária de Caxias do Sul, o fato de estar ligado à Guerra, grande metalúrgica de Caxias, já evidencia que é só mais um candidato que quer a prefeitura para defender seus próprios interesses e das indústrias que explora, demitem, cortam e empregam imigrantes em condições precárias.

Por vezes manifestou posicionamentos fascistas em seu mandato de vereador, como mais policiamento, repressão e penas mais duras aos detentos. Como membro da comissão de educação da câmara dos vereadores defendeu que se tomasse atitudes contra os secundaristas que ocuparam suas escolas em defesa da educação. Além disso, defendeu o asqueroso Jair Bolsonaro em uma discussão sobre a moção de repúdio à declaração de Bolsonaro de que não estupraria Maria do Rosário porque ela não merece.

O dirigente sindical Assis Melo sai como candidato pelo PCdoB, partido que controla quase todos os sindicatos da cidade, inclusive o dos metalúrgicos (CTB), que conta com uma base operária de dezenas de milhares de trabalhadores. Em nenhum momento sua burocracia sindical convocou alguma luta séria contra o fechamento de fábricas na cidade ou contra as demissões que aconteceram, que dirá para conquistar um aumento salarial. Não dialogou com os trabalhadores para paralisarem a produção contra o golpe do qual hoje se diz contrário na propaganda eleitoral.

Já o candidato do PSOL, Francisco Correa, pertence a mesma corrente de Luciana Genro, o MES, que em Porto Alegre se aliou com a burguesia e promove discursos de direita defendendo terceirizações no marco da LRF, defendendo PPPs e aumento do contingente policial, para manter as possibilidades de vitória. Sua corrente se aliou a Sérgio Moro e aos golpistas ficando a favor do impeachment num primeiro momento, em Caxias o PSOL nunca mobilizou ou esteve presente nos atos contra Temer, seguindo a cartilha dos partidos da ordem que é priorizar a disputa eleitoral. O PSOL, enquanto único partido de esquerda com legenda na cidade, deveria se colocar irredutivelmente ao lado dos trabalhadores contra as demissões e a crise dos ricos, assim como ao lado da juventude que ocupou suas escolas, colocando a necessidade de construir um outro futuro. O que vemos é uma campanha reformista, que fala em “participação popular” e nada mais, deixando muito a desejar para um amplo setor de jovens que desperta para a política nos últimos tempos.

Nós do Movimento Revolucionário de Trabalhadores, enquanto marxistas, entendemos que não podemos depositar nenhuma esperança no regime democrático burguês, que exclui a esquerda das eleições nos impedindo por exemplo de lançar uma candidatura de nossa organização. Para nós, as eleições são um espaço onde os revolucionários devem intervir para dialogar com a classe trabalhadora e denunciar as contradições desse regime, não existe conciliação, o Estado é burguês e atende aos interesses dos donos do poder. E justamente por isso defendemos que os trabalhadores e jovens votem nulo nestas eleições, tanto para prefeito quanto para vereador, pela completa ausência de uma alternativa dos trabalhadores, que denuncie o golpe, os ajustes e o sistema capitalista, como fazem nossas candidaturas em São Paulo, Santo André, Rio de Janeiro, Contagem e Campinas, defendendo por exemplo que todo político ganhe igual a uma professora.

Chamamos todos à exigir que a CUT e a CTB rompam com o imobilismo e convoquem uma verdadeira greve geral para derrotar o golpe e os ajustes de Temer.

Movimento Revolucionário dos Trabalhadores - Caxias do Sul




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