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CUSTO DE VIDA | Por que o feijão anda tão caro?

O alimento que divide lugar com o arroz no topo da lista de produtos básicos da alimentação de todo brasileiro, o feijão, sofre um aumento de 17,87% em junho. Quais as origens desse aumento? Como ele impacta a vida da população?

Ítalo GimenesMestre em Ciências Sociais e militante da Faísca na UFRN

sábado 2 de julho de 2016 | Edição do dia

Contando desde o começo do ano, o preço do feijão disparou, aumentando em média 33% no país. Considerando os últimos 12 meses, o aumento chega aos 41%. Em vários estados, o quilo de feijão custa hoje algo acima da casa dos R$ 10,00, chegando em alguns lugares a se igualar a um pacote de 5kg de arroz.

O aumento do preço do feijão, somado ao aumento bastante significativo de outros produtos básicos como o próprio o arroz, mas também o sal e o açúcar, fez com que a cesta básica também encarecesse em algumas regiões.

Isso se deve, por um lado, a uma maior procura por feijão, que teve problemas na safra deste mês. Sendo o feijão um alimento proveniente praticamente da pequena propriedade e da agricultura familiar, no caso do Brasil, problemas com a safra impactam mais facilmente o preço do produto. Apesar deste ser um importante fator para o caso do feijão, há outros fatores a serem colocados na soma.

As explicações oficiais para esse aumento são todas climáticas. Excesso de chuvas e geada no Sul, seca em outras regiões produtoras, que atacaram a safra de feijão desde a lavoura até a colheita, são fatores colocados como responsáveis maiores para a falta feijão nos mercados.

O ministro interino do governo golpista de Temer, Blairo Maggi, conhecido como “rei da soja”, em resposta a esse aumento, zerou a taxa de importação do feijão, para facilitar a entrada do produto no país e aumentar a oferta. Tal medida não garantirá que o preço abaixe visto que as importações são feitas em dólar, portanto sujeito as suas variações, a compra do feijão de fora não será barata, podendo até mesmo não fazer tanta diferença no preço final.

Com essa medida, o governo Temer garante que grandes produtores de outros países se beneficiem da demanda por um produto básico no nosso país. Não seria possível esperar algo diferente do “rei da soja” nesse governo do que uma medida que favorece o latifundiário, até mesmo internacional, a despeito de uma política de incentivos à agricultura familiar e da produção de alimentos no nosso país.

Mas principalmente, o que é “esquecido” pelos governos é o poder que as grandes redes de comércio, varejistas e atacadistas de alimentos, grandes redes de supermercados que historicamente exercem um controle importante sobre o preço dos produtos e que muitas vezes essas redes são monopólios internacionais, como o Carrefour, Extra, Pão de Açúcar, e o Dia%, e que tem expandindo seu monopólio na distribuição de produtos e, em síntese, seu poder de ditar os preços dos produtos nos últimos anos. Esse grande controle não passa sob a vista do governo Temer, como também não passou pela dos governos petistas.

É evidente que qualquer governo que não se disponha a atacar esse grande poder que esses monopólios de distribuição e venda de produtos básicos possuem, não está minimamente preocupado em garantir que o trabalhador e a trabalhadora e suas famílias possam ter acesso a uma cesta básica de qualidade e de preço acessível. A verdade é que a população está tendo que substituir o feijão na sua dieta, esse que não atoa, junto com o arroz, é um alimento muito importante para qualquer família pela qualidade nutricional que tem. Essa é uma das formas que os capitalistas se utilizam para minguar ainda mais o salário do trabalhador para poder aumentar o seu lucro. Portanto, o governo faz política para que o lucro dos empresários donos dos grandes supermercados seja garantido e inquestionado, assim como incentiva aos grandes proprietários rurais venham lucrar com a fome da população.




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