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UFES | Por que o chapão que vai do PT à UJC na UFES é incapaz de enfrentar o bolsonarismo e os cortes na educação?

Nesta semana ocorreram eleições estudantis para o DCE da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), onde a única chapa inscrita junta diversas correntes do PT, que já compõem o DCE há anos, desta vez acompanhadas pela UJC, juventude do PCB. Neste texto buscaremos demonstrar como a "Esperançar" é incapaz de combater o bolsonarismo por se aliar ao PT, que hoje compõe aliança com Alckmin, com a Reitoria e tem um programa incapaz de responder aos cortes nas universidades. Precisamos construir um movimento estudantil independente e combativo para enfrentar a extrema direita.

quinta-feira 11 de agosto de 2022 | Edição do dia

Vivemos o quarto ano de governo Bolsonaro, depois de centenas de milhares de mortos pela pandemia, cenário de desemprego e fome no país e ataques brutais contra os serviços públicos, especialmente à educação, gerando um quadro de colapso iminente em diversas Universidades Federais que anunciam impossibilidade de seguir funcionando com o atual orçamento. Perguntamos à chapa: como construir um DCE independente para enfrentar a extrema direita e os cortes na educação ao lado de Geraldo Alckmin, conhecido como ladrão de merenda?

Essas mesmas correntes que compõem a chapa estão propondo um Dia do Estudante neste dia 11 ao lado de banqueiros e empresários em “defesa da democracia”. Nós, como Faísca Revolucionária, defendemos que o conteúdo da nossa mobilização deveria ser contra o golpismo de Bolsonaro, mas também contra as reformas e por manifestações e greves sem banqueiros e empresários. Para a chapa “Esperançar”, além de apoiar manifesto com banqueiros, nossa entidade deve se manter na passividade e devemos aguardar até outubro para votar em Lula/Alckmin, que já anunciou que não irá revogar nenhuma das reformas aprovadas desde o golpe institucional.

Temos visto ataques na UFES, com os quais a reitoria é conivente e responsável, como aos LGBTQIAP+ na Adufes e aos estudantes no RU, agredidos pela segurança da reitoria, e para enfrentar o bolsonarismo e a extrema direita na universidade. O bolsonarismo é uma força social que permanecerá depois das eleições, como aconteceu com o Trumpismo nos EUA. Confiamos em organizar desde as bases, na nossa própria força e organização, na unidade na luta dos estudantes com os trabalhadores, as mulheres, LGBTQIAP+.

O atual DCE sempre esteve conivente às atuações da reitoria, acreditando que uma reunião com o reitor reverteria a implementação do EARTE excludente ou da demissão de trabalhadores terceirizados ao longo da pandemia. Se aliar a essa atual gestão que confia na aliança com a direita como faz o PCB hoje é um erro que só vai enfraquecer o movimento estudantil para lutar contra os cortes, as reformas e a extrema direita.

Precisamos de um DCE que organize os estudantes para defender o reajuste das bolsas a valores de pelo menos um salário mínimo, moradia estudantil para todos, que defenda cotas proporcionais ao número de negros em cada estado, que batalhe pela radicalização do acesso da universidade com o fim do vestibular e a estatização das universidades privadas.

Nossa luta não está separada de uma batalha nacional contra os cortes do Bolsonaro e para que não sejamos nós a pagarmos por essa crise. Por isso o papel de qualquer entidade estudantil é exigir mais verbas para a educação, pela abertura do livro de contas da universidade que demonstre para onde está indo a verba da UFES, a revogação da lei do Teto de Gastos e o não pagamento da dívida pública que só beneficia banqueiros!

Em pontos chaves para a vida dos estudantes, o programa da chapa Esperançar não atende ao que seria necessário para garantir que ninguém seja excluído.

Por exemplo em relação ao deslocamento até a universidade o programa se limita a defender “Melhoria nos transportes” e fazer valer o “Plano de Ação de Acessibilidade atitudinal, arquitetônica, metodológica, programática, instrumental, nos transportes, nas comunicações e digital”, encaixando a demanda dos estudantes no marco do que propõe a reitoria.

Em relação à alimentação, defendem a redução do preço do RU e “Promover pesquisas sobre a qualidade da comida e cobrar melhorias das refeições", ações que concordamos, mas que o atual DCE sempre concordou em uma unidade com a reitoria para isso, o que impede nossas demandas de avançarem. A defesa dessas medidas precisam vir acompanhadas da defesa intransigente da efetivação das trabalhadoras da universidade e do bandejão, mulheres terceirizadas e negras, sem nenhum direito, e da contratação de mais profissionais. Essa unidade com os trabalhadores é o que fará possível que os estudantes consigam suas demandas mais elementares.

O PCB que se diz “combativo” demonstra quem é quando se coloca ao lado do atual DCE e do PT. Essa política não está em contraposição com a trajetória dessa organização que participou da coligação Lula-Alencar de 2002 e que tem como fim político o “poder popular” que nada mais é, apesar dos confucionismos, ser linha auxiliar da conciliação de classes e de governos capitalistas, tal como defendem Brizola, o governo capitalista chinês, ou como fizeram com Chavez e Lula. Nessa chapa também está o Ecoar, que se mantém no PSOL mesmo após a consolidação da federação com a Rede de Marina Silva.

A Faísca Revolucionária faz um chamado aos estudantes da UFES para construirmos um movimento estudantil combativo e independente ao lado dos trabalhadores e que confie nas nossas próprias forças com mulheres, negras e negros e LGBTQIAP+ à frente para enfrentar a extrema direita. Nossas entidades estudantis precisam ser verdadeiros instrumentos de luta e auto organização, que questione profundamente o caráter de classe da universidade para que o conhecimento ali produzido esteja à serviço das amplas maiorias que sofrem as mazelas do capitalismo e não do lucro dos capitalistas, como vem servindo ao agronegócio e empresários da educação.




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