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E OS AJUSTES? | Por que o MRT não vai compor os atos do dia 18 em defesa de Dilma e Lula?

A Frente Brasil Popular, composta pela CUT, CTB, UNE, UBES, MST e outras organizações defensoras do governo federal, estão convocando um ato “em defesa da democracia, dos direitos sociais e contra o golpe” para amanhã.

quinta-feira 17 de março de 2016 | 20:52

Nós do MRT viemos fazendo uma forte luta política contra o impeachment, contra o ato do dia 13 e as intenções de setores reacionários, que não se satisfazem com o quanto o governo do PT já está aplicando ajustes contra o povo e querem mais.

No entanto, isso não nos faz compor a mobilização convocada para este dia 18, onde essas organizações governistas vão colocar todo centro somente na defesa da presidente Dilma e de Lula, tentando fazer frente às manifestações convocadas pela direita do impeachment desde o último domingo.

Apesar de que a maioria das direções dessas manifestações são críticas nos discursos a medidas dos ajustes do PT, não vem impulsionando nenhuma mobilização contra estes ataques. O mais recente que está avançando é a PLS 555 que avança na privatização das estatais, mas é mais um de uma série que vem sendo aplicados e que as centrais sindicais governistas e a Frente Brasil Popular cumprem um papel de bloqueio das mobilizações. Outro exemplo ocorreu no ato em “em defesa da legalidade democrática” que ocorreu ontem na PUC-SP onde os ajustes mal existiram. Agora querem que somemos força na mera defesa de Dilma e Lula, enquanto a crise está sendo descarregada nas costas dos trabalhadores.

Dilma que iniciou seu mandato com a demagogia da “Pátria Educadora” até agora já cortou quase R$12 bilhões da pasta de educação e dos programas de incentivo a pesquisa. Educação pública não é e nunca será prioridade para toda essa casta política que vive na mamata dos salários milionários e de esquemas de corrupção e que nesse momento de crise quer despejar nas nossas costas os ajustes e as demissões.

Não podemos sair em defesa do governo Dilma que com medidas contra a população aprova a lei antiterrorismo, que criminaliza movimentos sociais e manifestações, e que entrega ao imperialismo o pré-sal. Mas o pré-sal não viria para a educação? Enquanto isso as universidades federais continuam sem recursos e precarizadas. Enquanto isso o PNE (Plano Nacional de Educação) desvia o dinheiro público para os grandes tubarões da educação privada. Também não podemos em hipótese alguma sair em defesa do governo Dilma, como quer a CUT. Estes setores querem defender o governo Dilma da direita que o próprio governo nutriu com suas alianças e métodos de dar inveja aos tucanos.

Valorizamos cada um dos trabalhadores e jovens que tem consciência de que o que está em curso no país pelas mãos de Moro e da Lava Jato não é uma “limpeza ética”, e sim uma tentativa de responder pela direita à crise política e econômica, mas as direções deste ato do dia 18 estão desviando essa consciência, impedindo que se transforme em força real de luta contra os ajustes e todo esse sistema político corrupto. Em relação aos ataques aos trabalhadores e jovens, não é privilégio da direita, o governo do PT é agente deles e também essa Frente Brasil Popular é conivente com estes ataques, por mais que se declare contrária, por isso não vamos somar força nas manifestações. Ao contrário de apoiar estes governos e só se declarar contra os ajustes mas não mover nenhuma força exigimos que os sindicatos e centrais sindicais como a CUT, CTB rompam com o governo e organizem imediatamente um movimento contra os ajustes e impunidade.

No 8/3, o governismo atuou para impedir as críticas ao governo em São Paulo, sequestrando a luta pelas demandas das mulheres para fazer somente a defesa de Lula e Dilma, que governaram durante 14 anos sem sequer pautar a legalização do aborto. Isso levou a que fosse necessário haver um ato independente das organizações de esquerda separadamente, para que as demandas das mulheres fossem escutadas nas ruas. Compomos este ato junto a outras forças da esquerda, apesar de que não termos acordo com a política da maioria do PSOL e do PSTU que estão fazendo coro com as ilusões na Lava Jato (veja neste link uma crítica às posições de Lucina Genro) e alimentando a direita, embelezando os atos que estão acontecendo.

Seguiremos nossa luta contra o impeachment, uma ferramenta reacionária que a direita opositora quer usar para aplicar ataques mais duros contra os trabalhadores e por não estarem satisfeitos de fazerem parte da lama do atual governo, querem trocar a corrupção petista pela corrupção tucana e pemedebista. O PSDB no governo do estado de São Paulo é exemplo claro disso, com o caso do roubo da merenda das escolas e do trensalão.

Seguiremos nossa luta por um movimento nacional de trabalhadores contra os ajustes e as demissões e que imponha contra esse governo e o Congresso uma nova assembleia constituinte. Uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana imposta pela força da mobilização dos trabalhadores e da juventude que acabe com a impunidade dos corruptos e que imponha a revogabilidade de todos os cargos políticos, que cancele a divida pública que serve ao imperialismo. Que também imponha que os políticos, funcionários de alto escalão e juízes ganhem o mesmo salário de um professor, para dar fim aos privilégios e questione profundamente a democracia nada generosa aos trabalhadores que vivemos. Somente uma constituinte desse tipo pode dar base para um verdadeiro combate à impunidade que reina no país para os poderosos, não com ilusão nessa justiça que com a Lava Jato quer degradar ainda mais esta democracia.




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